Algumas pessoas atravessam os momentos de adversidade com maior facilidade do que outros, em virtude da resiliência.| Foto: Raychan/Unsplash
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Cada um de nós, em determinado momento da vida, já precisou se adaptar ao estar diante de alguma adversidade. E, nos últimos meses, principalmente, todos precisamos buscar alternativas para lidar com a pandemia. Só que alguns enfrentam tais momentos com maior facilidade do que outros, em virtude da resiliência. 

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Alexandre Sech Junior, doutor em Saúde com foco em Saúde Mental e Hipnose Clínica, destaca a importância de conceituar esta habilidade. Ele explica que a resiliência é o processo de adaptação em face de adversidades, traumas, tragédias, ameaças ou fontes significativas de estresse, como problemas familiares, de relacionamento, problemas de saúde, estressores financeiros.

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E ainda que a resiliência contribua para adaptação do indivíduo após viver circunstâncias delicadas, ela não impede que determinada pessoa sofra com dificuldades ou deixe de viver angústias. Apesar disso, aquele que a exerce, possui maior facilidade de encontrar possibilidades e alternativas além do sofrimento. 

Mas, longe de ser um traço de personalidade, como também não ser inerente ao ser humano, a resiliência pode ser desenvolvida por qualquer pessoa que a deseje, por meio de comportamentos, ações e pensamentos. Para sabermos se possuímos ou não tal habilidade é importante verificar a existência de características pessoais como a autoconsciência, a instalação na realidade, o controle emocional, a empatia e a motivação.

  • Uma pessoa autoconsciente é capaz de se responsabilizar por suas próprias ações e escolhas e assume a sua parte de responsabilidade nas situações adversas;   
  • realista não é nem tão otimista, nem tão pessimista, pois busca a percepção da realidade para que possa encontrar caminhos de superação. “Alguns estudos apresentam que os otimistas tendem a ser mais resilientes, mas ser otimista não significa ser resiliente necessariamente”, diz o terapeuta;
  • Os resilientes conseguem, normalmente, manter certo controle emocional quando estão sob o estresse, tendo calma e tranquilidade em situações mais difíceis. Alexandre pondera que, embora seja possível o autocontrole das ações e pensamentos, infelizmente, o controle das nossas emoções não é direto. Portanto, pessoas que têm um alto controle emocional são pessoas que conseguem escolher melhor os seus pensamentos e também as suas atitudes; 
  • As pessoas resilientes normalmente apresentam também níveis significativos de empatia;
  • motivação, o vigor e a força para superar os obstáculos são características próprias da resiliência, afinal as pessoas precisam tê-las disponíveis para superação das dificuldades. 
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É importante destacar que a resiliência não torna o indivíduo mais feliz, mas capacita-o à adaptação, a superar-se diante de situações de sofrimento e de dificuldade que por si só já afastam um pouco da tristeza, fortalecendo-o. “A resiliência não é sinônimo de resistência, no sentido de aguentar firme até que o sofrimento acabe. A atitude do resiliente é de proatividade e de muita observação de si mesmo, identificando áreas de pensamentos irracionais, como tendências a catastrofisar as dificuldades ou presumir que o mundo o persegue e com isso adotar padrões de pensamento e de comportamento mais equilibrados e realistas”, ensina Alexandre.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Como ser resiliente

Assim como um músculo, a resiliência precisa ser treinada, exigindo intencionalidade e tempo para que, com a repetição e consistência das ações e pensamentos, seja adquirida pelo indivíduo. Alexandre indica características importantes a serem desenvolvidas:

  1. Construir conexões: priorizar relacionamentos, conectar-se com pessoas empáticas e compreensivas, que o lembrem de que não está sozinho nas situações de dificuldade, assim como criar redes de apoio para que em momentos de dificuldade se tenha a quem recorrer, é muito importante. Normalmente em situações traumáticas as pessoas tendem a se isolar, o que é negativo em relação à superação do problema, pois hiperdimensionamos a dificuldade, o que nos traz ainda mais sofrimento. 
  2. Promover o próprio bem-estar: cuidar do seu corpo, tendo uma boa alimentação e fazendo atividade física, para favorecer melhor qualidade de vida e consequentemente elevando a autoestima. 
  3. Praticar atenção plena: conhecida também como mindfulness, consiste em um exercício diário consciente utilizando práticas espirituais como a oração, a meditação e a ioga. Meditar, orar ou buscar pensar de forma mais positiva sobre a vida contribui para lembrar que as dificuldades e sofrimentos são parte da realidade, mas que a vida vale a pena ser vivida.  
  4. Evitar buscar saídas fáceis: recorrer ao álcool, às drogas ou qualquer substância que vise amortecer a dor deve ser evitado. Afinal, o efeito de fuga é temporário e as emoções subsequentes são até maiores das que motivaram a busca por alternativas fáceis. 
  5. Encontrar um propósito de vida: buscar encontrar um propósito para viver, contribuir para que os objetivos façam parte da caminhada existencial, com metas realistas e buscando conquistá-las por menores que sejam, traz uma satisfação pessoal e comemorar as vitórias é fundamental.  
  6. Autoconhecimento: procurar oportunidades de autodescoberta que geram aumento do senso de autoestima e apreciação pela vida, afinal muitos descobrem-se vencedores após lembrarem das lutas e desafios superados no passado.