A transição da infância para a adolescência é um momento vulnerável para o desenvolvimento de dificuldades de saúde mental.
Pais precisam estar bem equipados para serem um apoio aos filhos nessa etapa da vida.| Foto: Bigstock

A transição da infância para a adolescência é um momento vulnerável para o desenvolvimento de dificuldades de saúde mental, e traz um aumento acentuado de ansiedade e depressão. E o afastamento comum dos jovens, da família, neste período, pode deixar os pais sem saber exatamente o que fazer para ajudar.

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Mas os pais são uma peça fundamental na forma de como os filhos enfrentarão os desafios da adolescência. E apoiar um jovem com dificuldade de saúde mental também coloca um enorme estresse nos pais e na família. É importante lembrar, ainda, que as condições de saúde mental não tratadas muitas vezes têm impacto na idade adulta.

Lacunas no entendimento de como se comportam os adolescentes

Existem lacunas na base de evidências para trabalhar com a saúde mental dos adolescentes. E isso inclui a melhor maneira de trazer os pais para tratamento.

A maioria dos procedimentos atuais para ansiedade e depressão em adolescentes evoluiu a partir da base de evidências em adultos, e de um modelo geralmente orientado para o indivíduo. Essa abordagem pode deixar de atender às necessidades exclusivas dos adolescentes e às normas culturais que valorizam o papel de uma pessoa em uma comunidade maior, por exemplo.

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a medicação antidepressiva têm sido as mais pesquisadas e geralmente são as primeiras recomendações de tratamento. Embora esses tratamentos tenham um bom corpo de evidências e sejam úteis para muitos jovens, o tamanho dos efeitos são modestos e podem ser significativamente menores para adolescentes em comparação com terapias semelhantes para adultos, particularmente para depressão.

Os pais podem desempenhar um papel importante

Pesquisas sobre como os jovens desenvolvem habilidades emocionais descobriram que um estilo parental que incentiva a compreensão e a aceitação das emoções está associado a um melhor bem-estar mental em comparação com estilos que são punitivos ou evitam experiências emocionais.

Além do estilo geral de resposta emocional, há uma série de outros fatores ligados à ansiedade e à depressão, nos quais os pais podem desempenhar um papel importante na mitigação. E para melhorar os resultados, os tratamentos de saúde mental precisam considerar as necessidades específicas dessa faixa etária, incluindo o papel dos pais.

Mas embora haja uma lógica clara para incluir os pais no tratamento, e muitos médicos estejam cientes disso na prática, a pesquisa sobre o envolvimento dos pais no cuidado é limitada. Nossa pesquisa está focada, por exemplo, em um programa desenvolvido especialmente para adolescentes, organizado por uma equipe da Universidade de Melbourne, a partir de um programa para pais de crianças menores.

Ele tem como alvo as dificuldades de regulação emocional, ensinando os pais a serem “treinadores de emoções” e a responder às emoções de seus filhos no estilo de aceitação e compreensão que promove a saúde mental positiva. Em um estudo de controle randomizado de adolescentes prestes a fazer a transição para o ensino médio, aqueles com pais que completaram esse programa apresentaram níveis mais baixos de sintomas associados à ansiedade e depressão em comparação com aqueles que não o fizeram.

Estes são tempos desafiadores para os adolescentes crescerem e tempos desafiadores para os pais também. Embora sejam necessárias mais pesquisas para determinar o que funciona melhor para essa faixa etária, os pais têm um papel importante desde a prevenção até o tratamento. Quanto melhor pudermos apoiar os pais, mais bem equipados eles estarão para apoiar seus filhos a navegar pelo que está por vir.

© 2022 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

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