Ao se comparar dados entre março e dezembro de 2020 com o mesmo período de 2019, há uma diferença de 26,9 milhões de procedimentos.
Para um transplante de rim, as pessoas do tipo 0 ou B ficam na lista de espera, em média, quatro ou cinco anos.| Foto: Bigstock

Um estudo laboratorial publicado na revista Science levanta a possibilidade de desenvolver "órgãos universais" para transplante entre pessoas com tipos sanguíneos incompatíveis, o que reduziria o tempo de espera para pessoas com sangue tipo 0 ou B.

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O laboratório canadense Latner Thoracic Surgery Research e o centro de transplantes UHN's Ajmera Transplant "demonstraram que é possível converter com segurança o tipo sanguíneo em órgãos de doadores destinados a transplantes" e, assim, alcançar "órgãos universais", afirmou a "Science" comunicado divulgado nesta quarta-feira.

Os pesquisadores conseguiram criar órgãos do tipo 0, o tipo sanguíneo que caracteriza os conhecidos como doadores universais, já que podem doar para todos os grupos, embora só possam receber sangue ou órgãos de outra pessoa do mesmo tipo sanguíneo.

"Esta descoberta é um passo importante para a criação de órgãos universais do tipo 0, o que melhoraria significativamente a equidade na alocação de órgãos e diminuiria a mortalidade de pacientes na lista de espera", destacou a revista.

Como exemplo, a Science cita que, para um transplante de rim, as pessoas do tipo 0 ou B ficam na lista de espera, em média, quatro ou cinco anos, enquanto as pessoas do tipo A e AB costumam esperar entre dois e três anos por um novo órgão.

"Isso se traduz em mortalidade. Pacientes que são do tipo 0 e precisam de um transplante de pulmão têm um risco 20% maior de morrer enquanto aguardam a disponibilização de um órgão compatível", declarou Aizhou Wang, um dos autores do estudo.

Por sua parte, Marel Cypel, diretor de cirurgia do Ajmera, ressaltou que "ter órgãos universais significa que podemos eliminar a barreira sanguínea compatível e priorizar pacientes por urgência médica, salvando mais vidas e desperdiçando menos órgãos".

O estudo consistiu em tratar os pulmões do tipo A, que não eram adequados para transplante, com um grupo de enzimas para limpar os antígenos na superfície do órgão. Em seguida, fizeram testes adicionando sangue tipo 0, para simular a reação caso o receptor fosse do tipo 0.

"Os resultados mostraram que os pulmões tratados foram bem tolerados, enquanto os não tratados mostraram sinais de rejeição", detalhou o comunicado.

O próximo passo dos pesquisadores será propor um ensaio clínico nos próximos 12 a 18 meses.

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