Agressividade ajuda a constituir a subjetividade humana, mas quando extrapola deve ser reprimida de modo correto.
Agressividade ajuda a constituir a subjetividade humana, mas quando extrapola deve ser reprimida de modo correto.| Foto: Bigstock

Os pais costumam achar lindo tudo aquilo que o filho faz. Especialmente os de primeira viagem, que têm o maior orgulho daquele pedacinho de gente. Só que toda criança, logo após os primeiros meses, quando começa a coordenar os movimentos, descobre que é possível usar as mãos para dar tapas. Até então, tudo normal. O problema é quando isso começa a refletir uma agressividade excessiva e o comportamento se torna corriqueiro.

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Gustavo Lacatus, psicoterapeuta infantil, explica que a agressividade, de modo geral, é natural e constituinte da subjetividade humana. E que é até necessária. “Nossa agressividade coloca limite ao que o outro pode fazer comigo”, afirma. O que precisa acontecer, segundo ele, é canalizar esse sentimento para fontes construtivas que não coloquem em risco quem está lidando com esse comportamento.

O psicoterapeuta destaca outro aspecto importante do desenvolvimento infantil: o cérebro ainda não está completamente maduro. “Os recursos emocionais ainda são precários então é comum, em alguma fase, a criança apresentar comportamentos agressivos e até violentos”, esclarece. Por isso, de acordo com ele, o adulto não pode considerar essa atitude sob a própria ótica, já que tem muito mais experiência de vida e valores morais definidos. A criança é um ser em formação, e é por isso que o exemplo dos pais é tão importante.

Explicar primeiro e reprimir depois

Sob a perspectiva comportamental, reprimir essas atitudes exige firmeza, diz a psicóloga Nathália Lopes Mariano de Souza, que atua nas áreas escolar e educacional. E é necessário que isso seja feito. Criança que agride porque quer algo e os pais não dão precisa entender o porquê daquela atitude ser considerada errada. “Logo de imediato tem que explicar da forma mais clara possível que bater em alguém não é certo”, ensina ela.

Nathália também reforça a importância de punir o mau comportamento, retirando da criança algo prazeroso para ela. “A punição tem que acontecer para que a criança entenda que o comportamento dela não foi adequado. Tira um brinquedo que ela gosta por um dia, ou não deixa assistir tevê por uma hora”, exemplifica. Ela ressalta, porém, que é fundamental conversar e explicar o motivo daquele castigo.

Prevenir mais e se cobrar menos

Para prevenir comportamentos agressivos Gustavo oferece um método bem didático para aquelas crianças que já conseguem entender brincadeiras mais estruturadas, com personagens. Esse tipo de intervenção mediada pelos pais permite, por exemplo, que eles criem histórias com personagens que lidem com frustração e situações problema. “Desse jeito os pais conseguem demonstrar possibilidades de resolver alguma questão e lidar com ela sem chegar a um ato agressivo ou violento”, orienta.

Nathália ainda enfatiza que ninguém nasce sabendo como criar e educar os filhos. “Os pais precisam não se cobrar tanto. Por interferências externas muitos se preocupam em excesso, mas esse processo é um eterno aprendizado”, conclui.

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