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Menina começou brincando de escolinha com os amiguinhos durante a pandemia e decidiu ensinar conteúdos de verdade.| Foto: Reprodução/Instagram Neyara Pinheiro

Tudo começou como uma brincadeira de criança. Com as aulas presenciais suspensas, Maria Érica Rocha Simão, de 12 anos, reuniu os amiguinhos e passou a fingir que estava em uma escolinha. Tempo depois, contou com a ajuda dos vizinhos para transformar a distração em ocupação. “Eu pedia livros, cadernos, lápis, borracha e as pessoas foram doando”, conta a professora.

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Foi assim que surgiu, há quase um ano, a Escolinha da Esperança – um lugar onde a menina partilha seus conhecimentos em Português, Matemática e, principalmente, em Cidadania. “Você pode fazer papel de adulto, mas ainda é criança. Tem que brincar, se divertir, ir ao parque e não se preocupar com outras coisas”, diz aos alunos. Um cartaz fixado na entrada da escolinha lembra: “Toda criança tem direito a estudar”.

A estrutura é um puxadinho feito de taipa, erguido ao lado da casa da menina, em uma ocupação de Coelho Neto, interior do Maranhão. As mesas, cadeiras e até o quadro foram garimpados pela mãe dela e por uma das irmãs no lixão que fica próximo à residência da família. “Todo mundo ajudou”, garante.

Érica leva uma vida muito simples, mas garante que é feliz. Ela explica que decidiu abrir a escolinha depois de ver as crianças tristes com o fechamento das escolas. “Pensei que podia fazer alguma coisa para que não perdessem o gosto por estudar”, comenta. Hoje, ela recebe cerca de 20 alunos em dias alternados.

Alguns dos itens achados no lixão que hoje compõe a Escolinha da Esperança. Imagem: Reprodução YouTube/Neyara Pinheiro.
Alguns dos itens achados no lixão que hoje compõe a Escolinha da Esperança. Imagem: Reprodução YouTube/Neyara Pinheiro.

Futuro

A menina também faz planos para os próximos anos e sonha em ser advogada para, segundo ela, corrigir injustiças. “Às vezes a gente nem pode correr atrás [das coisas que quer], porque acha que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Eu quero que as pessoas não pensem mais assim. Mas, que saibam que um dia vão ter uma pessoa que possa defender elas”, justifica.

Mão amiga

E é graças à intercessão de uma amiga que Érica pode sonhar cada vez mais alto. A jornalista Neyara Pinheiro, de Teresina (PI), soube da história da menina e passou a coordenar uma grande campanha para ajudá-la. Uma vaquinha online e uma parceria a prefeitura de Coelho Neto vão permitir a reforma da casa da jovem professora e a construção de um espaço maior para que possa seguir com as aulas.

A comunidade também recebeu doações de alimentos, roupas, brinquedos e itens de higiene de várias partes do país. “É uma verdadeira lição de empatia e solidariedade”, postou Neyara em uma rede social. “Estou acompanhando de perto e sempre que tiver novidades sobre doações e andamento da obra da casa nova, vou contar por aqui”, afirma a jornalista em outro post.

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