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Garret Kell

Quando eu tinha 19 anos, engravidei uma amiga. No verão, eu e ela passamos uma noite juntos. Algumas semanas depois, ela me disse que estava grávida e que o bebê era meu.

Eu não estava pronto para um bebê. Tinha esperanças e sonhos pela frente, e ter um filho parecia o fim disso tudo. Nenhum de nós esperava por isso e nem se sentia pronto para criar um filho juntos. Nós não estávamos apaixonados e achamos que seria melhor seguir nossos caminhos separados – do zero. Então abortamos nosso filho.

Juntamos 400 dólares com um amigo e fomos a uma clínica que nos receitou uma pílula. Dirigimos para a casa vazia de alguém onde passaríamos a noite. Peguei um copo de água para ela tomar a pílula. Segurei sua mão enquanto ela tinha contrações e chorava. Eu estava lá quando demos fim à vida do nosso bebê.

Quando o procedimento acabou, senti um alívio. Me senti livre para começar a vida novamente e fazer escolhas mais inteligentes. Eu poderia começar do zero e, de muitas maneiras, foi o que fiz. Mas algumas escolhas deixam cicatrizes. No fim das contas, nosso aborto foi uma dessas escolhas.

Desde a época da nossa decisão, eu refleti várias vezes sobre o que aconteceu naquele verão. Isso mudou algo em mim. Eu fiz parte da criação de uma vida. E então eu fiz parte do fim dessa vida. Houve um batimento cardíaco e eu parei. Houve vida e eu o parei. Essa realidade era inescapável. Tentei ignorar, mas não havia onde me esconder. Meu coração bateu mais e mais forte.

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Eu amava tanto a minha vida que estava disposto a matar meu próprio filho para proteger minha felicidade. Eu nunca pude ouvir o riso dele. Nunca consegui fixar os olhos nele pela primeira vez. Nunca vi o sorriso dele ou aplaudi os primeiros passos ou entendi suas primeiras palavras. Nunca o ouvi ler pela primeira vez ou suportar suas intermináveis ​​perguntas sobre por que o mundo é assim. Eu perdi tudo isso, e ele também, porque eu tirei a vida do meu filho.

Meu filho teria 21 anos hoje. Estaríamos nos preparando para a sua formatura. Eu teria com ele minha última conversa sobre trabalhar duro e procurar o tipo certo de esposa. Mas nada disso está acontecendo.

Minha experiência me trouxe mais compaixão por aqueles que enfrentam o medo de uma gravidez não planejada. Deus trouxe cura e mostrou o perdão que eu não mereço. Minha experiência com o aborto é uma das razões pelas quais eu falo com frequência sobre o assunto, mesmo quando me pedem para parar de falar sobre isso.

É o corpo dela

Nos anos seguintes, tive conversas com várias mulheres que me desafiaram a permanecer em silêncio sobre o aborto. Me disseram: “O corpo é da mulher, ela tem o direito de escolher o que fazer com ele” e: “Você é um homem, você não tem o direito de dizer a uma mulher o que fazer com seu corpo”. Eu compreendo o pedido delas. O corpo de uma mulher é dado a ela como um presente de Deus. Nunca deve ser tocado de maneiras que ela não permita. Um homem não tem o direito de forçá-la a usar seu corpo contra sua vontade. O corpo é dela e isso deve ser respeitado.

Nenhum homem pode realmente entender as alegrias da gravidez ou os medos de uma gravidez inesperada. Os homens têm suas próprias esperanças e tristezas relacionadas a isso, mas existe uma maneira única pela qual uma mulher espera que seu útero seja preenchido com a vida. Há também uma tristeza única que as mulheres sentem quando essa vida termina por meio do aborto espontâneo ou por escolha. Como diz um antigo provérbio: “Cada coração conhece sua própria amargura e ninguém mais pode compartilhar sua alegria”.

Não é apenas o corpo dela

Mas o fato de ser o corpo da mulher não esgota toda a verdade sobre o assunto. Quando uma mulher fica grávida, seu corpo não é só dela por um tempo. Agora também pertence ao filho dela. No milagre da maternidade, um ser humano vivo é concebido dentro de seu corpo e, em seguida, anexado à parede de seu ventre.

Está dentro dela, mas é diferente dela. Está no corpo dela, mas não é o corpo dela. O que está crescendo dentro dela não é meramente um tumor ou um aglomerado de células que tem o potencial de ser um bebê. É um bebê.

Alguns podem recusar isso, mas é cientificamente desonesto fazê-lo. A criança no útero tem um DNA único, um tipo sanguíneo único e todas as qualidades que nos tornam distintamente humanos. O que nela existe é um ser humano único e vivo. A criança tem um batimento cardíaco detectável a partir das cinco ou seis semanas de gestação.

Não é só o bebê dela

É aqui que a responsabilidade do pai deve ser destacada. Enquanto o corpo da mulher é seu corpo, o bebê não é apenas dela. É o bebê deles.

Independentemente de terem planejado um filho juntos ou não, é o bebê deles. Independentemente de o pai desejar ser responsável por suas escolhas ou não, é o bebê deles. Isso é verdade em todas as gestações, incluindo aquela que escolhi ajudar a pôr um fim. Quando fizemos nosso aborto, não era meu corpo, mas era meu bebê.

Por favor, refreie qualquer desejo de virar os olhos aqui. Há poucas coisas mais preciosas do que o amor de um pai. Esta é uma das razões pelas quais o mundo se apaixonou por Jack e Randall do seriado This Is Us. Há algo em nós que quer ter pais como Jack e Randall – ou, se formos pais, queremos ser como eles.

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A importância dos pais ressoa dentro de todos nós. Aqueles que tiveram pais maravilhosos os celebram e aqueles que não tiveram conhecem a dor que vem disso. O aborto não trata apenas da escolha de uma mãe. Tem a ver também com a responsabilidade de um pai. Perpetuar a mentira de que os homens precisam ficar de fora da discussão sobre o aborto – porque o corpo é da mulher – não é apenas falso, é catastrófico para as próximas gerações.

O que precisamos é de uma geração de jovens que honrem as mulheres, ajudando-as a proteger o dom precioso da sua sexualidade como deveria ser. Precisamos de uma geração de jovens que não tratem as mulheres como objetos, mas as honrem com decência e respeito. Precisamos de uma geração de jovens que não se afastem quando engravidam uma mulher nem a pressionem a acabar com a vida do seu filho. Precisamos de uma geração de homens que amem seus filhos nascituros e façam o máximo para encorajar a mãe a ter o bebê deles. Eles devem estar dispostos a ajudar a criar a criança ou a colocá-la para adoção.

Também precisamos de uma geração de mulheres que encorajem os homens a assumir responsabilidades e a mostrar o amor e a empatia sacrificiais que devem marcar os homens, e não empurrá-los para fora do debate sobre o aborto.

Embora o aborto afete as mulheres de um modo único, não tem a ver apenas com as mulheres. Refere-se também à criança em seu ventre e ao pai dela. Porque, no final, é o corpo dela, mas é o bebê deles.

©2019 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

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