Projeto atende 400 criancas
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Com apenas 10 anos de idade, *Pedro vivia sozinho pelas ruas de São Paulo, passava fome, já havia experimento diversas drogas e não confiava em ninguém. No entanto, a paciência e atenção de alguns voluntários que se disponibilizaram a ajudá-lo mudou o rumo de sua história. “Lembro quando ele chegou ao nosso serviço de acolhimento institucional bem magro e dizendo que não conseguia fazer nada”, conta o superintendente da Associação Abba, Mauricélio Ferreira.

Segundo ele, mesmo com dificuldade, o garoto começou a participar das aulas, das atividades extracurriculares oferecidas no espaço e em esportes como natação. “Inclusive, o incentivei logo nos primeiros treinos a atravessar a piscina nadando, e ele disse que não conseguia porque tinha fumado muita pedra e seu pulmão estava fraco. Aquilo me marcou”, recorda o missionário de 37 anos, que viu o garoto se alimentar melhor a cada dia, deixar os vícios e melhorar sua saúde física e mental. “Ele foi ficando mais feliz, forte e, em alguns meses, conseguia atravessar a piscina com tranquilidade e mergulhando”.

Só que essa é apenas uma das centenas de histórias que a equipe da Associação Abba, de São Paulo, presenciou. Fundada em 1993 para atender crianças em situação de rua no centro da capital paulista, o projeto deu seus primeiros passos oferecendo um lar para aproximadamente 10 pequenos que não tinham para onde ir. No entanto, o número de acolhidos aumentou com o passar dos anos e a quantidade de ações realizadas pelo grupo também precisou crescer.

“O que antes era apenas uma intervenção para resgatar crianças acabou se tornando também um projeto de proteção com locais adequados para cuidar delas e atividades voltadas à prevenção nas suas comunidades”, explica o responsável, que hoje acompanha o atendimento direto de quase 400 acolhidos todos os meses.

Para isso, a instituição conta com o apoio de órgãos como Conselho Tutelar e Vara da Infância e Juventude – que encaminham ao projeto casos de crianças e adolescentes afastados de suas famílias por violência ou negligência. “Eles constatam situação de risco e vulnerabilidade social, e a gente coloca esse pequeno em um ambiente parecido com o de um lar para que receba todo acompanhamento que precisa”, afirma Mauricelio, ao citar que a criança recebe alimentação saudável, instruções de higiene, auxílio nas tarefas escolares e a chance de participar em diversas atividades.

“Eu, por exemplo, brinco com elas e ajudo nas lições de casa toda quinta-feira, das 9h30 às 14 horas”, conta a paulista Edinalva Souza Franco, de 55 anos. “E é uma emoção toda vez que chego lá, porque vejo a carinha de felicidade delas só por saber que a tia foi vê-las”, completa.

Mas esse acompanhamento não acontece apenas com quem foi acolhido pela Associação. “A gente percebe que a prevenção é muito mais eficiente, então começamos a fazer ações semelhantes em três comunidades carentes de São Paulo”, comenta Mauricélio, ao citar a realização de palestras para famílias, aulas de instrumentos musicais, reforço escolar e o ensino de artesanato. “Tudo de forma gratuita”.

Formação profissional

E para quem já passou dos 18 anos e não consegue espaço no mercado de trabalho devido ao envolvimento com entorpecentes ou abandono dos estudos, a instituição também apresenta uma oportunidade. Há seis anos, a Abba inaugurou a empresa de marcenaria Sólido Móveis para ensinar jovens a produzir mesas, armários e outros itens comerciais e residenciais. “O que fazemos ali é exatamente o que os pais colocavam em prática antigamente: levar o filho ao trabalho, conversar com ele e prepara-lo para ter uma profissão”.

Como ajudar

Manter todos esses projetos em andamento não é fácil para a Associação e, por isso, ela recebe doações de todo o Brasil, conta com um convênio com a Prefeitura de São Paulo e ainda tem a dedicação de muitos voluntários. “E, se mais alguém quiser contribuir, basta acessar nosso site e se envolver doando seu tempo, força ou recursos”, orienta o missionário, ao afirmar que a instituição conta com participantes de diferentes denominações religiosas, mas que é uma organização autônoma.

Além disso, ele adianta que o grupo tem novos projetos em mente e, apesar das dificuldades, quer fazer a diferença na vida de mais famílias, em breve. “Confesso que esse trabalho não é nada fácil, mas as mudanças aparecem e é isso que nos incentiva a continuar”. Afinal, “o maior resultado são vidas transformadas”.

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