Para decidir se entra em uma dívida a longo prazo ou se aluga um imóvel, o casal precisa ter calma e fazer muitos cálculos.
Essa decisão deve se basear no estágio de vida do casal.| Foto: Bigstock

Começar uma vida juntos implica uma série de decisões, desafios e conquistas. E uma das primeiras, e bem impactantes, é onde o casal pretende morar. Para muitos alugar ou comprar um imóvel é algo que interfere diretamente na vida financeira e pode influenciar, também, na saúde do relacionamento. Por isso é essencial fazer contas e se preparar.

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Bruna e Paulo Evangelista tomaram essa decisão há 10 anos. Em 2011, quando ainda eram namorados, começaram a estudar sobre investimentos para poupar algum dinheiro. Foram seis anos economizando e procurando o apartamento ideal. Quando encontraram, ainda assim, analisaram se valia mais a pena continuar com o dinheiro investido e viver de aluguel ou se comprariam de fato o imóvel.

“Resolvemos comprar o apartamento depois de uma longa negociação com o proprietário”, conta a administradora. O desconto de quase 10% sobre o valor total foi decisivo. “Para nós foi uma conquista e tanto comprar o nosso apartamento à vista e saber que não teríamos despesas futuras para pagar o imóvel”, revela.

Prudência

Para quem deseja adquirir um bem desse porte o planejamento é fundamental segundo Gustavo Chaib Ferreira Jorge, assessor de investimentos. “A decisão deve se basear no estágio de vida do casal. Idade, etapa profissional e capacidade de guardar dinheiro”, explica. Isso porque, de acordo com ele, um financiamento pode parecer tentador, mas esconde algumas armadilhas.

“Muitas vezes, 80, 90% do valor da parcela é juro e não amortização. Não é o bem que a pessoa está comprando, mas só pagando o banco”, orienta. Essa perda de dinheiro se assemelha ao pagamento de um aluguel, em que o valor fica com o proprietário do imóvel. Por isso trocar o compromisso mensal de locação pela parcela do financiamento não é uma recomendação.

Gustavo também alerta para o problema de entrar em uma dívida de 15, 20 ou 30 anos e depois não conseguir manter os pagamentos em dia. “Se pessoa se aperta e não consegue pagar pode perder o imóvel ou grande parte do valor que investiu na entrada”, diz.

Muito a definir ainda

Além das perdas financeiras, assumir esse compromisso de longo prazo tem outra desvantagem na visão da professora da PUCPR Marcya Dollny de Souza, especialista em finanças. “Um jovem casal que começa a vida tem muitas coisas para definir. Imóvel financiado cria um problema lá na frente porque não é tão fácil vender imóvel nessa condição”, destaca. Ela ressalta que sempre existe a possibilidade de arrependimento. Especialmente com relação à localização e ao tamanho, quando os filhos começam a chegar.

É por isso que, na opinião da professora, alugar um imóvel é uma opção mais sensata e viável. “Quando a gente loca um imóvel a manutenção é por conta do inquilino, mas qualquer problema estrutural fica por conta do proprietário”, afirma. Ela também enfatiza outra vantagem da locação: “Alguns imóveis locados vêm mobiliados, o que facilita bastante quando os recursos não são tão grandes”.

Para a professora a aquisição de um imóvel é algo relacionado à cultura do brasileiro. “Temos essa vontade pela volatilidade da economia. Se tivéssemos a certeza de que sempre teríamos um salário não compensaria comprar”, constata ela. Gustavo concorda e recomenda: “O sonho é muito legal, mas as pessoas devem tomar essa decisão com o pé no chão e subir o padrão do imóvel em que moram ao longo da vida”, conclui.

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