As crianças também sofrem com as consequências do rompimento de seus pais e, por isso, precisam de um olhar especial dos avós.
As crianças também sofrem com as consequências do rompimento de seus pais e, por isso, precisam de um olhar especial dos avós.| Foto: Jana Sabeth/Unsplash

Quando um dos filhos decide se divorciar, é importante acolhê-lo emocionalmente, independentemente se acredita ter sido uma boa escolha ou não, como já conversamos aqui no Sempre Família.

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Contudo, além dos filhos, os netos também sofrem com as consequências desfavoráveis do rompimento de seus pais e, por isso, precisam de um olhar especial para enfrentar os novos desafios.

É nessa hora que os avós podem contribuir, de modo instrumental e afetivo, para minimizar a situação desestabilizadora que faz parte dessa transição familiar, auxiliando na reformulação do funcionamento da família e na tomada de uma nova direção.

Presença ativa

Mara Julci Baran, psicóloga especialista em educação, conta que com o passar do tempo, a presença dos avós se reconfigurou no seio familiar, deixando de ser passiva e tornando-se ativa, com escuta, acolhida e diálogo.

“Na separação, os avós continuam sendo a referência favorável para as crianças, evitando maiores conflitos e traumas, até mesmo as salvaguardando de possíveis alienações parentais que podem ocorrer”, explica Mara.

Apoio afetivo

A presença dos avós quando os pais se divorciam tem uma importância sobretudo afetiva, que contribui para a manutenção dos laços familiares, visto que as crianças ficam muito fragilizadas nesse momento, ensina Lelia Cristina de Melo, psicóloga clínica e orientadora familiar.

“A parte moral, educacional, de rotina e bons hábitos podem ser mantidos pelo progenitor que detém a guarda das crianças. Porém, os avós podem contribuir de forma especial com a afetividade dos netos, através de abraços, companhia, brincadeiras e passeios, formas de alegrar a vida e deixar menos dolorosa a lacuna do progenitor que foi embora”, explica a psicóloga.

Além do apoio afetivo, os avós podem exercer o papel de mediadores entre pais e filhos, conversando com os netos para que possam ter um melhor entendimento da circunstância que estão vivendo e esclarecendo seus sentimentos e pensamentos.

“As crianças podem, equivocadamente, se sentirem culpadas pela separação dos pais. Nesse momento, os avós podem orientar e esclarecer que não existe culpa em ninguém, mas sim dificuldades e fragilidades humanas”, orienta Lelia.

E depois, os avós também podem suprir a ausência física de um dos genitores, sendo um sinal de alegria e ludicidade para que as crianças se mantenham equilibradas no início da adaptação do divórcio.

Equilíbrio entre pais e avós

Os netos podem ficar um pouco mais apegados aos avós, o que é esperado, alerta Lelia. Contudo, devem cuidar para que, durante o apoio afetivo e emocional, não substituam os pais na vida da criança.

“Os avós devem entender que as crianças irão continuar tendo o mesmo pai e mãe, devendo preservar os papéis e a distinção na forma de amá-los”, explica Mara Julci. Dessa forma, apesar do grande amor que sentem pelos netos, os avós devem se recordar que não devem assumir em primeiro plano a condução educacional das crianças.

“Eles não podem interferir e confundir os netos com novas leis que não são aquelas dadas pelos seus pais, que são quem dirige a educação das crianças, seja quanto aos estudos, brincadeiras, uso de telas, alimentação e demais hábitos do dia-a-dia”, orienta Lelia.

A contraposição das ordens dadas pelos avós com as estabelecidas pelos pais, além de confundir os netos, traz um choque de referência de autoridade, prejudicando a mente, a inteligência e as emoções dos netos. Portanto, as orientações dos pais devem ser cumpridas.

“Os avós devem estar instalados e ajustados com os pais das crianças. Uma coisa é mimar com bastante carinho, fazer uma comida que os netos gostam, passar horas alegres, com brincadeiras e diversões. Porém, não podem criar precedentes para que os netos fiquem indisciplinados, prejudicando a educação com excesso desordenado de afetividade e com concessões desenfreadas”, exemplifica Lelia.

Sinais de desequilíbrio emocional nas crianças

Além de suporte emocional, os avós podem observar o comportamento dos netos, evitando que um desequilíbrio emocional possa desencadear transtornos afetivos que comprometam a saúde dos pequenos.

“Mudanças no sono, alimentação, humor, choro constante, euforia ou irritabilidade aumentada são sinais que podem alertar os avós sobre um possível desequilíbrio emocional”, orienta Mara Julci.

Detectados os sinais de alerta, os avós devem observar a frequência de suas manifestações, ensina Lelia. “Se acontece um pouco e passa, tudo bem. Mas se as condutas persistem, os avós podem conversar e tentar extrair do neto seus pensamentos e sentimentos para auxiliá-los a lidar com suas emoções”, acrescenta a psicóloga.

A partir disso, é importante que os avós conversem com os pais longe da presença da criança e pensem em condutas que poderão contribuir para o seu equilíbrio emocional. “Muitas vezes a família pode precisar de um auxílio através do processo terapêutico infantil ou através de orientações psicológicas dadas para pessoa que permanece mais tempo com as crianças saber lidar com as dificuldades apresentadas por elas”, conclui Lelia.

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