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Carla Bastos Dias, especial para o Sempre Família

A adoção é uma das alternativas para quem deseja ter filhos e, por diferentes fatores, não consegue naturalmente. Hoje, o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), possui 45.633 pretendentes cadastrados e 9.397 crianças à espera de uma família. No Paraná, são 3.664 pretendentes e 977 crianças. Mais do que ter recursos materiais, espaço adequado para o desenvolvimento de uma criança e condições financeiras para dar a ela o que precisa, é fundamental estar preparado psicologicamente para levar em frente seu processo educativo.

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A psicóloga clínica especialista em adoção e integrante da equipe da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (ANGAAD) Suzana Sofia Moeller Schettini, explica que os pretendentes têm que estar seguros de sua motivação, e a adoção tem que ser ancorada em um único desejo: o de ter um filho. “A criança adotada não pode entrar como uma ferramenta ou um instrumento para consertar o casamento, servir de companhia na velhice, exercício de caridade ou resolver problemas existenciais de relacionamento do casal. As crianças não são terapeutas e não podem ter esse compromisso”, destaca.

Segundo ela, é essencial ter certeza do desejo incondicional de ser pai e mãe e, no caso dos casais, os dois têm que querer. Ainda, em situações de infertilidade, é necessário passar pelo processo de luto daquele filho biológico que não nasceu. Se a motivação para a adoção for inadequada, o casal acaba se desestruturando ainda mais. “É preciso ter maturidade e o entendimento de que um filho é para a vida inteira, que não dá para descartar a criança depois”, alerta. “Se um filho é um projeto na minha vida, por exemplo, eu tenho que ter tempo para este projeto. Crianças exigem e precisam da nossa dedicação, cuidado, carinho e proteção”, ressalta a especialista.

Preparo é fundamental

Para a psicóloga Janine Plaça Araújo, que faz parte do Grupo Adoção Consciente, o autoconhecimento é primordial, uma vez que a adoção é um processo complexo e com grande nível de responsabilidade. Refletir sobre as expectativas, motivações e a disposição para receber o filho que virá, ajuda a construir o perfil da criança que se espera e evita a idealização. “Não se pode idealizar o filho biológico, quanto mais o adotivo, que tem e já vem com a sua história. Quanto mais limitações, mais chances desta escolha ter sido feita pelos motivos errados”, argumenta. Com a preparação, os pais ficam mais flexíveis e mudam o perfil da criança, ampliando as possibilidades, de acordo com a psicóloga.

Janine observa também, que se preparar antes e depois da adoção deve ser uma prioridade. Cursos, palestras, eventos, grupos de apoio, estudo e até terapias dão suporte durante todas as etapas. “Quando o novo membro da família chega, nasce um pai e uma mãe que, assim como os biológicos, nunca estarão totalmente prontos e precisam de acompanhamento na fase de adaptação para lidar melhor com os desafios e dificuldades”, declara.

Amor incondicional

“Desde que me conheço por gente eu sempre pensava: se eu não puder ter filho, vou adotar”, conta a professora Luciane Grein Pereira, 50. Casada e com uma filha biológica, ela sentia a necessidade de ser mãe novamente. Após três abortos, ela e o marido decidiram pela adoção. Após cinco anos, o caçula chegou. Tinha três meses, vinha de uma família de nove irmãos e a mãe, usuária de drogas, vivia na rua. Com oito meses o menino foi diagnosticado com esclerose tuberosa, doença genética que causa tumores benignos que crescem no cérebro e em outros órgãos vitais. Hoje, com sete anos, anda, fala e compreende, mas não tem a mesma agilidade de crianças da sua idade. As dificuldades não fizerem a família desistir e, juntos, superam novas barreiras diariamente. “Foi a coisa mais gostosa da vida. Sou realizada por ser mãe de dois filhos. E por ele é um amor diferente, é profundo. Ele estava em uma posição em que poderia ter tido outro caminho e Deus nos deu ele para cuidar”, finaliza.

 

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