O motorista não estava escalado para aquele dia e a doadora só estava no ônibus porque outro plano deu errado – e no fim esses acasos salvaram uma vida.
| Foto: Facebook/Valerie Knoll Scott

Era para ser apenas uma brincadeira, mas tinha um fundo de verdade – e acabou salvando uma vida. Rex Scott, o motorista de um ônibus de turismo que passa por cervejarias de Indianápolis, nos Estados Unidos, brincou ao se despedir de seus passageiros em uma tarde de agosto de 2019: “Aceito rins como gorjeta”. Entre eles estava Joyce Smith, que curtia o dia junto da amiga noiva Heather Musch e de duas outras madrinhas de casamento.

Hoje, e já há duas semanas, a esposa de Rex, Valerie Scott, carrega dentro de si o rim que era de Joyce – graças àquela piada. Joyce se preparava há meses para doar um rim a Heather, tendo passado por uma série de consultas médicas até se tornar uma doadora viável. Só que Heather não estava saudável o suficiente para passar pela cirurgia e a janela de viabilidade de Joyce estava para acabar. O gracejo foi um estalo para ela, que então puxou o assunto com Rex e acabou por se disponibilizar a doar um rim à esposa do motorista – com o apoio total de Heather.

Para que o transplante dê certo, não basta um doador à disposição: é preciso que tipo sanguíneo e seis antígenos combinem. Mas esse não foi o único acaso daquele dia: visitar as cervejarias da cidade com o Indy Brew Bus não era o plano inicial das meninas – foi a opção que tinham depois de o plano inicial dar errado. E Rex nem mesmo estava escalado para dirigir aquele dia.

 Joyce Smith (a primeira da esquerda para a direita), que doou o rim para a esposa do motorista, e, ao centro, a amiga Heather Musch. | Foto: Facebook/ Heather Musch
Joyce Smith (a primeira da esquerda para a direita), que doou o rim para a esposa do motorista, e, ao centro, a amiga Heather Musch. | Foto: Facebook/ Heather Musch

Valerie só tinha duas opções: diálise ou transplante. Ela tinha recebido o diagnóstico de doença do rim policístico havia 7 anos. Sua mãe teve o mesmo problema e recebeu um órgão 17 anos atrás.

Quem conhece Joyce não ficou surpreso com o gesto de generosidade voltado a uma completa desconhecida. Ela e o marido, James Smith, cuidam de nove crianças, entre filhos biológicos, filhos adotivos e crianças acolhidas temporariamente. Uma delas até mesmo recebeu um rim transplantado há 6 anos.

Além disso, a própria Joyce só vive hoje graças a um transplante de fígado que recebeu de seu pai quando era criança – e ele mesmo morreu na fila de espera por um transplante. “Só quero fazer a diferença na vida de outras crianças, como aconteceu comigo”, disse ela ao canal local News 8. “Não vou levar todos esses órgãos comigo, então o que eu puder fazer pelos outros agora, eu quero fazer”.

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