Davi, em busca de uma medula para o pai, se tornou símbolo da campanha.| Foto: Arquivo pessoal/André Luiz Pereira Torres
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O que parecia uma virose que demorou a passar, virou a maior luta da vida do vendedor André Luiz Pereira Torres, morador de Maranguape, no Ceará. Faltavam poucos dias para a festa de aniversário do filho Davi, quando ele foi ao pronto socorro achando que logo estaria em casa. Mas, não. André ficou 37 dias internado e comemorou o primeiro ano do Davi, em uma sala reservada do hospital.

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“Eu consegui passar uma horinha com ele só. Não gosto nem de lembrar, que já me emociono”, confessa André. Uma leucemia transformaria para sempre a história dessa família. Hoje, pouco mais de três anos depois, ele entende que tudo isso tinha um porquê e encara como propósito. “Eu sempre achei que o câncer só dava na casa do vizinho, que notícia ruim não bate na nossa porta. Esse foi meu primeiro aprendizado”, revela.

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Passado o choque do diagnóstico e a agonia de encarar os primeiros dias enfrentando a doença, logo veio a notícia de que André precisaria de um transplante de medula. Ele tem dois irmãos então acreditava que tinha boas chances, mas os exames mostraram que não havia compatibilidade. Começava, então, a busca por um doador.

“Eu precisava de um doador 100% compatível e fomos buscar informações. Eu vi que a chance era de 1 para 100 mil”, lembra André. Assustada com a dificuldade, a família resolveu se mexer e incentivar o cadastro de doadores. Despretensiosamente postada em uma rede social, uma foto de Davi pedindo por uma medula para o pai foi o início de um trabalho que existe até hoje.

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Em três meses 1,5 mil pessoas foram cadastradas graças aos Caçadores de Medula. “Montei um QG de vendas no hospital. Eu tinha uma agenda de dias e horários e consegui para levar o hemocentro da cidade para dentro das empresas”, conta André. Ele diz, ainda, que foi esse empenho que o ajudou a passar pelas sessões de quimioterapia. “No meio desse processo tivemos a ideia de criar um perfil nas redes sociais. A principal ideia era encontrar uma legião de caçadores para ajudar outros pacientes”, esclarece.

O tratamento seguiu, funcionou e em fevereiro de 2019 um doador compatível foi encontrado nos Estados Unidos. A família foi para São Paulo, André passou pelo transplante e quase duas semanas depois, recebeu a notícia tão aguardada. “Deus enviou a resposta que eu precisava ter de que eu estava fazendo a coisa certa”, destaca.

Mais de dois anos depois o trabalho dos Caçadores de Medula continua. André já não sabe dizer quantas pessoas fizeram o cadastro no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, mas tem certeza de que tem muitos motivos para celebrar. “Aquela dor, aquele sofrimento que eu passei, valem a pena”, admite. E conclui: “Receber aquela foto no hospital foi incrível. Naquela época eu não era mais o herói dele. O meu herói passou a ser meu filho. Para mim e todos os outros pacientes que esperavam um doador”.