Desânimo, alterações no sono e mudanças no apetite são indícios de depressão e mostram que é hora de buscar ajuda especializada
Imagem ilustrativa| Foto: Ben White/Unsplash

Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a doença mais incapacitante da atualidade, a depressão atinge homens e mulheres de todas as idades, é responsável por mais de 800 mil suicídios anualmente e, segundo o Ministério da Saúde, atinge cerca de 15% da população brasileira. No entanto, grande parte dos pacientes que a enfrentam não sabem disso e, quando seus amigos percebem que há algo errado, a depressão já está em fase avançada.

Por isso, o médico Glauber Higa Kaio, vice-presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria, afirma que a atenção da família é fundamental para identificar o quadro depressivo ainda no início e que o conhecimento a respeito dos sintomas pode ajudar. “Principalmente porque a maioria das pessoas imagina que o único sinal da doença é a tristeza e que o indivíduo com o problema precisa estar sempre com a cara fechada”, comenta.

Só que não é assim. Ainda que aquela infelicidade persistente seja forte indício da depressão, outros sinais também aparecem e servem de alerta. Então, é necessário conhecer cada um deles, respeitar a pessoa que está doente e saber como agir. “Lembrando que há dicas para controlar os sintomas, mas o tratamento precisa ser realizado por um psicólogo ou psiquiatra o quanto antes”, aponta o especialista.

  1. Desânimo

    De acordo com ele, um dos primeiros fatores de alerta é o desânimo, que faz com que a pessoa perca o interesse em realizar atividades simples que antes lhe davam prazer. “Não quer mais sair com amigos, ler um livro, assistir televisão, ouvir música ou até visitar a família”. No entanto, ainda que esse desinteresse seja frequente, é possível “mascará-lo” em algum evento ou em uma conversa. “Aí a família acha que o indivíduo está bem só porque ele riu naquele momento ou parecia se divertir, sendo que, na verdade, pode estar contando as horas para ir embora”, alerta Kaio, que aconselha acompanhamento diário dessa pessoa. “Lembrando que a depressão pode ocorrer com crianças, jovens, adultos e idosos”.
  2. Alterações no sono

    Outro sintoma que costuma dar início à depressão é a alteração no sono. Segundo o especialista, na maioria dos casos o indivíduo acorda durante a madrugada e não consegue dormir mais, então não descansa adequadamente e passa o dia sonolento ou com oscilações de humor. Portanto, é essencial seguir uma rotina com horário definido para dormir e acordar, além de “reduzir o consumo de bebidas e alimentos estimulantes, como café, chimarrão, chá mate e até chocolate e refrigerantes à base de cafeína”, orienta o especialista, que orienta ainda a não ingestão de bebidas alcoólicas, pois “elas diminuem o sono profundo”.  
  3. Falta de atenção e perda de memória recente

    Sem dormir adequadamente, a pessoa com depressão também apresenta dificuldade de concentração, não consegue acompanhar os detalhes de uma conversa e pode esquecer rapidamente algo que ouviu. “Com isso, fica muito difícil ler um livro, estudar e até prestar atenção em um filme”, comenta o psiquiatra.
  4. Cansaço excessivo

    Ao mesmo tempo em que não se concentra, a pessoa também apresenta cansaço excessivo e bastante sono ao longo do dia, pois não descansou adequadamente durante a noite. Por isso, a família deve ajudá-la a manter uma boa rotina de sono, fazendo todo o possível para que tenha um repouso adequado. “Isso porque, muitas vezes, dormir bem por aproximadamente cinco dias seguidos já pode ajudar a sair de um quadro depressivo”, informa o especialista.  
  5. Mudanças no apetite

    Também é comum que a pessoa com depressão apresente alterações no apetite, passando a comer mais ou menos que o habitual. “Ela começa a comer tudo o que tem vontade, ainda que não tenha fome, ou pode simplesmente evitar comida”, explica Kaio, que pede aos familiares e amigos para atentarem ao peso do indivíduo e estabelecerem uma alimentação mais saudável em casa.
  6. Agitação ou lentidão

    É comum ainda o paciente ficar mais agitado ou lento na realização de suas atividades diárias. Portanto, se aqueles que estão por perto verificarem que o indivíduo está bem ansioso, apressado, fica andando sem parar ou que agora demora muito tempo para executar tarefas que antes fazia com facilidade, é preciso buscar ajuda.
  7. Sentimento de culpa ou inutilidade

    Outro fator de alerta é o indivíduo se sentir inútil e culpado por todos os problemas ao redor. Assim, começa a dizer que não vale nada, que não é importante e que merece aquilo que acontece com ele. Ao ouvir isso, a família deve apresentar argumentos contrários para mostrar o quanto aquele indivíduo é especial e, claro, incentivá-lo a conversar com um psicólogo ou psiquiatra.
  8. Pensamentos suicidas

    Quando esse sentimento de inferioridade não é controlado, a pessoa começa a imaginar que a única maneira de aliviar seu sofrimento e o dos demais é sua morte. Com isso, fala que deseja sumir, que estaria bem se o mundo acabasse naquele dia e demonstra sua vontade de dormir eternamente. “E ela pode ter apenas ideias de suicídio ou iniciar as tentativas”, alerta o psiquiatra. Por isso, “quando alguém falar em desaparecer, em ficar isolado e em dormir bastante, a situação é grave e precisa de tratamento imediato”.
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