Quimioterapia é indicada a alguns, mas não todos os casos.
Quimioterapia é indicada a alguns, mas não todos os casos.| Foto: Bigstock

Quando se fala em câncer, logo vem à mente a palavra quimioterapia e, com ela, a imagem da queda de cabelos, vômitos e dores. O reconhecimento deste que é apenas um dos tipos de tratamento oncológico se deve às várias referências em filmes, séries e novelas de personagens com a doença.

Mas, como os pacientes e especialistas podem comprovar, a quimioterapia não é nem a primeira intervenção, nem a melhor opção para muitos dos casos. Tire as dúvidas sobre esse tratamento, de acordo com as orientações de Bruno Roberto Braga de Azevedo, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, regional Paraná, e cirurgião oncológico do Hospital São Vicente, de Curitiba; e com Johnny Camargo, hemato-oncologista do Instituto de Oncologia do Paraná.

Como age a quimioterapia?

O câncer, seja do tipo que for, tem uma característica importante: ele se forma a partir do crescimento e da multiplicação desordenada de células. Com essa divisão errada, as células se tornam agressivas e incontroláveis pelo organismo, invadindo órgãos e tecidos. Assim, formam-se os tumores – ou o conjunto dessas células – que rapidamente se espalham para outras partes do corpo.

A quimioterapia é um medicamento, que pode ser ingerido oralmente ou aplicado nas veias, músculos e sob a pele, e cujo objetivo é conter a multiplicação errada das células, destruindo-as.

Quais são os efeitos colaterais da quimioterapia?

Para encontrar o câncer, o medicamento quimioterápico tradicional usa da característica principal dessas células e mira em todas aquelas que se multiplicam mais rapidamente que o normal. Nessa busca, o tratamento acaba atingindo outras células, saudáveis, que também se dividem muito rapidamente, mas que não são cancerígenas, como as células do cabelo, da mucosa da boca e intestino.

“A quimioterapia não age de modo específico na célula tumoral, por isso há os efeitos colaterais de queda de cabelo e ressecamento na boca”, exemplifica Bruno Azevedo. Entretanto, o avanço tecnológico tem trazido medicamentos quimioterápicos que evitam os efeitos colaterais ao mirar e acertar apenas as células cancerígenas.

Os tratamentos oncológicos também são indicados, por vezes, em conjunto. “Todas essas modalidades, a cirurgia, quimio, rádio e imunoterapia, são complementares. Usamos quimio e imunoterapia juntos, ou quimio e radioterapia, cirurgia e rádio. Há ‘n’ formas de combinação”, diz Johnny Camargo.

"Essa diferenciação do estágio do câncer, como inicial, intermediário ou avançado, é essencial para determinar quando será utilizada a quimioterapia", diz Azevedo. "No caso inicial, seria um complemento ao tratamento cirúrgico. No intermediário, ajuda a diminuir o estágio da doença para fazer a cirurgia. No terceiro cenário, a cirurgia não ajuda o paciente, então se escolhe recorrer à quimioterapia", explica o cirurgião oncológico.

Quando a quimioterapia não é indicada?

Há pacientes que, logo de início, têm um estado geral de saúde ruim. Para eles, a quimioterapia, por ser um tratamento que atinge todo o corpo e mesmo células não cancerígenas, pode não ser a melhor indicação.

“Tudo isso precisa ser discutido, e pesados os riscos e benefícios. Em um paciente nesse estado geral ruim, a quimioterapia pode prejudicá-lo e mesmo levar medo a ele. A quimioterapia é voltada a casos em que há o risco de a doença avançar”, diz Azevedo.

E quando é indicada?

Antes de a quimioterapia ser indicada ao paciente, o médico oncologista checa alguns fatores, como estadiamento da doença, ou o estágio que o câncer se encontra: se é inicial, intermediário ou avançado. Além disso, claro, é verificado o estado geral do paciente. Veja como é cada estágio:

  • Estágio inicial: quando o câncer se encontra em um estágio inicial, limitado a um órgão, por exemplo, o primeiro tratamento tende a ser cirúrgico, para a retirada do tumor. Isso não significa que, na sequência, a pessoa não possa receber a quimioterapia, que pode ser indicada para eliminar as células cancerígenas que tenham permanecido. Assim, reduz o risco de retorno da doença. 

    Há doenças, ainda, que apenas o tratamento quimioterápico pode tratar e levar à cura. De acordo com Camargo, o linfoma é um exemplo. “No linfoma, a cirurgia que fazemos é apenas para fazer a biópsia, mas não como tratamento. A doença, sabemos, é sensível à quimioterapia e passível de ser erradicada”, explica.
  • Estágio intermediário: no caso de doenças mais avançadas, mas ainda intermediárias, o médico pode solicitar quimioterápicos de início, que ajudam a conter o avanço da doença e reduzir os tumores e, só então, fazer a cirurgia. Nesse caso, a quimioterapia auxilia na taxa de sucesso da própria cirurgia.
  • Estágio avançado: em doenças com cenário grave, como em casos de metástase, onde o câncer também se encontra em outros órgãos, a quimioterapia pode não ajudar na cura, mas colabora com a qualidade de vida daquele paciente.
Conteúdo editado por:Adriano Justino
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