Variante identificada primeiro nos Estados Unidos ainda não havia sido detectada no Brasil. Paciente é médico de 29 anos
Variante identificada primeiro nos Estados Unidos ainda não havia sido detectada no Brasil. Paciente é médico de 29 anos.| Foto: Bigstock

Uma reinfecção pelo novo coronavírus identificada em Minas Gerais foi provocada por uma linhagem que ainda não havia sido detectada no Brasil e que circula nos Estados Unidos desde outubro de 2020, segundo informações do Laboratório de Imunopatologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) com base nos principais bancos de dados globais de informações genéticas do Sars-CoV-2.

O paciente, médico de 29 anos, morador de Sabará, cidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte, recebeu o primeiro diagnóstico da Covid-19 em maio, a partir de um exame RT-PCR – que identifica a presença genética do vírus nas mucosas. Nessa época, o médico relatou ter tido sintomas como febre, tosse seca, faringite, diarreia e dor muscular, mas não precisou ser internado.

Três meses depois, em agosto, um exame sorológico – que identifica a presença de anticorpos contra o Sars-CoV-2 –confirmou o contato anterior com o vírus, indicando a presença do anticorpo IgG (que demonstra uma infecção mais antiga). Em dezembro, no entanto, ao refazer o exame sorológico, o resultado foi negativo.

No dia 6 de janeiro, o médico voltou a ter sintomas e, ao fazer o exame RT-PCR, o resultado foi positivo novamente para a presença do vírus. De acordo com informações divulgadas pelo Laboratório da UFOP, o paciente havia retornado recentemente do Rio de Janeiro, e apresentou, de novo, sintomas, mas sem necessidade de internação.

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Reinfecção confirmada

A confirmação da reinfecção ocorreu na última segunda-feira (1º), em trabalho conjunto da UFOP com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Fundação Ezequiel Dias (Funed).

Para tanto, foram analisadas amostras congeladas do exame RT-PCR do paciente, que foram recuperadas pelos pesquisadores da UFOP, junto com o Hospital Mater Dei, e encaminhadas à Funed. Lá, foi feito o sequenciamento completo do genoma viral.

A primeira infecção do médico foi causada pela linhagem viral B.1.1.28 – circulante no Brasil desde março de 2020. Já no caso da segunda infecção, foi a linhagem B.1.2, de origem norte-americana, que circula nos Estados Unidos, de forma mais intensa, desde outubro de 2020.

Segundo os principais bancos de dados globais de linhagens do Sars-CoV-2, a B.1.2 ainda não havia sido detectada no Brasil. Este já é o sétimo caso de reinfecção confirmado no país, e o primeiro em Minas Gerais.

Culpa da variante?

De acordo com Alexandre Reis, pesquisador do Laboratório de Imunopatologia da UFOP, não é possível afirmar que apenas a exposição a uma nova linhagem do vírus tenha sido o único fator responsável pela reinfecção. "O fato de os níveis de anticorpos do paciente terem negativado, assim como outros fatores ainda não bem elucidados, devem também ter contribuído para o quadro", analisa em comunicado da UFOP.


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