Entender por que a glicemia às vezes se comporta de maneira tão distinta durante e após os treinos é importante para quem tem diabete.
Diabético deve sentir se tem hipo ou hiperglicemia ao fazer exercícios e alterar ordem ou horário para não ter sobressaltos.| Foto: Bigstock

O exercício físico é um componente fundamental do tratamento do diabete e isso não é novidade. Entretanto muitas pessoas desconhecem particularidades dos diferentes exercícios sobre o controle da glicose e acabam perdendo a oportunidade de definir as melhores estratégias para otimizar os seus resultados.

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Idealmente, pessoas com diabete devem combinar o exercício aeróbio (caminhada rápida, corrida, bicicleta, natação) com o exercício resistido (pesos livres, aparelhos de musculação, bandas elásticas ou uso do próprio peso corporal). As informações são da Sociedade Brasileira de Diabetes, com dados do endocrinologista Wellington Santana da Silva Júnior.

Essas modalidades de exercício apresentam efeitos bem distintos no controle do diabete. Diferentemente do exercício aeróbio, o exercício resistido pode aumentar a glicemia durante a sua execução, determinando um menor risco de hipoglicemia tanto durante quanto após o exercício. Por isso, antecipar o exercício resistido em relação ao treino aeróbio pode ser uma estratégia para minimizar o risco de hipoglicemia em pacientes insulinizados, por exemplo.

Curiosamente, o efeito do exercício resistido sobre a glicemia também parece ser influenciado pelo horário do treinamento ao longo do dia. É o que demonstrou um estudo recente em adultos com diabetes tipo 1 que usavam tanto múltiplas aplicações diárias quanto bombas de insulina.

Esses indivíduos praticaram 2 séries de exercícios resistidos, com duração de 40 minutos, em dois dias distintos. Inicialmente, o exercício foi praticado em jejum, às 7h da manhã. Em um outro dia, a mesma série de exercícios foi praticada à tarde, às 17h, após um lanche (uma barra de cereal com 19 gramas de carboidratos).

Em ambos os dias, os indivíduos iniciaram o exercício com valores semelhantes de glicemia. Quando o exercício foi realizado pela manhã, houve um ligeiro aumento da glicemia, que se manteve mais elevada 6 horas após o exercício. Porém, quando realizado à tarde, o exercício determinou uma ligeira redução da glicemia, que se manteve estável após 6 horas do treinamento!

Também foi constatada maior variabilidade das glicemias nas primeiras 6 horas após o exercício realizado pela manhã. O surgimento de hipoglicemia não foi diferente em quem praticou o exercício pela manhã ou à tarde, mas a hiperglicemia foi mais comum nas 6 horas que se seguiram ao treino matinal.

Sugestão de exercícios

Com base nesses resultados, os autores sugeriram as seguintes orientações práticas: quem percebe uma tendência à hipoglicemia durante o treinamento de força, deve optar por executá-lo preferencialmente pela manhã. Por outro lado, quem percebe maior tendência à hiperglicemia após o exercício resistido, deve realizá-lo preferencialmente à tarde.

Conhecer essas particularidades do exercício resistido nos ajuda a entender por que a glicemia às vezes se comporta de maneira tão distinta durante e após os treinos. Assim, é possível agir por antecipação, planejando a melhor estratégia para explorar ao máximo os benefícios que o treinamento de força pode oferecer!

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