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Mãe de duas meninas, a empresária Roberta Leite Atherino garante que as filhas não costumam dar trabalho. Mas, reconhece que pode passar dos limites quando precisa repreendê-las. “Tem dias que você já está nervosa, aí pede para a criança fazer alguma coisa uma vez, pede a segunda, a terceira e ela não faz. Na quarta você já levanta a voz”, comenta.

A doutora em psicologia clínica, Angela Bley, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, explica que a atitude é compreensível – afinal, todos temos dias ruins – só que não pode ser tornar um hábito. “Os pais não podem descarregar nos filhos as próprias angústias”, diz. Segundo ela, o ideal, nesses casos, é pedir a ajuda de alguém da família para identificar os excessos.

Foi exatamente o que fez Roberta. Na casa da família, ela e o marido costumam avaliar as atitudes um do outro. “A gente se ajuda. Quando ele vê que eu estou exagerando, ele me olha e eu paro”, afirma a empresária.

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Conversar é o caminho

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Refletir sobre o próprio comportamento para corrigir o que está errado é fundamental para não interferir negativamente no desenvolvimento dos filhos. “O tom de voz, a expressão facial, o menosprezo, tudo isso passa para a criança, que possivelmente poderá repetir com seus pares ou descendentes no futuro”, afirma a psicóloga Lara Danieli Texeira.

Ela explica que muitas vezes a dificuldade de comunicação se dá por da falta de espaço emocional e acolhimento. “Caso haja alguma transposição de regras, é importante dialogar e entender o que esse filho está tentando informar. Há sempre uma informação oculta em todo comportamento”, defende.

Além disso, uma relação sem diálogo pode esconder problemas mais graves, de acordo com Angela. “Mudança de comportamento, comer demais ou de menos, dormir demais, muita irritabilidade pode significar depressão. A ajuda de um profissional nesse momento é fundamental”, explica.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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Ajuda profissional

As sessões com uma psicóloga ajudaram Roberta a perceber melhor as próprias atitudes. Quando a primeira filha nasceu, há nove anos, ela iniciou a terapia e hoje faz questão de conversar com as meninas quando acredita estar errada. “Quando acontece de chamar a atenção desnecessariamente a gente se sente culpado. Quando eu percebo que exagerei, eu peço desculpas. A gente também erra e elas têm que saber que isso acontece”, diz a empresária.

Em tempos de pandemia, isolamento social e mais períodos com todos juntos em casa, perceber esses detalhes é essencial para ter um ambiente saudável. Lara afirma ser natural um certo desconforto nesse período porque os pais levaram o trabalho para casa e os filhos perderam momentaneamente o espaço de expressão, que é a escola.

“Entender essa dinâmica familiar é o primeiro passo para acalmar os ânimos. Abrir espaço para o diálogo é fundamental. Sem diálogo não há relação saudável”, conclui a psicóloga. Uma forma de tentar diminuir o estresse é refazer a divisão das tarefas domésticas, determinando horários específicos para o trabalho, as aulas e encontros familiares.