Instituição está com duas candidatas em desenvolvimento. Apenas uma seguirá para testes em humanos, que poderão começar em 2021
Instituição está com duas candidatas em desenvolvimento. Apenas uma seguirá para testes em humanos, que poderão começar em 2021| Foto: Divulgação /Josué Damacena / IOC / Fiocruz

Na disputa por vacinas que atuem contra a Covid-19, não há apenas candidatas estrangeiras. Instituições brasileiras também estão desenvolvendo imunizantes, ainda que em fases iniciais.

Siga o Sempre Família no Instagram!

O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos - Fiocruz) é uma delas e trabalha com duas iniciativas que poderão ser testadas em seres humanos em 2021, segundo informações da Agência Brasil. Caso os resultados sejam positivos, ao menos uma delas poderá estar disponível para a população em 2022.

As plataformas tecnológicas que Bio-Manguinhos tem usado para as candidatas são pioneiras, segundo o vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Sotiris Missailidis. "Essas duas abordagens que a gente está utilizando não competem com as linhas de produção que vamos usar para a AstraZeneca. Então, potencialmente, poderíamos oferecer as duas ao mesmo tempo, o que oferece uma soberania nacional", explica Missailidis, em entrevista para a Agência Brasil.

Até o momento, as vacinas da Fiocruz já foram aprovadas nas fases de testes em animais, demonstrando uma produção de resposta imune, sem prejudicar a saúde. Agora, os pesquisadores vão avaliar como os animais respondem ao serem expostos ao novo coronavírus. Os testes devem ocorrer ainda em novembro.

"Ter uma vacina própria, com que você pode garantir o mercado nacional, com a mesma eficácia de vacinas de grande farmacêuticas, é muito importante para as instituições públicas, para a saúde e para a ciência brasileira", destaca Missailidis.

Vacina sintética e de subunidade

As vacinas em desenvolvimento pela Bio-Manguinhos utilizam de uma tecnologia nova. Uma delas, classificada como vacina de subunidade, prevê a injeção das proteínas Spike (S) e Nucleocapsídeo (N), do Sars-CoV-2, no organismo humano, para que o sistema imunológico reconheça como o vírus e, quando de fato encontrar o coronavírus, saiba se proteger.

A proteína Spike é aquela que compõe a "coroa de espinhos", que caracterizam o coronavírus. Já a proteína N faz parte do núcleo do vírus. É importante destacar que a injeção dessas proteínas no organismo não é capaz de causar a doença.

No caso da segunda iniciativa é de uma vacina do tipo sintética. A candidata se baseia em biomoléculas chamadas de peptídeos antigênicos de células B e T. Essas são pequenas partes do novo coronavírus que, então, são acoplados a nanopartículas. Juntos, vão ajudar na indução da resposta imune do corpo.

Os peptídeos foram identificados em métodos computacionais e produzidos por síntese química. "É uma tecnologia nova e não há nenhuma vacina dessas ainda no mercado. Ela oferece a vantagem que poderia ter começado a ser desenvolvida antes de o vírus chegar ao Brasil, visto que não precisava do vírus para a produção da vacina. É diferente, portanto, das vacinas que usam o vírus inativado", cita Sotiris Missailidis, vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Instituto de Bio-Manguinhos/Fiocruz.

Início dos testes em humanos

Por uma questão de economia, apenas uma das candidatas - a que apresentar melhor resultado - deverá seguir para testes em seres humanos. A expectativa é que a fase 1 tenha início já em 2021. Dependendo da agilidade dessas fases, especialmente a 3, a vacina poderá estar disponível para a população em 2022.

Mas isso não dependerá apenas dos pesquisadores. Se o número de novas infecções cair nos próximos anos, a pesquisa poderá levar mais tempo para terminar, visto que a fase 3 precisa que um número na casa dos milhares de voluntários sejam testados em um ambiente de maior circulação do vírus - para que a eficácia da vacina seja, então, colocada à prova.

Deixe sua opinião