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Por Cibele Scandelari, esposa, mãe de duas meninas e de uma a caminho, professora e orientadora familiar.

Esses dias uma senhora contou-me com grande pesar: no dia anterior sua casa estava lotada de pessoas. Não havia mais lugar para sentar. No entanto, continuava vazia: ninguém conversava, ninguém se olhava. Todos estavam de cabeça baixa. Todos olhando em seus celulares. Todos sozinhos em seus mundos feitos de cliques, com a falsa sensação de serem queridos por todos os seguidores de alguma rede social.

Pessoalmente, como mãe, professora e orientadora familiar não vejo problema algum nas crianças terem contato com a tecnologia. O problema está no fato de muitas deixarem de fazer as coisas naturais da idade em que se encontram, para estarem “conectadas”. Deixam de brincar com o vizinho no parquinho, para ter como companhia durante muito tempo o tablet com seu joguinho viciante. Sei de crianças que estão sendo acompanhadas por especialistas devido ao vício no seu aparelhinho. Elas chegam a ter crises de abstinência. Algumas passam mais de 4 horas seguidas no aparelho em vez de ganhar um joelho ralado. Nesse sentido, redes sociais e as novas tecnologias estão ajudando o ser humano a entrar em um triste processo de desumanização.

Nada contra

Porém, vou deixar claro: nada contra a existência das redes e das tecnologias. Não acho que a humanidade estava melhor antes da invenção, por exemplo, do papel e da caneta… Sem eles era difícil escrever uma carta, fato que obrigava as pessoas a se relacionarem ainda mais. As coisas que o ser humano inventa, por si só, não são ruins. Nossa inteligência nos torna capazes de pensar “e se”. E isso nos leva a pensar uma infinidade de respostas para perguntas que, ainda bem, o ser humano fez a si mesmo e foi atrás para respondê-las. Isso tornou possível uma vida mais confortável, entre tantas outras coisas.

Então, por que nesta linha de pensamento parece que as redes sociais e as novas tecnologias são vilãs? Acredito que o problema reside na maneira como a sociedade, a família, cada um de nós, valoriza, utiliza, prioriza umas questões em detrimento de outras, infinitamente mais importantes. E agora para nós, pais e mães, que desejamos estar presentes e temos consciência da importância de nosso protagonismo na vida de nossos filhos, a grande questão é: como ajudá-los a crescer e descobrir um mundo já dominado por avanços, sem deixar o que importa de lado?

E mais! Quem nunca viu num restaurante algum adulto conseguir, facilmente, entreter uma criança com seu telefone para conseguir ter uma refeição tranquila? Claro que já usei essa artimanha. É o recurso da nossa época. Porém, a meu ver ele se torna um problema se, nessa situação, os pais não conseguem comer em paz se não tiverem o tablet à mão.

Prefiro não usar. Acredito que o uso depende da situação. Vejamos, seu filho está cansado, você precisa terminar uma conversa que vai demorar um pouco mais do que ele aguentaria “numa boa”. Nessa situação não vejo problema no uso dessa alternativa. O problema está quando todas as situações são salvas através da telinha hipnotizante, quando a criança não obedece nunca o que os pais pedem.

O que fazer?

Sejamos sinceros: uma casa, um restaurante, um parquinho com um tablet é igual a uma casa, um restaurante e um parquinho sem criança. Então, o que devemos fazer? Ao meu ver, com nossas atitudes, dar valor para a real convivência. Passar tempo com os filhos, levá-los a parques, brincar de casinha. Levá-los para brincar na casa de um amiguinho. Convidar os amigos para fazer bagunça na própria casa (e depois incluir os filhos na posterior organização). Trabalhar nós mesmos no exercício da socialização (acompanhada de crianças. Não estou me referindo aqui na socialização em barzinhos, esperteza…). Visitar um vizinho, a avó. Convidar pessoas para virem às nossas casas. É claro que tudo isso exige um certo esforço de nossa parte. Nós também fazemos parte desse mundo da informação, da tecnologia que consome nosso tempo e transforma nossas horas em minutos. Mas lembrem-se! O intuito não é proibir o uso da tecnologia. É só evitar zumbificar nossos amados filhotes. E as possibilidades são infinitas! Nossas avós teriam exemplos aos montes!

Importante também fazer combinados com os filhos: quando podem ligar os aparelhos e quanto tempo poderão brincar. Ressalva importante: uma vez que se combinem os horários, os pais devem zelar para que sejam cumpridos. Assim cuidam dos filhos e da própria autoridade, de grande importância numa família.

Uma dica: combinar que a hora da refeição é a hora de comer, de estar com a família, de falar com quem se ama. Tablets, telefones, televisão não fazem parte deste momento tão precioso. Logo não devem vir pra mesa.

E nós? Qual rede social queremos para nossos filhos? A real ou a virtual?

Separamos dois vídeos relacionados a esse tema e que trazem luz a essa reflexão. Confira:

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