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No último dia 4 de fevereiro, o papa Francisco recebeu no Vaticano um grupo de pessoas ligadas a um movimento cultural e econômico chamado Economia de Comunhão – “um projeto no qual estou sinceramente interessado desde há muito tempo”, disse o papa. Nascido no Brasil em 1991, o projeto tem um objetivo claro: produzir riquezas em prol de quem se encontra em dificuldade e fomentar uma nova cultura em que a economia não esteja atrelada ao individualismo e ao crescimento das desigualdades.

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Originada no seio dos Focolares, um movimento de inspiração cristã fundado pela italiana Chiara Lubich em 1943, a Economia de Comunhão reúne empresas que se comprometem a empregar o seu lucro em favor de três causas: o sustento daqueles que se encontram em necessidade, projetos de formação cultural e de incentivo ao empreendedorismo e o incremento da própria empresa.

Foi durante uma visita ao Brasil, com o contato com as periferias de São Paulo que Chiara, inspirada pela encíclica Centesimus Annus, de João Paulo II, que havia sido publicada recentemente, deu início à Economia de Comunhão. A comunhão de bens, valor vivido no Movimento dos Focolares desde a sua fundação, era assim traduzida para o mundo do empreendedorismo.

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“O que fez Chiara Lubich propor a Economia de Comunhão foi o desconforto que ela sentia diante da pobreza e da desigualdade social”, diz a professora universitária curitibana Maria Helena Fonseca Faller, presidente da Associação Nacional por uma Economia de Comunhão (Anpecom). Ela estava sentada próxima ao papa na audiência de fevereiro e saudou-o em nome das pessoas envolvidas com o projeto no Brasil. Aqui, a Economia de Comunhão está presente em 177 empresas de 12 estados. No mundo todo, são mais de 800 empresas.

“O que diferencia os empresários da Economia de Comunhão é a vontade pessoal e concreta de fazer algo pelas pessoas que sofrem com a pobreza”, diz Maria Helena. “Não é uma questão ingênua. Sabemos que a erradicação da pobreza é um objetivo de longuíssimo prazo e está a décadas ou séculos de distância. Mas precisamos trabalhar com uma perspectiva”, afirma.

As empresas ligadas ao movimento comprometem-se, em vista da superação da pobreza e da consolidação de um novo estilo de vida, com a disseminação de uma cultura de comunhão, com projetos de incentivo ao empreendedorismo – especialmente para jovens de baixa renda – e de superação de situações de vulnerabilidade econômica.

Além disso, buscam meios de exercer a gestão de forma mais participativa e de humanizar as práticas de mercado. A ideia é que uma nova cultura fundamentada em um novo jeito de enxergar o outro torne-se a base de novas relações com os funcionários, os clientes, os fornecedores e os competidores.

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“Não adianta trabalhar só com os efeitos da pobreza. É preciso começar a trabalhar com uma mudança de cultura, criando novas formas de se construir a economia de mercado”, explica Maria Helena. “O nosso objetivo é a mudança cultural”. Foi justamente o que o papa reforçou em seu discurso no encontro com os membros de Economia de Comunhão, dizendo que “é preciso apostar na mudança das regras de jogo do sistema econômico-social”.

“Quando o capitalismo faz da busca do lucro o seu único objetivo, corre o risco de se tornar uma estrutura idolátrica, uma forma de culto”, disse Francisco. “Se quiser ser fiel ao seu carisma, a Economia de Comunhão não deve apenas curar as vítimas, mas também construir um sistema no qual haja cada vez menos vítimas, onde na medida do possível elas deixem de existir”, alertou.

“Mediante a vida de vocês, vocês demonstram que economia e comunhão se tornam melhores quando uma está ao lado da outra. Melhor a economia, sem dúvida, mas melhor também a comunhão, porque a comunhão espiritual dos corações é ainda mais completa quando se torna comunhão de bens, de talentos e de lucros”, disse o papa.

 

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Confira o vídeo institucional da Economia de Comunhão:

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