A serenidade é uma característica que pode ser inata, mas que também pode ser aprendida ao longo da vida.
A serenidade é uma característica que pode ser inata, mas que também pode ser aprendida ao longo da vida.| Foto: Robert Bahn/Unsplash

No período pandêmico em que vivemos, privados da convivência social, somos bombardeados diariamente por notícias e informações, sem possuirmos controle sob nossa rotina a longo prazo. Assim, até as pessoas mais equilibradas acabam sendo afetadas por momentos de ausência de paz e tranquilidade, podendo sucumbir ao desespero.

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Porém, a forma de lidarmos com as adversidades em tempos difíceis é determinante para que possamos reagir ao sermos atingidos por um problema, sem que isso nos custe um desgaste psicológico maior que o necessário.

“Quando a pandemia começou, muita gente achava se tratar de uma doença fantasiosa. Outros acreditavam ser algo que estaria distante e jamais chegaria aqui. Mas, a doença chegou no Brasil e, com ela, um medo que nos faz perceber que as respostas conclusivas ainda estão longe de chegar. Como profissional de saúde, é difícil ver as mudanças de, ora as coisas melhorarem a ponto dos nossos sonhos reaparecerem, e ora os números voltarem a piorar com muitos casos fatais que levam diversas famílias a uma desolação intensa”, afirma o médico e treinador comportamental Jean Rafael.

Para superar os momentos de crise, que, invariavelmente, chegam de forma inesperada, devemos buscar manter a serenidade durante a situação para que, além de buscar soluções para os problemas, mantenhamos nossa saúde mental. E como podemos fazer isso?

Característica inata, mas que pode ser treinada

A serenidade, compreendida como um estado emocional de tranquilidade, leveza e mansidão, capacidade de manter-se em equilíbrio diante de situações adversas, perigosas ou traumáticas, pode ser inata para algumas pessoas que já a trazem na sua construção genética, esclarece Jean Rafael. Porém, ela também pode ser desenvolvida naqueles que não possuem a, graças à neurociência.

“Sim, a serenidade pode ser treinada. Primeiro precisamos aprender a identificar os gatilhos que nos agitam, depois os pensamentos que são originados pelos gatilhos e então identificamos o ciclo da agitação. Mudando a forma de pensar e reagir aos acontecimentos podemos então aprender a serenar. Não é nada fácil, mas é muito possível. É um treino”, ensina Lenita Aparecida Spizewski, psicóloga clínica e uma das idealizadoras do projeto Ser em Reconexão.

No meio deste cenário caótico e incerto é muito difícil não sentir medo, tristeza, raiva ou desesperança, porém as pessoas que buscam entender seu estado psicológico e observam seus pensamentos, identificam o que causa a agitação em suas mentes, alerta a psicóloga. “Uma das causas que eu identifico nas pessoas é a sensação de impotência e de falta de controle diante da pandemia. Parece que tem poucas coisas que estão no nosso controle, mas na verdade tem muitas coisas que podemos fazer: terapia, ioga e meditação, que estão sendo oferecidas de forma online. Pode-se fazer também pintura, desenho, artesanato, trabalhos manuais, jardinagem e inclusive a cozinha", diz.

Para construir a própria serenidade, Jean Rafael estabelece como três pilares a consciência, a mente e o corpo físico. Definir a consciência é saber aquilo que nos move, que faz com que encontre o meu significado e propósito de vida, enquanto a mente é a prática da gratidão, do otimismo e do relaxamento – incluídas aqui medidas como a reprogramação mental, por exemplo – e o corpo físico, que é manter-se em equilíbrio considerando a alimentação, hidratação, atividade física, sono e respiração adequada.

Na prática

Os tempos difíceis passam, ainda que não saibamos exatamente quanto tempo levará, então saber que tudo é transitório é muito importante, destaca Lenita. “Desenvolver o autoconhecimento é fundamental para entender o seu perfil e logo identificar o que mais preocupa ou agita os pensamentos e então passar a gerenciá-los. E se a pessoa não conseguir lidar sozinha com esse momento, pedir ajuda é fundamental”, complementa a psicóloga.

Para auxiliar na busca pela serenidade em tempos difíceis, Jean Rafael elencou, então, 10 dicas que podem ser seguidas por qualquer um que deseje:

  1. Seja grato sempre, porque mesmo quando as coisas não vão bem, sempre temos algo ou alguém por quem agradecer.
  2. Busque se exercitar em casa, se for o caso, mas mexa-se! Os hormônios da prática da atividade física são benéficos à construção da saúde mental.
  3. Procure aproveitar cada minuto e cada segundo da sua vida, e foque sua atenção nestes momentos e descortinará sobre você uma força motivadora intensa.
  4. Diante da adversidade encontre qual é o aprendizado que aquela situação quer te mostrar e o que você pode mudar a partir dela.
  5. Busque se autoconhecer, percebendo as emoções que estão presentes dentro de você e não brigue com elas, apenas acolha-as e decida o que fazer em seguida. Isso é agir em vez de reagir.
  6. Prepare-se para dormir: leia um bom livro, não coma muito antes de ir para a cama e escute uma música relaxante.
  7. Seja flexível com o que não depende de você mudar, faça o seu melhor e siga adiante.
  8. Busque desenvolver o autoamor, cuidar de você e criar espaços para você diariamente. Esta atitude auxilia na sua autoestima.
  9. Cultive a alegria de viver e o bom humor.
  10. Crie positividade em sua vida e na vida daqueles que estão próximo a você. Isso torna o ambiente mais saudável.
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