Entre 2016 e 2020, a busca por atendimento médico pelos homens aumentou em 49,96%, o que indica maior preocupação com a saúde
Entre 2016 e 2020, a busca por atendimento médico pelos homens aumentou em 49,96%, o que indica maior preocupação com a saúde| Foto: Bigstock

A procura dos homens por atendimento médico, entre 2016 e 2020, aumentou em 49,96%, de acordo com dados do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA), do Sistema Único de Saúde (SUS). De cerca de 425 milhões de atendimentos feitos em 2016, os homens passaram a ser pacientes de 637 milhões de atendimentos em 2020.

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Apesar do aumento, os homens ainda ficam atrás das mulheres quando o assunto é saúde. De acordo com dados do Programa Nacional de Saúde de 2019, de 76,2% da população total brasileira que buscou atendimento médico naquele ano, apenas 69,4% eram homens. As informações foram divulgadas pela Agência Brasil.

Mulheres vivem entre sete a 10 anos a mais que os homens, e as razões são múltiplas, de acordo com Antonio Carlos Pompeo, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Uma das principais é a maior atenção dada pelas mulheres ao cuidado com a própria saúde, que vem desde a adolescência.

Pesquisa feita pela SBU com crianças e jovens estudantes entre os 12 e 18 anos mostrou que 30% das meninas, nessa faixa etária, já tinham ido a uma consulta médica. Entre os meninos, apenas 1% tinha procurado atendimento médico. "É uma coisa gritante", disse Pompeo, em entrevista à Agência Brasil.

Desconhecimento

A não procura pelo atendimento médico leva a certos desconhecimentos sobre os riscos de doenças graves e da própria saúde.

Em um levantamento feito em 2020 pela SBU com adolescentes masculinos, 44% dos entrevistados disseram que não usaram preservativo na primeira relação sexual, e que 35% não usam – ou usam raramente. Ainda, 38,57% deles não sabem sequer como colocar o preservativo.

"Em geral, eles procuram atendimento médico quando estão com sintomas. A mulher vai mais preventivamente", diz Pompeo, destacando as diferenças nos cuidados de homens e mulheres.

Câncer de próstata

As campanhas dos últimos anos alertando para os riscos do câncer de próstata fizeram com que homens acima dos 50 anos buscassem mais o médico. E isso é um ponto positivo, mas a saúde masculina deve ser vista como um todo, não apenas a próstata.

"Preventivamente, você pode detectar uma dessas doenças ou alterações de ordem geral, como diabetes, hipertensão, colesterol, triglicerídeos, tudo que interfere com a nossa vida, e também fazer diagnóstico precoce de doenças que não dão sinal na fase inicial e podem vir a ser curadas", explica Pompeo.

Apesar de o câncer de próstata ser o tumor mais frequente do homem após os 50 anos, e o segundo com maior mortalidade, há outras condições que devem ser atendidas. Como, por exemplo, o câncer de pênis que, entre 2019 e 2020, houve 6.174 diagnósticos da doença e 1.092 desses pacientes tiveram o órgão amputado por buscarem tratamento somente em estágio avançado.

Pompeo lembra ainda da fimose (incapacidade de redução do prepúcio com completa exposição da glande), que oferece mais dificuldade ao homem de fazer a higiene correta do pênis e favorece o acúmulo de esmegma, que é a concentração de óleo, sujeira, pele e umidade no órgão sexual. Isso facilita a proliferação de fungos e bactérias, que podem gerar infeções que causam dor, inchaço, mau odor

Outras doenças masculinas

Além do câncer do pênis e da próstata, o homem está suscetível a ter câncer de testículo. O tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens, de acordo com a SBU. Entre 2019 e 2020, foram 446 óbitos.

A hiperplasia prostática benigna (HPB) é outra doença que afeta a qualidade de vida do homem. Cerca de 50% dos indivíduos acima de 50 anos terão HPB; aos 90 anos, essa condição afeta cerca de 80% dos pacientes. Entre os principais sintomas estão dificuldade de urinar, jato urinário fraco, sensação de que a bexiga não foi completamente esvaziada, aumento do número de idas ao banheiro durante a noite e vontade incontrolável de urinar.

Há ainda a disfunção erétil, destacou a SBU. Estima-se que 100 milhões de homens no mundo apresentam disfunção erétil, sendo esta a mais comum disfunção sexual encontrada nessa população após os 40 anos. No Brasil, a prevalência se aproxima de 50% após os 40 anos, algo em torno de 16 milhões de homens.

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