Estamos cada vez mais focados em nós mesmos, em nosso status virtual e deixando de lado boa parte das relações interpessoais
| Foto: Bruce Mars/Pexels

Já há algum tempo trazemos aqui no Sempre Família reflexões acerca dos malefícios que as redes sociais trazem às relações humanas. Falamos do quanto os adolescentes estão cada vez mais conectados e ao mesmo tempo mais sozinhos e mostramos o problema que é para a relação afetiva de mães e bebês o fato de algumas mulheres não tirarem os olhos do celular enquanto amamentam, por exemplo.

Em todas elas apresentamos o que é óbvio: estamos cada vez mais focados em nós mesmos, em nosso status virtual e deixando de lado boa parte de nossas relações interpessoais. Além disso, o uso constante das redes sociais faz com que nos comparemos mais com os outros, tenhamos inveja da vida que nossos amigos levam (e que nem sempre é aquilo que eles mostram) e nos habituemos a projetar uma imagem ficcional de quem nós mesmos somos. Nos tornamos, assim, narcisistas e superficiais nessa relação de dependência da tecnologia.

E são poucos os que reconhecem essa dependência ou que podem comprovar que não são dependentes de fato. Tudo é tão atrativo que não parece que estamos mergulhados há horas em uma rede social, apenas deslizando o dedo sobre a tela do celular. Entramos numa bolha. São tantas facilidades trazidas por aquele aparelhinho pequeno em nossas mãos, que mal percebemos o quanto temos interagido menos com as pessoas que nos cercam: fotografamos tudo o que comemos, tudo o que vemos, todos com quem estamos; mas não olhamos nos olhos e não desfrutamos do momento de partilha durante a refeição. E isso tem se tornado normal.

Tudo tão bonito. Tudo tão irreal

A superficialidade em nossas relações não é nada mais do que o reflexo do ser humano superficial que temos nos transformado. Fato. Ao vivermos sempre de olho nas redes sociais ou em nosso sucesso virtual, não vemos a realidade que nos cerca e oferecemos uma imagem falsa de nós mesmos aos outros. Não está tudo sempre bem, não é tudo tão bonito, nem tudo ali é real.

Quantas vezes já aconteceu de você estar enfrentando uma série de problemas pessoais, mas publicar em suas redes sociais fotos felizes? Isso acontece, em grande parte, pelo tipo de satisfação que essa ação nos traz. Ao sermos elogiados, recebermos uma quantidade de boas reações em nossas fotos, nos sentimos bem e isso aos poucos nos vicia. Queremos sempre mais. Infelizmente, o que nos enche os olhos e nos traz uma momentânea sensação de felicidade, não alimenta nossa alma.

Muito pelo contrário. Vai nos tornando mais vazios a cada dia, ao passo em que deixamos de olhar o outro, de cuidar do próximo e de ser empáticos, pois nos colocamos sempre em uma vitrine, onde nossos amigos se transformam em meros espectadores de nossa suposta felicidade. E mesmo que redes sociais como o Instagram tenham mudado sua política de “curtidas”, publicar fotos à espera de um comentário que massageie nosso ego é habitual.

E como mudar esse comportamento? Simples: apostar no olho a olho, nas conversas entre amigos longe do celular, publicar menos fotos de nós mesmos, daquilo que comemos, daqueles lugares que visitamos. Guardar memórias no coração e na mente e não estar o tempo todo querendo compartilhar com suas redes aquilo que você deveria estar usufruindo. Precisamos aprender novamente, entre mensagens de texto e e-mails, a escutar uns aos outros. Mesmo que sejam conversas chatas. Porque nesses momentos mostramos quem somos realmente e quem são aqueles a quem confiamos nossa amizade.

Pequeno guia prático para se desconectar

Períodos longe do celular:  em casa, escolha um lugar para deixar celulares e tablets durante as horas de convivência em família. É um desafio, sabemos, tanto para pais quanto para filhos. Por isso, se você é pai, dê o exemplo aos filhos deixando os dispositivos longe da mesa na hora do jantar, por exemplo.

Tempos de tédio:  já falamos aqui sobre os benefícios de “não se fazer nada”. Isso tanto para adultos quanto para crianças. Então, escolha períodos do dia para deixar seu cérebro livre para respirar longe dos estímulos virtuais.  

Menos horas conectadas: a menos que você seja uma criança, ninguém fará isso por você. Desconectar-se é uma atitude que deve ser tomada por você, com base nos benefícios que você deseja alcançar para uma melhor qualidade de vida emocional e até física. Existe uma série de aplicativos que ajudam nesse controle.  

Pratique exercícios físicos: você precisa sair, tomar ar fresco, fazer atividades em família praticar esportes. É preciso oxigenar o cérebro durante um tempo todos os dias.

Mais horas de sono:  o cérebro não pode aprender ou funcionar bem sem dormir as horas necessárias. E estar conectado o tempo todo, inclusive quando estamos deitados na cama antes de dormir traz sérios problemas à qualidade do nosso sono.

Deixe sua opinião