Foto: Divulgação/Lula Marques/Agência PT| Foto:
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O paulistano Guilherme Boulos, professor e coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), é o candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) para disputar a presidência da República nas eleições de 2018. Ele vai concorrer à vaga tendo como vice de sua chapa a líder indígena, enfermeira e professora maranhense Sônia Guajajara, de 44 anos.

Aos 35 anos, Boulos é o candidato à presidência mais jovem da história do Brasil. Ele é casado com a também ativista Natalia Szermeta, tem duas filhas, é formado em Filosofia e tem mestrado em Psiquiatria. Ele é recém-filiado ao PSOL, o que despertou críticas e resistências dentro do partido com a sua escolha para a disputa. Apesar disso, é um dos líderes da esquerda mais querido pelo ex-presidente Lula, o que tornou-se explícito no discurso que o petista fez antes de sua prisão, no dia 07 de abril.

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Lula, que em março havia gravado um vídeo em apoio a Boulos, o chamou de “companheiro da mais alta qualidade”. “Vocês têm que levar em conta a seriedade desse menino”, disse. “Eu digo ‘menino’ porque ele só tem 35 anos de idade, e, quando eu fiz a greve de 78, eu tinha 33 anos e consegui, através da greve, chegar a criar um partido e virar presidente. Você tem futuro, meu irmão, é só não desistir nunca”.

Em mais uma matéria de nossa série sobre os pré-candidatos à presidência nestas eleições, entenda como Boulos vê questões como aborto, drogas e casamento gay.

 

Religião

Em sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade de São Paulo (USP) e intitulada “Estudo sobre a variação de sintomas depressivos relacionada à participação coletiva em ocupações de sem-teto em São Paulo”, Boulos reconhece que o engajamento religioso tem um “efeito terapêutico”, devido a “um sistema organizado de acolhimento”, ao “resgate da autoestima” e a “um sentimento de comunidade”, entre outros fatores. O fracasso típico das sociedades modernas, legitimado pela competição no mercado, é vivido como fracasso individual e as igrejas, sobretudo as neopentecostais, respondem a essa demanda. Com base em sua pesquisa, que envolveu entrevistas com membros de ocupações, ele conclui que a experiência da ocupação é análoga e traz os mesmos benefícios, além de “algo que a atuação nas igrejas não inclui: a participação e o protagonismo nas mobilizações sociais”.

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Aborto

“A questão não é defender ou não o aborto. A questão é se uma mulher que pratica o aborto deve ser punida, presa ou criminalizada por isso e se o Estado não deve, sabendo que o aborto existe independentemente da vontade de quem quer que seja, tratar isso como caso de saúde pública, atender no SUS e garantir”, disse Boulos em 2015, em uma edição do programa Havana Connection.

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Ironizando a fala do ex-deputado federal e então presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB/RJ), que disse que a legalização do aborto só seria votada na casa “passando por cima do seu cadáver”, Boulos disse: “Eu prefiro passar por cima do cadáver dele do que ver o Estado brasileiro continuar passando por cima do cadáver de milhares de mulheres todos os anos”.

Ao Nexo, em março de 2018, Boulos disse que o aborto é uma questão de saúde pública e de classe social. “Sobretudo, a questão não é ser favor ou contra o aborto. A questão é ser a favor de que as mulheres tenham o direito de decidir sobre o seu corpo. E essa é uma posição que nós vamos levar adiante”, afirmou.

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Casamento gay

Boulos, assim como o PSOL, é totalmente alinhado à agenda LGBT. “É preciso regulamentar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. A diversidade de escolha sexual tem que ser respeitada para cada uma das pessoas. Esse é um tema em que nem o Estado nem a religião devem impor preceitos”, disse ao Nexo em março de 2018.

“Estado não tem que intervir no amor dos outros. As pessoas definem as suas formas de amar e por isso eu defendo o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e que a homofobia seja criminalizada”, afirmou o pré-candidato.

 

Drogas

“A política de guerra às drogas fracassou”, disse Boulos ao Nexo em março de 2018. O candidato é abertamente favorável à legalização das drogas. “É preciso construir uma política, debatida com a sociedade, de descriminalização e tributação. Isso, sim, terá condições muito mais efetivas de combater o crime organizado e o narcotráfico do que uma política que está fazendo isso há 20 anos e não obteve sucesso algum”.

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