Edilaine passou fome e enfrentou a miséria, mas foi acolhida em uma vila de Curitiba. Hoje atende 300 crianças em um contraturno.
Edilaine passou fome e enfrentou a miséria, mas foi acolhida em uma vila de Curitiba. Hoje atende 300 crianças em um contraturno.| Foto: Arquivo pessoal

Nem em sonho a Edilaine Aparecida de Lima poderia imaginar o que o futuro reservaria para ela. Aos 15 anos, grávida, passou fome, enfrentou a miséria. Virou catadora de papel e perdeu a guarda de uma das filhas. Doente, foi morar na Vila 29 de Outubro, em Curitiba. A ocupação fica no bairro Caximba, região do antigo aterro sanitário da capital paranaense.

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Só que essa história, que tinha tudo para terminar mal, serviu de combustível para Edilaine querer fazer a diferença. Ajudada pelos moradores da Vila nos momentos de maior necessidade, ela quis retribuir. Apaixonada por Monteiro Lobato, começou a reunir as crianças do bairro, durante a tarde, para contar histórias infantis. Quando se deu conta eram 30 pares de ouvidos atentos e bocas famintas, esperando pelo lanchinho que ela servia depois das leituras.

“Eu acredito muito nessa base da educação infantil. Se trabalharmos bem a base, amanhã a gente vai ter cidadãos do bem”, diz a voluntária, que, durante as atividades, se veste de Emília, um dos principais personagens da literatura brasileira. A Biblioteca dos Amigos do Caximba é o coração dessa ideia que difunde a leitura, o folclore, promove brincadeiras e oferece noções de higiene pessoal a crianças de 2 a 14 anos.

Durante muito tempo, com uma estrutura precária, o projeto se desenvolveu na casa da Edilaine. As crianças frequentavam o local no contraturno escolar, enquanto os pais estavam trabalhando. A maior parte, carrinheiros, que passam o dia longe de casa. “Eu não quero que aconteça com os outros o que aconteceu comigo. As crianças ficam aqui na biblioteca e não precisam ir pra rua, com os pais”, afirma Edilaine.

Apoio

As doações sempre foram essenciais para manter o trabalho, responsável hoje por 310 crianças. Outras 400 aguardam na fila de espera. Além das atividades promovidas regularmente, ao longo do ano são realizados mutirões para distribuir alimentos e brinquedos, enxovais para gestantes e kits de higiene para idosos. No último Natal, foram 1,6 mil crianças atendidas. “A gente conta somente com o amor do próximo”, revela a fundadora do Amigos do Caximba. Além disso, a empresa dos calçados de Neoprene Air – que evitam deslizamentos em pisos escorregadios e mantém a temperatura dos pés, entregou calçados para 400 crianças da comunidade, conforme conta esta matéria da Tribuna do Paraná.

Foi também por uma doação que veio uma das maiores conquistas: uma sede própria, com capacidade para atender 600 crianças, de manhã e à tarde. Só que a estrutura ainda não pôde ser usada de forma apropriada porque as atividades foram suspensas durante a pandemia, em 2020. A expectativa é conseguir retomar a rotina, assim que possível.

A busca, agora, é por empresários que ajudem a manter o projeto com toda a estrutura funcionando. Dezenove voluntárias ajudam a cuidar de tudo, em troca de uma cesta básica no fim do mês. É o amor pelo que fazem e pelas crianças do bairro que inspira e que leva esse projeto adiante. “A gente tem essa força de vontade de crescer mais pra poder cuidar melhor das crianças”, conclui Edilaine.

Como ajudar

Para colaborar com o projeto entre em contato pelo telefone: (41) 99772-9081.

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