Aos 15 anos João teve a perna amputada, ficou sete dias em coma e 24 internado.
Aos 15 anos João teve a perna amputada, ficou sete dias em coma e 24 internado.| Foto: Arquivo pessoal/João Lucas Bezerra

Aos 21 anos de idade são muitos os sonhos e metas na vida de uma pessoa. O que a maioria dos jovens não sabe é onde quer estar ou o que quer fazer em três anos. Pois o paranaense João Lucas Bezerra tem essa ideia bem clara na cabeça: competir as Paralimpíadas de Paris em 2024.

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O desafio é imenso, mas as chances também. Em outubro de 2020 ele foi o único paratleta da natação da América Latina a competir na Europa desde o início da pandemia de Covid-19. O Circuito Mundial de Natação Paralímpica foi na Alemanha. João conquistou a medalha de bronze e ainda atingiu a melhor marca da carreira nos 50 m borboleta.

“Em um ano atípico, a minha performance foi muito boa em algumas provas e em outras nem tanto. Isso me motivou muito”, afirma ele. Para conseguir uma vaga em Paris, João precisa continuar se dedicando aos treinos e conquistar o índice. A rotina é puxada, mas o esforço e a vontade de seguir adiante são ainda mais fortes.

Mas, o maior de todos os desafios da vida João superou quando era ainda mais jovem. Aos 15 anos foi atropelado em uma rodovia na região metropolitana de Curitiba e perdeu muito sangue. O grave acidente o deixou sete dias em coma, no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba. Após 24 dias internado, seis cirurgias ortopédicas e uma plástica, ele teve alta.

Só que se adaptar à nova rotina, sem uma das pernas, não foi um processo fácil, claro. A equipe médica do hospital foi essencial para ajudar o João a compreender o que havia acontecido e também a visualizar um futuro que parecia perdido. “Quando estava no hospital tive um apoio muito grande da equipe que me atendeu, mas passei por um período de dois meses muito abalado psicologicamente”, revela ele, que recebeu dos médicos e enfermeiros dois livros para ler durante o tratamento e motivá-lo a seguir em frente.

Mesmo liberado para voltar para a escola, João demorou a tomar essa decisão. E quando isso aconteceu foi o professor de educação física o maior motivador.

“Ele me ajudou muito, colocou a turma para fazer atividade comigo. Aí fiquei sabendo da equipe paralímpica da PUC”, conta. E foi em uma visita aos treinos da equipe da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) que tudo mudou. “Acabei conhecendo a equipe e vendo outras pessoas com deficiência se virando sozinhas. Aquilo me encantou. Pulei na piscina e me senti muito bem. Esqueci que havia perdido uma perna”, lembra.

Oito meses depois do acidente João se tornou atleta e de lá para cá, só evoluiu no esporte. “Eu agradeço muito ao esporte e vejo o quanto é essencial na vida das pessoas. Deus colocou o esporte na minha vida para mudar meu pensamento e minha forma de viver. Descobri um João que não existia”, conclui.

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