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Dizem por aí que ser avó significa ser mãe duas vezes. E depois que a curitibana Ângela Vale, de 72 anos, assumiu a criação de dois netos essa expressão popular passou a fazer muito mais sentido para ela. A aposentada não só ocupou esse árduo papel quando a sua única filha saiu de casa, como também se tornou a melhor amiga e conselheira dos meninos – a maior razão da vida dela atualmente.

Luis Felipe Sanzovo foi adotado pela avó aos quatro anos, porque sua mãe quis buscar outros objetivos. Hoje, com 24, ele é o grande orgulho da família, ao ter se formado em Comunicação Social, pelo Centro Universitário Internacional (Uninter), o que garantiu à dona Ângela o sentimento de dever cumprido. Já Leonardo Sanzovo, de 15 anos, é um adolescente que precisa de mais atenção, porque saiu da casa dos pais há menos tempo.

Mulher que adotou 7 crianças após viver nas ruas já é avó e agora pretende adotar mais 6

Ângela trabalhou como empregada doméstica a vida toda e, há 20 anos, perdeu o marido depois de uma doença grave. Mesmo com toda dificuldade, ela batalhou para cuidar do primeiro neto e agora assumiu a educação do caçula. “Ela me ensinou valores que ninguém mais ensinaria. Sempre esteve junto em todos os momentos, fossem bons ou ruins. Tenho certeza que meu irmão será beneficiado com tudo o que ela pode oferecer ”, conta Luis Felipe.

O caso dessa família não é raro. É cada vez mais comum encontrar crianças que são criadas por avós no Brasil, seja por causa do abandono dos pais, gravidez na adolescência, morte entre outros motivos. Mas o que há de comum em todos os casos, mesmo diante das dificuldades, é o amor, cada um à sua maneira, que os avós têm pelos netos.

Vantagens e desvantagens dessa relação

Em geral quando os avós não têm a responsabilidade de educar a criança, eles exageram e por vezes e enchem os netos de mimos. Mas quando o papel muda, é necessário um equilíbrio, como explica o psicólogo Marcos Meier. “É fundamental seguir limites e regras que os pais colocariam normalmente”, aconselha.

Para o psicólogo Marcos Meier, existem aspectos positivos, mas também negativos nessa relação, principalmente quando não há um equilíbrio entre afeto e autoridade. “A superproteção nunca é algo saudável, portanto se não houver regras a criança será prejudicada pela presença dos avós”, explica. “Nossa vó tem dificuldade de puxar a orelha, mas quando é necessário ela o faz”, reconhece Luis Felipe.

Dona Ângela assumiu a responsabilidade de criar os dois netos. Foto: Arquivo pessoal Dona Ângela assumiu a responsabilidade de criar os dois netos. Foto: Arquivo pessoal

Ainda a diferença geracional muito maior do que a existente entre um pai e um filho, pode fazer com que a relação exija mais cautela. “Os avós cansam mais facilmente e se irritam na mesma intensidade,”, exemplifica Meier. “Além disso, nem sempre eles conseguiram acompanhar a evolução tecnológica e princípios educacionais atuais, tendendo a educar as crianças com princípios antigos quem nem sempre dão certo”.

Por isso, o ideal, segundo o especialista é que assim como os pais que se preparam para a chegada de um filho, os avós também façam curso e leituras sobre educação dos filhos e se inteirem um pouco sobre psicologia. Aperfeiçoamento nunca é demais. “A internet pode ser uma fonte de informação ”, recomenda o psicólogo.

Mas, apesar do incentivo ao conhecimento de novas práticas educacionais, é preciso lembrar que a experiência obtida ao longo dos anos pelos avós, não deve ser desperdiçada. Isso porque, eles são pessoas mais seguras.

“Ela soube exatamente como transmitir valores importantes para nós, com muita segurança e sabedoria”, diz Luis Felipe

 

“Essa experiência se reflete em uma educação com mais qualidade, porque não há para eles a preocupação se vai dar certo ou não, ou seja, eles já passaram por essa ansiedade de criar alguém, e têm propriedade no assunto”, avalia o psicólogo. “Outra vantagem é que normalmente eles estão aposentados e terão mais tempo para educar”, acentua o especialista.

Para Luis Felipe e Leonardo, a avó tem desempenhado o papel de criá-los perfeitamente. “Ela soube exatamente como transmitir valores importantes para nós, com muita segurança e sabedoria”, assegura Luiz Felipe. “Ela nos ama incondicionalmente e reconhecemos toda dedicação dela por nós. Ela tem todo nosso respeito e admiração”, completa. “Os avós são bênçãos para as crianças e devem ser respeitados por isso”, finaliza Meier.

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