Mesmo a infecção leve a moderada por SARS-CoV-2 pode provocar desequilíbrio no sistema cardiovascular de adultos jovens e sem doenças preexistentes.
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Esta é a conclusão de uma pesquisa conduzida na Universidade Estadual Paulista (Unesp), que indica ainda que tanto a obesidade quanto o baixo nível de atividade física são fatores determinantes no pós-Covid-19 que ajudam a alterar o sistema nervoso autônomo, responsável por funções vitais do organismo, como pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória. As informações são da Agênca Fapesp.
O trabalho, que contou com o apoio da Fapesp, acompanhou indivíduos entre 20 e 40 anos antes de serem vacinados.
Diagnóstico mais minucioso
“Esses resultados nos dão elementos para incentivar as pessoas para que, mesmo com sintomas leves de Covid, busquem um diagnóstico mais minucioso após a contaminação. A bagagem deflagrada pelo vírus pode ter consequências e o paciente não sabe”, avalia o coordenador do projeto, professor Fábio Santos de Lira, do Departamento de Educação Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp, campus Presidente Prudente eum dos autores do artigo publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health.
O principal achado foi que, mesmo em infecções leves e moderadas, adultos jovens contaminados pelo SARS-CoV-2 apresentaram: maior atividade simpática (sistema que ajusta o organismo para suportar situações de perigo, esforço intenso e estresse); menor atividade parassimpática (responsável por fazer o corpo se acalmar após uma situação de estresse); e variabilidade global quando comparados aos indivíduos não infectados. Ou seja, no grupo pós-Covid houve aumento da frequência cardíaca e menor atividade do organismo para “frear” essa frequência.
Obesos e inativos sofreram mais
Ao comparar os indivíduos com sobrepeso e obesidade e/ou inativos fisicamente, a modulação autonômica cardíaca apresentou piores índices. Com isso, os resultados fornecem novos insights sobre o papel do IMC e da atividade física na desregulação pós-infecção por Covid-19 que podem contribuir para o entendimento da fisiopatologia e do tratamento dos sintomas agudos posteriores.
“Não esperávamos um sistema cardiovascular tão alterado porque eles são jovens e sem outras doenças. Nosso trabalho mostra que pessoas infectadas pela Covid, mesmo sem sintomas graves, podem apresentar alterações funcionais importantes. Por exemplo, essa variação na frequência cardíaca pode, no futuro, se tornar uma arritmia”, afirma a pós-doutoranda na Unesp Luciele Minuzzi, uma das pesquisadoras que participaram do artigo.
O reflexo dessas variações foi registrado em atividades diárias dos pacientes, como a capacidade de fazer exercícios físicos, subir escadas e até caminhar. Eles relataram cansaço e fadiga. Para detectar o problema, é possível fazer um exame simples, conhecido como teste de caminhada de seis minutos.
Segundo Minuzzi, o grupo já havia mostrado desregulações metabólicas – como maior concentração de lipídios na corrente sanguínea e glicemia alterada – em pacientes com SARS-CoV-2 que apresentaram quadros mais graves e com internação.