É importante ter como objetivos uma educação de qualidade para os filhos, reservas para emergências de saúde e aposentadoria.
É importante ter como objetivos uma educação de qualidade para os filhos, reservas para emergências de saúde e aposentadoria.| Foto: Bigstock

Ao longo da vida um casal precisa se preparar financeiramente para uma série de situações. E planejar muito também. Educação dos filhos, aposentadoria, imóvel, investimentos, reserva para emergências... A lista é grande, mas tem jeito de conseguir organizar e tudo tem um porquê.

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“Guardar dinheiro dói, é um sacrifício”. A frase é da especialista em finanças Marcya Dollny de Souza, professora da PUCPR, mas ela garante que vale a pena. Ela afirma que nada é fácil nessa caminhada de poupar, mas cada centavo faz a diferença. E o início dessa vida a dois não precisa ser de muito exagero. Nem com os gastos, nem com as economias.

Dá pra começar poupando 10% do que ganha, de acordo com Marcya. O segredo, segundo ela, é ser constante. “Não pode mexer. É um dinheiro que tem que guardar de alguma forma”, ensina. Com o passar do tempo, vai economizando um pouco mais. É tudo uma questão de costume e de estabelecer prioridades.

A professora faz uma reflexão importante e lembra que na juventude é fácil conseguir trabalhar 12/14 horas por dia. À medida que os anos passam, porém, essa vitalidade diminui. E é aí que está o perigo. “Quando você é mais jovem você precisa de menos dinheiro e ganha mais porque trabalha bastante. Quando você envelhece você precisa mais de dinheiro – para remédios, por exemplo – e é o momento em que menos entra dinheiro, se você não se preparar”, diz ela.

Geração que não pensa no futuro

O problema, reforça Marcya, é que a juventude de hoje não pensa no amanhã. “A grande questão é que o brasileiro não sabe lidar com dinheiro. O jovem pega o primeiro pagamento e sai comprando coisas absurdas. A juventude está totalmente despreparada para lidar com finanças”, alerta.

Roberta da Silva Teixeira e Anderson Nunes, ambos professores, quiseram fazer justamente o oposto do que a maioria. Eles começaram a namorar ainda muito jovens e desde sempre se forçaram a fazer economias para o futuro. Só que para o Anderson foi um pouco mais difícil. “A Roberta ficava no meu pé porque já tinha esse hábito em casa. A família dela sempre foi mais pé no chão então ela que me ensinou a poupar”, revela ele.

Depois de anos de namoro e muitas renúncias, eles se casaram sem fazer uma dívida a perder de vista. “Conseguimos dar uma boa entrada no apartamento para financiar o mínimo possível e, aos poucos, fomos comprando os móveis e eletrodomésticos. Sempre à vista, para não estourar o limite do cartão”, conta Roberta.

Definir prioridades

Marcya esclarece que o primeiro passo do casal é definir a moradia. “Quando a gente pensa em formar família, pensa em alugar ou comprar um imóvel. Aluguel não é um mau negócio, mas o imóvel próprio traz uma certa segurança”, argumenta. Com as taxas de juros em baixa e a inflação alta, comprar tem sido vantajoso, na opinião da especialista.

Outra questão é a educação dos filhos. A recomendação é que, desde os primeiros dias de vida, se reservar mensalmente uma quantia para que, no futuro, seja possível pagar uma boa escola ou a faculdade. Estudo, para Marcya, é o que de mais importante os pais devem garantir. “Festa de aniversário imensa quando a criança faz 1 ano de idade é linda nas fotos, mas depois ninguém nem lembra”, ressalta.

Pensar na saúde

Por isso definir as prioridades é tão importante. Uma extravagância hoje pode comprometer o dia de amanhã. Pensar na saúde é outra preocupação que deve existir. Mesmo que o casal tenha um bom plano de saúde, a dica é ter uma reserva para consultas de última hora, por exemplo, para aqueles problemas que não permitem aguardar meses na fila de espera do consultório médico.

Aposentadoria

Independentemente de estar casado ou não, de planejar uma vida com outra pessoa ou não, o conselho mais importante é pensar no futuro, na velhice, aponta Marcya. “A aposentadoria pode não existir lá na frente. E se existir, será que vai ser suficiente? Eu mesma já estou aposentada há cinco anos e ainda não consigo parar de trabalhar”, confessa a professora.

A administradora Bruna Soares e o marido, Paulo Henrique Duarte, engenheiro eletricista, ainda não sabem se terão filhos ou não, mas a economia para a aposentadoria já está nos planos do casal há anos. “Desde muito antes do casamento”, diz Bruna, que completa: “Nós sabemos que somos exceção. A maioria dos nossos amigos nem pensa nisso”.

Outros investimentos

Organizando bem o orçamento, com cada parcela do salário já definida, e tendo as prioridades bem claras, Marcya alega que com o tempo fica um pouco mais fácil e dá até para pensar em outras possibilidades. “Hoje a gente tem várias modalidades de aplicações financeiras para todos os tipos de perfis. Juntando um patrimônio maior dá até para pensar em imóveis para aluguel e mercado de ações”, indica.

O importante é começar a poupar desde cedo e tentar passar esse comportamento adiante. “Gastar é muito bom e guardar dinheiro é doloroso. Só que a gente não consegue ter nada no futuro se não fizer sacrifícios no presente”, conclui Marcya.

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