O cronograma de vacinação das crianças deve ser mais lento que o avanço da pandemia e pode afetar a reabertura das escolas.
O cronograma de vacinação das crianças deve ser mais lento que o avanço da pandemia e pais se preocupam com a volta às aulas. cronograma de vacinação das crianças deve ser mais lento que o avanço da pandemia e pode afetar a reabertura das escolas.| Foto: Bigstock

O Governo Federal já anunciou o cronograma de vacinação contra a Covid-19 para crianças menores de 11 anos no Brasil. Só que com o avanço diário do número de casos e com o início das aulas cada vez mais próximo, muitos pais estão em dúvida se o começo do ano letivo pode ficar comprometido ou se, novamente, as escolas serão fechadas.

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A cada dia que passa surgem mais dúvidas com relação ao avanço da pandemia, mas o que ninguém questiona é que o ambiente escolar passou a ser mais valorizado depois do fechamento das escolas. A pedagoga Tatiane Alves dos Santos afirma que é nítido como hoje os pais veem a questão com outros olhos. “Hoje a escola não é só conteúdo. É uma construção de conhecimento. É um coletivo, é afeto”, destaca.

Aprendizagem comprometida

O período que as crianças passaram em casa não foi exatamente perdido, mas em termos de aprendizagem e desenvolvimento de habilidades, não foi nem perto do ideal, na opinião da pedagoga. “Foi muito difícil trabalhar na pandemia. Nem os pais nem os professores estavam preparados”, ressalta Tatiana, que completa: “A gente sabe o quanto é importante essa aproximação, o quanto as escolas são estimulantes e enriquecem”.

É justamente por isso que a psicóloga Débora Fraiz não tem dúvidas quanto ao retorno do filho às salas de aula, independentemente do cronograma de vacinação. Ela não sabe se o filho Benício, de 10 anos, estará vacinado contra a Covid-19 antes do início das aulas, mas se diz tranquila em mandá-lo para a escola caso o retorno continue previsto. “Tem muitos artigos que falam sobre o impacto cognitivo e social sem aula presencial. Psicopedagogos dizem que o prejuízo será sentido nos próximos anos”, explica Débora.

Calendário de vacinação

O médico Victor Horácio de Souza Costa Júnior, infectologista pediátrico e professor do curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), se mostra preocupado com a velocidade de replicação do vírus em comparação ao ritmo de vacinação das crianças até o início das aulas. “Na proporção que o Ministério da Saúde está programando a gente vai ter uma dose apenas e talvez não na totalidade da faixa etária”, explica.

“Os casos estão crescendo muito então a vacina é importante, mas a gente não sabe se a velocidade de vacinação vai dar conta”, alerta o médico. Mas, mais do que prevenir novos casos ou a gravidade da Covid-19, o pediatra diz que é alarmante como o calendário vacinal geral de muitas crianças está em atraso. “Temos uma estatística recente do Ministério da Saúde que mostra que a cobertura vacinal no Brasil está muito baixa para doenças e vacinas já existentes”.

O que diz a lei

A Gazeta do Povo entrevistou uma advogada que esclareceu pontos importantes relacionados à obrigatoriedade da vacinação de crianças no Brasil. Regina Beatriz Tavares da Silva, advogada, presidente da ADFAS (Associação de Direito de Família e das Sucessões) e pós-doutora em direito da bioética, diz que a Constituição Federal, o Código Civil e o Estatuto da Criança e do Adolescente não impõem a medida expressamente, que isso é uma reflexão que cabe aos pais. Ela enfatiza, porém, que mais do que direitos, os pais têm deveres com relação aos filhos.

Ainda é cedo para saber se até o fim do mês e início do próximo, quando está previsto o retorno da maioria das crianças às salas de aula, novas medidas sanitárias serão necessárias. A expectativa de grande parte dos pais, porém, é que tudo se normalize o mais breve possível para que as escolas possam funcionar novamente, com segurança. “As crianças gostam da rotina escolar de ir para a escola, ver os amigos, a professora. Elas pegaram até trauma nesse sentido e se cuidam para que a gente continue em aula presencial”, conclui Tatiana.

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