Até os 10 anos de idade, a criança tem maior capacidade de formar novas conexões cerebrais, o que facilita a memorização de palavras.
Até os 10 anos de idade, a criança tem maior capacidade de formar novas conexões cerebrais, o que facilita a memorização de palavras.| Foto: Cottonbro/Pexels

Aprender um segundo idioma pode ser essencial e até pré-requisito para algumas carreiras. Quanto antes iniciadas as aulas, mais fácil o aprendizado. Especialmente se isso ocorre na infância. A predisposição a absorver informação das crianças permite que o aprendizado seja mais simples e até duradouro, mas tudo deve ser feito de forma lúdica e divertida.

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A neuropediatra da Paraná Clínicas, Mayara de Rezende Machado explica que a janela de aprendizagem é maior até os 10 anos de idade. A capacidade de formar novas conexões cerebrais facilita a memorização de palavras e, consequentemente, de um novo idioma. “Há estudos que sugerem que quando a criança aprende nessa faixa etária a possibilidade de se tornar fluente no idioma é maior”, explica.

Michelle Dall’Agnol, professora de inglês, concorda que quanto mais cedo, melhor o resultado das aulas, mas ressalta que o trabalho precisa ser específico, voltado exclusivamente para os pequenos. “Eles têm um tempo limitado de atenção então as aulas precisam ser curtas, dinâmicas e muito lúdicas”, enfatiza ela.

É exatamente o que reforça Diana Bellardi Martins, professora na Cultura Inglesa Curitiba. Ela destaca a importância de ter profissionais adequados e um ambiente adaptado: “Tem que ser um professor que saiba ensinar criança. O ambiente deve ser próprio, sala de aula com mesas e cadeiras do tamanho da criança, com parquinho, brinquedo”. Desse jeito eles se sentem estimulados a gostar das aulas.

No dia a dia

A rotina de ensino das crianças deve envolver as vivências diárias delas. “A gente escolhe um tema e trabalha algumas palavras que tem a ver com o que eles fazem todos os dias”, exemplifica Diana. O vocabulário, no início, é do dia a dia na sala de aula e com o tempo novas situações são apresentadas, ampliando o número de palavras ensinadas.

Michelle conta que não há uma idade ideal para iniciar, mas que o fato de não saberem nem as regras gramaticais do português pode até facilitar o ensino. “Entre 2 anos e meio e 3 eles aprendem muito mais rápido porque eles decoram frases inteiras e não têm os vícios da linguagem”. A pronúncia também é facilitada porque eles conseguem aprender novos sons e fonemas facilmente.

A motivação para aprender um novo idioma também é importante no momento de fazer a matrícula do filho. Mayara esclarece que não adianta impor uma atividade em que a criança não se sinta à vontade. “Se a criança tiver interesse próprio, é mais fácil se engajar nesse aprendizado”, diz ela. Por isso o ideal é estimular desde cedo que eles desenvolvam certa afinidade com o tema para que queiram frequentar as aulas.

Sem traumas

Hiperestimulação, por outro lado, pode interferir negativamente na aprendizagem. Forçar a criança a estudar além do necessário ou cobrar que ela fale outro idioma nos horários de descanso, por exemplo, podem ocasionar atraso nas habilidades, alerta a médica. Quanto à afinidade com o idioma estrangeiro, não há nada patológico ou doença que possa atrapalhar. “Há pessoas, porém, que gostam mais de estudar idiomas assim como há quem tenha mais propensão à matemática”, conclui.

Ter uma experiência agradável na infância pode, inclusive, permitir que o adulto aprenda com mais facilidade um outro idioma. “De maneira geral a pessoa não terá barreiras para aprender uma nova língua”, afirma Diana.

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