Foto: Fugger Foundation/divulgação
Foto: Fugger Foundation/divulgação| Foto:

Na cidade de Augsburg, na Alemanha, existe um quarteirão diferente de tudo o que você já viu. São ruas fechadas, como um condomínio, onde vivem cerca de 150 pessoas. O aluguel? 89 centavos de euro por ano – cerca de R$ 3,27 – além de três orações por dia. Trata-se de Fuggerei, o mais antigo conjunto habitacional social ainda em uso no mundo. O valor do aluguel é o mesmo desde a sua fundação, em 1516.

Fuggerei é bem parecida com uma vila medieval independente. Os portões fecham diariamente às 22 horas – mas se um habitante voltar depois desse horário pode pagar 50 centavos ao porteiro para ser admitido, ou um euro se for depois da meia-noite.

São 67 casas, cada uma com dois alojamentos. Cada um tem cerca de 60 metros quadrados e todos têm a entrada direto pela rua. Cada porta, aliás, conta com um aro de formato diferente para tocar a campainha – no tempo em que foram feitos, não havia iluminação pública nas ruas, de modo que o morador à noite identificava a sua porta pelo tato.

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Cada unidade conta com uma cozinha, uma sala, um banheiro, um quarto e um pequeno cômodo multiuso. Os apartamentos do térreo têm ainda um jardinzinho e os de cima uma sacada.

Para viver lá, os requisitos são os mesmos que os do século XVI: é preciso ter-se tornado indigente sem débitos, comprovar morar em Augsburg há pelo menos dois anos e ser católico. A cada dia, fazem-se três orações: o pai-nosso, a ave-maria e o credo niceno-constantinopolitano. Solicita-se ainda aos residentes que exerçam pequenos serviços para a comunidade, no ofício de jardineiro, vigia noturno ou sacristão, por exemplo.

No plano original do complexo, não se previa uma igreja – os residentes frequentavam a igreja de São Tiago, ali perto. Logo depois, porém, com a Reforma Protestante, o templo se tornou luterano e então se construiu uma igreja católica dentro de Fuggerei, que foi consagrada em 1582, com o nome de São Marcos. Até hoje, tem missa todo dia, exceto aos sábados.

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A aposentada Ilona Barber se considera uma pessoa de sorte por morar em Fuggerei. Em uma reportagem da BBC, ela conta que a pensão que recebe do Estado é “muito limitada” e que não seria suficiente para pagar um aluguel na cidade. Todas as manhãs ela sai para uma caminhada com seu vizinho de baixo, Friedrich Fischer, de 95 anos, que vive em Fuggerei desde antes da Segunda Guerra Mundial.

 

Pintura-retrato de Jakob Fugger (imagem: Wikimedia Commons). Pintura-retrato de Jakob Fugger (imagem: Wikimedia Commons).

O fundador

A vila de 15 mil metros quadrados, próximo ao centro da cidade, foi um projeto do banqueiro Jakob Fugger, conhecido como “o Rico”. Nascido em 1459, ele é considerado um dos homens mais ricos de todos os tempos. Sua fortuna, nos valores de hoje, chegaria a 400 bilhões de dólares – mais do que as fortunas combinadas de Bill Gates, Warren Buffet, Jeff Bezos, Amancio Ortega e Mark Zuckerberg, as cinco pessoas mais ricas do mundo atualmente, segundo a revista Forbes.

Ele não ficou tão famoso quanto outros ricaços da época porque não tinha aspirações políticas nem se destacou como mecenas. Mas foi o principal financiador da construção da Basílica de São Pedro atual e de algumas viagens de Cristóvão Colombo e o criador do que pode ser chamada a primeira multinacional do mundo, no setor mineiro.

O sucesso de Fugger também lhe rendeu críticas, inclusive do reformador Martinho Lutero, seu contemporâneo. Lutero se perguntava se era um desígnio de Deus que tanta riqueza e influência ficassem concentradas nas mãos de uma só pessoa. Para aplacar as más línguas, o banqueiro criou diversas instituições de caridade, como Fuggerei. O vilarejo é sustentado por um fundo estabelecido em 1520 e que até hoje é comandado pela família Fugger.

Veja algumas fotos do vilarejo:

 

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Com informações de BBC, Dinheiro Vivo e Fugger Foundation.

 

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