Os exames antes do casamento detectam doenças infecciosas que possam ser transmitidas ao cônjuge e verificam fatores de risco que podem levar à infertilidade
Os exames antes do casamento detectam doenças infecciosas que possam ser transmitidas ao cônjuge e verificam fatores de risco que podem levar à infertilidade| Foto: Bigstock

Com data do casamento marcada e vontade de se tornar mãe no futuro, a noiva Lavínea Schardosim, de 22 anos, aproveitou os meses antes da comemoração para avaliar sua saúde. “Como eu sentia muita cólica, queria checar se meus ovários e útero estavam bem”, relata a jovem, que foi orientada pelo médico a realizar exame de ultrassom. “E o resultado foi normal”, conta, aliviada.

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Preocupações como as dela são comuns e, por isso, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) orienta os casais a realizarem alguns exames médicos antes do casamento para avaliarem sua saúde e a possibilidade de terem filhos no futuro.

“Exames pré-nupciais não servem apenas para detectar doenças infecciosas que possam ser transmitidas ao cônjuge, mas também para verificar fatores de risco que podem levar à infertilidade”, explica a médica Paula Navarro, da Comissão Especializada em Reprodução Humana da Febrasgo. “E é importante que o casal vá junto ao médico para receber essas informações”.

Segundo ela, a orientação é válida para pessoas de qualquer idade que pensem em ter filhos porque, além de avaliar a saúde como um todo, oferece dicas para aumentar as chances de uma gravidez saudável, como “manter uma alimentação nutritiva, peso adequado e evitar tabagismo, drogas ou álcool”, informa a especialista, ao citar ainda o alerta para o risco da exposição a produtos tóxicos. “Orientações que ajudam o casal a se planejar”.

Para os mais velhos

A avaliação da fertilidade é indicada, principalmente, para homens e mulheres mais velhos, pois a idade pode interferir em uma gravidez. No caso do pai com mais de 40 anos, por exemplo, um estudo norte-americano mostrou risco aumentado de os bebês nascerem prematuros, com pouco peso, baixa pontuação no índice de Apgar, com possibilidade de convulsões, e de a mãe desenvolver diabetes gestacional.

Já para as mulheres a partir de 35 anos, “o avanço da idade não está associado apenas ao maior risco de infertilidade ou à dificuldade para conceber naturalmente, mas também a menor chance de sucesso nos tratamentos de reprodução assistida”, explica Paula. Sem contar que “há maior risco de aborto, gestação ectópica e outras morbidades”, alerta.

Por isso, ela indica que os noivos busquem a opinião de um médico obstetra ou de um especialista em reprodução meses antes do casamento, realizem os exames solicitados e, se algum problema for detectado, iniciem o tratamento. “Lembrando que um resultado que sugira baixa reserva ovariana, por exemplo, não indica necessariamente que a mulher terá dificuldade pra conceber de forma natural”, aponta.

Outros exames

Além disso, a consulta pré-nupcial encaminhará os noivos para realização de outros exames, de acordo com a necessidade. “Os mais comuns vão avaliar a presença de sífilis, hepatite B, hepatite C, do vírus HIV e também dos vírus HTLV1 e HTLV2 [que estão associados a doenças neurológicas graves e degenerativas]”, enumera a ginecologista, ao afirmar que o diagnóstico e tratamento protegerá o futuro cônjuge e prevenirá a transmissão para os futuros filhos do casal.

Alguns exames que podem ser solicitados

  1. Exame de sangue: conhecido como hemograma, ele avalia as células do sangue, como hemácias, leucócitos, plaquetas e linfócitos, indicando a presença de infecções, por exemplo.
    Sorologia: solicitado com o hemograma, ela verifica a presença de doenças sexualmente transmissíveis e de condições que possam prejudicar uma futura gestação, como toxoplasmose.
  2. Exame de urina: verifica problemas relacionados ao sistema urinário, como doenças renais e infecções. Além disso, detecta a presença de fungos, bactérias e parasitas responsáveis por problemas como a tricomoníase, por exemplo, que é uma doença sexualmente transmissível.
  3. Exame de fezes: identifica a presença de bactérias e vermes intestinais, sinais de doenças crônicas do aparelho digestivo e presença do rotavírus, que causa diarreia e vômitos fortes em bebês.
  4. Eletrocardiograma: avalia o coração do paciente por meio da análise do ritmo, velocidade e quantidade de batimentos para diagnosticar situações como infarto, inflamação das paredes do coração ou sopro.
  5. Exames complementares de imagem: costumam ser solicitados para verificar a presença de alteração nos órgãos, principalmente do sistema reprodutor.
  6. Testes de fertilidade: são realizados para indicar a quantidade de espermatozóides produzida pelo homem e também a reserva ovariana da mulher.
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