Os pais devem ficar atentos se a relação dos filhos com os celulares não está extrapolando o limite do aceitável.
Os pais devem ficar atentos se a relação dos filhos com os celulares não está extrapolando o limite do aceitável.| Foto: Bigstock

Quem tem filho pequeno sabe bem que tem uma fase em que uma mágica faz qualquer criança sossegar pelo menos por alguns minutos: um "videozinho" no celular. Seja para cessar o choro, acabar com a manha ou até para colocar pra dormir, tem vezes em que essa estratégia não falha. Só que os médicos, há bastante tempo já, dizem que essa é a pior forma de lidar com situações desse tipo.

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“Não tem nada que faça uma competição com um estímulo eletrônico porque é muito incrível, mas é nosso papel, como adultos, oferecer outras coisas que podem ser igualmente ou mais legais”, afirma a psiquiatra da infância e adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria, Danielle H. Admoni.

A psicóloga infanto-juvenil e mestre em educação, Carla Saad, cita que há pouco tempo, em uma roda de conversa com adolescentes, ouviu deles que muitos sentem falta de passar tempo em família e interagir com os pais. Para ela isso é reflexo do excesso de tempo em frente aos aparelhos eletrônicos. “Os pais têm brincado pouco com os filhos, não sentam no chão com eles. Isso é o que fortalece o vínculo com a criança”, ensina.

Carla ressalta que a tecnologia é, sim, uma aliada. Só não pode ser a única alternativa dos pais. “A tecnologia trouxe coisas incríveis, não é uma vilã. Se torna vilã se não consigo fazer uso saudável dela”, explica a psicóloga. Para fugir desse lugar comum, Carla e Danielle sugerem algumas opções.

Prevenir a criança

Antes de sair de casa para ir a algum lugar, como um restaurante, por exemplo, ou um almoço na casa de alguém, Carla orienta que os pais conversem com a criança. “Falar sobre o que pode e o que não pode fazer no passeio e o que vai acontecer se ela tiver determinados comportamentos inadequados”, destaca.

Levar desenho ou um brinquedo

A psicóloga também sugere, quando é preciso sair, levar um desenho que a criança possa colorir ou algum brinquedo de que ela goste muito para se distrair. Só que lidar com o tédio também é um exercício necessário, de acordo com Carla. “Dar um telefone para que a criança se distraia faz com que ela não desenvolva habilidade de esperar e ter paciência. Isso é importante para que ela desenvolva a criatividade e se esforce para resolver problemas”, alerta.

Brinquedos sem forma

Modelar massinha, pinturas em tecido, brinquedos que estimulam a criatividade são as principais indicações de Danielle. “A gente precisa oferecer porque a criança não vai largar o celular e procurar a gente para pedir alguma coisa para fazer”, diz a médica.

Leitura

O mesmo acontece com os livros. A psiquiatra insiste que a criança não vai pedir um livro quando tem acesso a mil possibilidades com um aparelho eletrônico, por exemplo. Só que o exemplo funciona melhor do que qualquer outra coisa. “Ver os pais lendo faz com que ela pense que deve ser interessante ler”, destaca Danielle, que completa: “Leitura estimula a compreensão, o português, possibilita treinar o idioma”.

Avaliar o próprio uso

Maneirar no tempo em que ficam no celular é outra forma de fazer com que as crianças se interessem menos pelo aparelho. “É nosso papel mostrar que a gente tem que usar esses aparelhos, para trabalhar e estudar, mas que a gente pode fazer outras coisas também”, reforça Danielle.

Os estímulos trazidos por equipamentos eletrônicos também são importantes, na opinião da médica, mas acalmar os filhos utilizando a tecnologia só resolve o problema naquele minuto. “De uma maneira geral, como educação, criação, criatividade e espontaneidade a tela não traz nada”, reitera a médica. Carla relembra que não tem receita de bolo para criar os filhos, mas esclarece que fortalecer o vínculo familiar faz com que as crianças procurem menos as redes sociais e as amizades virtuais.

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