Foto: Prefeitura de São Paulo
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Com pouco mais de 100 dias à frente da prefeitura de São Paulo, o empresário João Doria Jr. (PSDB) é cada vez mais cogitado para disputar a Presidência da República nas eleições de 2018. Sua política intensiva de privatizações e parcerias público-privadas – rara no cenário brasileiro – lhe dão a imagem de um político de direita, o que o coloca em posição de, em uma eventual candidatura, disputar votos com simpatizantes de Jair Bolsonaro (PSC).

Doria, porém, evita pôr-se sob o rótulo de um político de direita. Em entrevista a Danilo Gentili, Doria contou que se filiou ao PSDB em 2001 para tomar um posicionamento político claro e enfatiza que o PSDB “não é um partido de direita”. “Eu sou um social democrata”, disse ele. “Ninguém pode classificar Fernando Henrique Cardoso, um grande presidente da República, como um homem de direita”, afirmou.

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Ainda assim, uma possível candidatura de Doria à presidência atrai a atenção do eleitorado conservador, identificado com o movimento pró-vida e a defesa da família. Por isso, é oportuno conhecer melhor a visão do prefeito de São Paulo a respeito da religião e de assuntos morais polêmicos como o casamento gay, a ideologia de gênero e o aborto.

Religião

“Sou católico, faço minhas orações, vou uma vez por mês à igreja. Sou uma pessoa que tem muita fé. Eu me tornei mais ativo na minha fé depois da perda da minha mãe”, disse Doria em 2010, em entrevista ao Estadão. Ele frequenta a Paróquia São José, no Jardim Europa. O pai de Doria foi deputado federal pelo extinto Partido Democrata Cristão.

Doria visitou em fevereiro a Igreja Mundial do Poder de Deus, onde foi recebido pelo pastor Valdemiro Santiago, o fundador da denominação. Como parte do Culto da Vitória, em tom de pregação, o prefeito contou seu testemunho de vida, da infância pobre ao sucesso econômico e político, com direito a fundo musical. No fim do culto, pediu que o pastor e a assembleia orassem por ele.

Doria, ao lado do rabino Michel Schlesinger, da primeira dama de São Paulo Lu Alckmin, do governador Geraldo Alckmin e do cardeal arcebispo dom Odilo Scherer, em evento ocorrido na Congregação Israelita Paulista, em 29 de janiero. Doria, ao lado do rabino Michel Schlesinger, da primeira dama de São Paulo Lu Alckmin, do governador Geraldo Alckmin e do cardeal arcebispo dom Odilo Scherer, em evento ocorrido na Congregação Israelita Paulista, em 29 de janeiro (foto: divulgação/Facebook).

Em março, o prefeito participou de uma missa em uma comunidade anglicana. Relatando a visita, escreveu no Facebook: “Independente de religião ou ideologia, acreditar que existe algo maior, que existe um julgamento Divino, uma lei implacável, a lei da causa e efeito, mantém a minha paz de espírito e me dá forças.”

Doria chegou a ter um desentendimento com o arcebispo de São Paulo, o cardeal Odilo Scherer, em 2007, quando quis usar a Catedral da Sé para uma manifestação do movimento “Cansei”. Diante da proibição do arcebispo, o protesto foi realizado na Praça da Sé.

“Nunca tive notícia, no pior momento da ditadura no Brasil, de você proibir um culto ecumênico dentro de uma igreja, quanto mais na Catedral da Sé. Se o arcebispo viu conotação política no ‘Cansei’, viu errado”, disse Doria na ocasião. O cardeal respondeu que o movimento “tem claramente um cunho cívico-político, não tem um cunho religioso, por isso o lugar para uma manifestação como essa não é a igreja, que é um espaço religioso, mas a praça”.

Depois que Doria assumiu a prefeitura, porém, os dois parecem ter uma relação amistosa. Como seus antecessores, ele participou da missa na Catedral da Sé em honra do padroeiro da cidade, o apóstolo São Paulo, em 25 de janeiro.

Além disso, em entrevista ao Roda Viva em 10 de abril, Doria disse que marcou, através do cardeal Scherer, uma audiência com o papa Francisco para o próximo dia 19. O prefeito disse que pedirá ao papa que reconsidere ir ao estado de São Paulo em outubro para a comemoração dos 300 anos da devoção a Nossa Senhora Aparecida.

Casamento gay, Parada LGBT, ideologia de gênero e aborto

Apesar de ter dito, no início de sua campanha, que extinguiria a secretaria dedicada à população LGBT – que sequer existia –, Doria é a favor do casamento gay, como disse em entrevista a O Globo. Já à RedeTV, o prefeito disse que apoiará a Parada do Orgulho LGBT que ocorre todos os anos na cidade e é considerada o maior evento do tipo no mundo.

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“A prefeitura apoiará a parada e eu estarei lá, inclusive. A parada é um dos maiores eventos de rua da cidade. Vamos apoiar sim. Até mesmo porque é uma questão de respeito e cidadania”, disse Doria. Neste ano, em sua 21ª edição, o evento acontecerá no dia 18 de junho e terá como tema “Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei! Todas e todos por um Estado Laico!”

Já como prefeito, Doria reafirmou que participaria da parada em março, em entrevista a José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes. Em uma brincadeira aludindo ao fato de se vestir frequentemente de gari, o prefeito chegou a dizer que iria ao evento fantasiado com um “cuecão de couro”.

Por outro lado, Doria se manifesta contra o ensino da ideologia de gênero nas escolas. “Acho que cada um tem direito a fazer a sua opção política ou de gênero como achar conveniente, mas sou contra transformar isso em políticas de gênero nas salas de aula”, disse em entrevista a Carla Zambelli.

Em entrevista a O Globo, Doria disse que é contra o aborto, “exceto naquilo que a lei já estabelece”.

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