O homem passa a ter mais responsabilidade, preocupação e comprometimento com o todo. Ele muda também o planejamento de vida.
Para ser um bom pai, o homem precisa primeiro resolver o filho que há dentro dele.| Foto: Unsplash

Se você assim como eu está na faixa dos 30, 40 anos, com certeza tem um amigo que mudou depois que se tornou pai. As partidas de futebol ficaram mais raras, o tempo de conversa caiu para menos da metade e nos encontros (quando ainda ocorrem) ele tem pressa de voltar para casa.

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Mas, calma, que todos esses sintomas já foram estudados pela Ciência e têm uma boa explicação. Isso se chama paternidade e faz dessas coisas com a gente. “A maioria dos homens muda em função deles mesmos. Não que a mulher peça que eles façam isso ou aquilo. Sozinhos eles sentem a necessidade de estarem mais próximo da casa e do filho”, explica Jocely Burda, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Estácio de Curitiba.

Para ela, além do fator social – que é o mais fácil de perceber –, a nova posição desperta, também, uma série de coisas boas no homem e promove uma mudança de 180°. “Ele passa a ter mais responsabilidade, preocupação e comprometimento com as coisas que tem que fazer. Muda também o planejamento de vida: o que antes se fazia sozinho ou em casal, agora precisa ser planejado para três pessoas ou mais”, acrescenta a especialista.

Resolva o seu “filho interior”

Que uma criança precisa de atenção, presença e carinho, todo mundo sabe, mas como se tornar um pai exemplo? Ainda, segundo Jocely, existe um conceito da Psicologia que diz que “para ser um bom pai, o homem precisa primeiro resolver o filho que há dentro dele”. Por mais estranho que isso possa parecer, a tese faz todo sentido quando analisamos o comportamento humano.

“É só pensarmos que antes da paternidade, esse homem é apenas um filho, está acostumado a receber atenção dos pais, ter suas revoltas, desejos, carências e necessidades como filho” comenta Jocely. “A partir do momento que ele se torna pai, o jogo se inverte e ele passa para a posição de cuidar, proteger, ensinar”.

A psicóloga considera, ainda, que a maioria dos homens acabada fazendo essa transição automaticamente, porque junto com a responsabilidade vem também o amadurecimento. “Há pesquisas, inclusive, que mostram mudanças de temperamento depois que o homem se torna pai, como redução da agressividade. E tem até aqueles que conseguem colocar fim a algum vício, como o cigarro ou a bebida, por exemplo”, afirmou.

Pai-herói

O professor Bruno Oliveira, de 39 anos, é um desses homens que mudaram depois que o filho nasceu e para melhor. Inquieto e cheio de ideias na cabeça, faz do Pedro, de 8, a maior motivação para não parar de inventar coisas novas. “Eu achava que, se tivesse um filho, ia ter que mudar radicalmente a minha vida e deixar de lado alguns projetos para poder viver essa experiência. Hoje vejo que não é nada disso. O filho só vem para somar”, diz ele.

Bruno tem até uma frase do filho, Pedro, tatuada no braço. Crédito: Reprodução/Facebook Bruno Oliveira
Bruno tem até uma frase do filho, Pedro, tatuada no braço. Crédito: Reprodução/Facebook Bruno Oliveira

O amor pela paternidade é tão grande que ele decidiu contar isso “para o mundo”. Quando Pedro tinha 6 anos, Bruno fez a primeira música para o filho que virou vídeo no Youtube. O projeto “Pais em Cantados” reuniu outros homens apaixonados pelos herdeiros. Além disso, Pedro já virou tema de livro e até teve uma frase que escreveu tatuada na pele de Bruno. “Quando você tem filho, com certeza você quer ser melhor para o mundo, porque você precisa ser exemplo”, conclui o pai coruja.

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