Afinal, a quem se deve a indignação das massas?
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As maiores manifestações da história do Brasil foram infladas por acontecimentos recentes, como a corrupção política, cada vez mais visível com as operações da polícia federal, além da crise econômica. Mas a crise moral que vem assolando nossa cultura não é de hoje e não começou neste governo. A indignação das massas é efeito de um fermento que vem sendo imposto na sociedade, mas que, ao invés de fazer crescer a cultura do país, faz crescer a pobreza intelectual, moral e política do país. A quem se deve este mau fermento, principalmente na esfera política?

A crise atual no Brasil não é culpa da Dilma. O leitor pode pensar que estou delirando, mas não, ao menos desta vez não. O que Dilma rousseff fez e está fazendo é a continuação do que Lula fez e até mesmo o que Fernando Henrique Cardoso fez.

Dilma Rousseff é competente?  Pelo menos no que diz respeito à articulação democrática, não. O que não significa ser incompetente quando o assunto é “ativismo de esquerda”. Basta observar sua vida. Em sua juventude se aliou a guerrilhas, sendo uma das principais líderes destes grupos.

Mas voltando aos nossos dias, podemos dizer que ela é a culpada pela crise econômica e política do Brasil? Se dissermos que sim, será uma afirmação, até certo ponto verídica, mas verídica apenas pelo fato do adiantamento da crise. Dilma acelerou o processo cujo embrião se formou antes dela.

Sem retornar muito no passado, mas apenas para lembrar alguns fatos, resumidamente:

-Na época do regime militar a economia passou por um momento de crescimento histórico,  conhecido como milagre econômico, colocando o Brasil como uma das potências mundiais, mas também é fato de que os governos militares estatizaram muitas empresas, o que alicerçou o caminho para que muitos políticos mamassem nesta fonte. Além disso, houve uma supressão da atividade política,  tanto de esquerda quanto de direita. Muitos políticos foram expurgados para sempre da vida pública,  a exemplo de Carlos Lacerda. Isso ajudou a futura classe  política a ser imatura, sempre em fase de crescimento, engatinhando, pois, os que tinham tudo para bem governar o país, tiveram que ceder espaço aos milicos.

– Após a saída dos militares, nos restou políticos oriundos de movimentos estudantis, sindicais e refugos vindos do bipartidarismo militar.

– Ganhamos uma nova constituição, feita às pressas, de base positivista, exigindo muitos direitos, que para serem garantidos, era necessário cobrar as maiores taxas de impostos do mundo. O resultado nos é conhecido.

– Saímos da crise inflacionária com o plano real, que apesar da sustentação econômica que o plano trouxe durante mais de uma década,  foi criado sob forte crivo intervencionista, quando deveria ter sido criado tendo a baixa dos juros como fundamento. A explosão do real era previsível e hoje, com o dólar em alta e a inflação próxima aos 10%, já se teme um cenário parecido ao do início dos anos 90.

– Ainda que sob uma imagem centrista e diplomática, Fernando Henrique Cardoso deu impulso a vários movimentos de esquerda: ajudou no crescimento do MST; apoiou os estudos marxistas na USP; apoiou seu eterno “rival” e amigo Lula; privatizou a gigante Vale do Rio Doce, entregando de mão beijada para o bilionário Jorge Soros (alguns críticos vêem isso como um crime de lesa pátria) etc. O projeto de poder da esquerda não seria possível sem a iniciativa de FHC, que defende várias políticas públicas de cunho socialista, entre eles: liberação das drogas; legalização do aborto; adoção de crianças por parceiros homossexuais etc.

– Lula foi a face do operário, do nordestino que chegara à presidência (a esquerda sabe muito bem forjar uma imagem política). Ainda surfando na boa fase da moeda, deixou a economia estável, ainda que com baixo crescimento. Ampliou programas advindos de seu antecessor, como o bolsa família, e entregou a presidência à Dilma Roussef. Esta recebeu o ônus de dar continuidade a um governo que gasta com uma prodigalidade nunca vista.

Para terminar,  sei que o leitor deste blog percebeu que dos tópicos aqui citados, prevalece um programa de esquerda, iniciado, principalmente, na gestão do FHC, talvez o político brasileiro que melhor represente o fabianismo.

A crise atual está diretamente ligada à agenda da esquerda no país e na América latina. E neste ponto, não é a incompetência de Dilma que a torna culpada pela crise, sua culpa reside no fato de ser agente, desde há muito, do projeto esquerdista no Brasil, ao lado de Lula, FHC e muitos outros nomes que parasitam na política da região.

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