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A primeira vez em que o vietnamita Pham Ngoc Canh, de 69 anos, trocou olhares com a norte-coreana Ri Yong Hui, foi no início dos anos 1970. Os dois jovens trabalhavam em uma mesma fábrica de fertilizantes na Coréia do Norte. Ele era da linha de produção e ela do laboratório. Cahn diz que se apaixonou por Ri naquele momento e que ali mesmo decidiu que um dia se casariam. Só que ele não sabia que isso só seria possível 30 anos mais tarde.

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Mesmo sendo de países que tinham um conflito, Cahn não se importou em investir em um possível relacionamento. Ele então pegou um lenço que tinha comprado há algum tempo e juntou com uma foto sua. Depois fez com que “casualmente” eles se esbarrassem na saída do laboratório em que Ri estava e começaram a conversar.  Quando todos saíram do lugar, Cahn perguntou se Ri tinha namorado e ao ouvir a negativa perguntou se poderiam se conhecer melhor e lhe entregou o lenço.

Apesar de ter se encantado com aquele jovem, Ri logo se deu conta de que eram de países diferentes e, por isso, o relacionamento não vingaria. Cahn passou a visitá-la como combinado, mas o casal sempre temia que as autoridades norte-coreanas o encontrassem. Além disso, o tempo de Cahn no país estava terminando e ele logo voltaria à sua terra natal. Mas não havia mais como resistirem ao amor que nutriam um pelo outro e eles precisariam se adaptar à realidade que viria.

Em lados opostos

Meses mais tarde, Cahn voltou ao Vietnã e foi preciso muito jogo de cintura para que ele pudesse voltar ao pais de sua amada para vê-la. Então, todas as vezes em que delegações oficiais saíam do Vietnã rumo à Coreia do Norte, Cahn se voluntariava para ser tradutor. Assim, quem sabe, ele poderia ver rapidamente Ri. Clandestinamente, ainda, o casal achou maneiras de enviar cartas. O problema é que comumente elas chegavam atrasadas ou mesmo não alcançavam o destino. Houve uma vez, em 1980, que Cahn conseguiu entrar para uma comitiva oficial e avisou Ri por meio de carta, que estaria na região. A mensagem chegou uma semana mais tarde, mas felizmente ela conseguiu se despedir.

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As restrições norte-coreanas a outros países se intensificaram ainda mais a partir do final daquela década. E então as cartas de Cahn para Ri não chegavam mais e as comitivas também já não aconteciam. Por isso, entre a década de 1990 e o início dos anos 2000, o casal não se viu mais. Ri e outros norte-coreanos passaram por tempos difíceis, mas ela se firmava no amor que sentia por Cahn. E ele, em seu país, trabalhava o quanto podia para um dia pedir ao governo norte-coreano a permissão para se casarem.

Obstáculos superados

Por isso, Cahn passou a investir seu tempo em ações que pudessem melhorar a relação entre os dois países. Até que em 2001 ele conseguiu entregar uma carta ao presidente do Vietnã, que estava prestes a ir à Coréia do Norte. No documento ele pedia para que o governo norte-coreano permitisse seu casamento com Ri. Semanas mais tarde, um amigo lhe contou que havia dado certo.

Então, em 2002, após 30 anos, em uma decisão rara, a Coréia do Norte permitiu que um cidadão de seu país se casasse com um estrangeiro. Cahn e Ri fizeram uma pequena cerimônia na capital Pyongyang e, felizes, eles puderam se mudar para Hanoi, no Vietnã.

Com informações de NPR

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