Neste momento é necessário expor a situação à família para que todos colaborem com a redução no orçamento familiar.
Neste momento é necessário expor a situação à família para que todos colaborem com a redução no orçamento familiar.| Foto: Bigstock

Depois de atingir a marca de 14,4 milhões de desempregados durante a pandemia de Covid-19, o Brasil mostrou sinais de recuperação econômica com crescimento de 15,8% no número de admissões durante o primeiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, para retornar ao mercado de trabalho no cenário atual ou em qualquer outro momento econômico é necessário saber lidar com a frustração para transformar a situação de desemprego em uma oportunidade de crescimento.

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Afinal, “trabalhar traz prestígio, status social, oportunidade de estabelecer metas, conseguir recursos para a educação dos filhos e de planejar a vida futura”, afirma a psicóloga Adriane Branco, ao explicar que o fato de perder esse controle e deixar a família desamparada afeta questões como autoimagem, autoestima e identidade do indivíduo. “E isso pode resultar em sofrimento psíquico”, alerta a especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Centro Psicológico de Controle do Stress (CPCS).

Para evitar isso, é preciso respeitar os sentimentos de tristeza, raiva, indignação ou medo que surgem com a demissão, e ainda cuidar de si mesmo para manter a saúde física e mental nesse período. “Reflita sobre o que aconteceu, reveja atitudes e comportamentos, e avalie se precisa de mudanças a partir de agora”, orienta Adriane.

Além disso, é necessário expor a situação à família para que todos colaborem com a redução no orçamento familiar. “Então, converse primeiro com seu cônjuge e, depois, vocês podem falar com seus filhos, sem divergir na frente deles”, indica a especialista, ao pontuar que crianças maiores – que já compreendem a situação – também podem opinar a respeito de itens para serem retirados da rotina durante essa fase de transição.

“Foi isso que fizemos aqui”, relata o paranaense César Augusto de Oliveira. Depois de perder o emprego na área de manutenção de uma empresa em Curitiba, em fevereiro deste ano, ele conversou com sua mulher a respeito do novo contexto familiar e, juntos, definiram com as filhas de 10 e 12 anos algumas alterações no orçamento. “Elas entenderam que só compraríamos o essencial, não sairíamos mais para comer fora e nem pediríamos comida por delivery porque precisávamos economizar”, conta.

Ainda nas conversas em família, César decidiu focar a busca pelo novo emprego em uma área diferente: Contabilidade. “Estou no último ano de Ciências Contábeis, então seria a oportunidade para eu conseguir um estágio remunerado”, conta o estudante de 36 anos, que conseguiu a vaga em menos de um mês. “Agora estou dando meu máximo para tentar ser efetivado”.

Essa, de acordo com a psicóloga Adriane Branco, é uma das maneiras de transformar a situação de desemprego em algo positivo. No entanto, cada pessoa deve procurar o que fará sentido para sua realidade, já que é possível realizar cursos de qualificação para aperfeiçoar o currículo, se candidatar a uma vaga na “empresa dos sonhos” ou colocar em prática estratégias diferentes para ser visto no mercado de trabalho. O importante é entender que, “apesar de ser um momento de transição delicado, pode ser aproveitado para o seu crescimento pessoal e profissional”, conclui.

Como falar de desemprego para filhos pequenos?

Vale ressaltar que, em famílias com crianças pequenas que ainda não compreendem a situação, o fato deve ser apresentado de forma lúdica, por meio de histórias ou brincadeiras.

“Sempre dizendo que há uma mudança, mas que os adultos já estão lidando com ela”, orienta a psicóloga. Agir dessa forma evita que os pequenos sintam medo excessivo ou angústia, algo que eles ainda não têm capacidade emocional para administrar.

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