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Máscaras com válvula de espiração ou do tipo face shield não protegem tão bem contra o coronavírus| Foto: Bigstock

As máscaras de proteção facial já fazem parte da nossa rotina durante a pandemia de coronavírus – mas nem todas oferecem a mesma proteção. As máscaras do tipo visor de plástico, ou "face shields", e aquelas com válvulas para facilitar a respiração, embora mais confortáveis, deixam escapar uma quantidade maior de partículas do que as máscaras comuns, e portanto não são tão eficazes para impedir que o vírus se espalhe, mostra um estudo publicado na terça-feira (1) no periódico Physics of Fluids.

Para demonstrar o que acontece quando alguém tosse ou espirra usando diferentes tipos de máscaras, os pesquisadores da Florida Atlantic University usaram um manequim que "espirra" uma mistura de água e glicerina, além de lasers para visualizar como a névoa de gotículas se espalha pelo ambiente.

Os resultados mostram que, embora os visores de plástico consigam bloquear o movimento inicial para frente do jato, as gotículas expelidas se movem ao redor do visor com facilidade e podem se espalhar por uma área ampla, mesmo que a movimentação do ar seja leve. Já em máscaras equipadas com válvula, um grande número de gotículas passa pela válvula sem ser filtrado, o que reduz significativamente a sua eficácia, dizem os autores do estudo.

A máscara N95 com válvula usada nesse estudo permitiu ainda a passagem de uma pequena quantidade de gotículas pelo espaço entre o topo da máscara e o nariz.

Os visores ou face shields são mais confortáveis de usar, já que não ficam justas sobre o rosto e não escondem as expressões faciais ou abafam a voz, como a máscara comum. A máscara com válvula também tem sido escolhida porque facilita a respiração. Mas o conforto vem ao custo de maior risco de exposição ao vírus para quem está ao redor.

"As pessoas estão cada vez mais substituindo as máscaras comuns de tecido ou cirúrgicas pelos visores de plástico e também usando máscaras equipadas com válvulas de expiração", disse Siddhartha Verma pesquisador da Faculdade de Engenharia e Ciência da Computação da Florida Atlantic University e coordenador do estudo.

"Um fator que motiva a maior adoção [desses tipos de proteção] é o melhor conforto em comparação às máscaras normais. No entanto, as face shields têm vãos consideráveis na parte inferior e nas laterais, e as máscaras com saída de expiração incluem uma válvula unidirecional que restringe o fluxo de ar inspirado, mas permite a saída livre de ar. O ar inalado é filtrado pelo material da máscara, mas o ar exalado passa pela válvula sem ser filtrado", explicou Verma.

Enquanto os países avaliam como retomar as aulas de forma segura, muitas pessoas consideram a opção de usar os visores de plástico, que são mais confortáveis para uso prolongado. Mas o risco de usar um acessório que não é tão eficaz, aponta Verma, é que as pessoas em uma sala fechada estariam mais expostas a gotículas que se acumulam no ambiente com o tempo, aumentando o risco de infecções.

Para os pesquisadores, a escolha deve ser por máscaras de tecido ou cirúrgicas de boa qualidade e bem estruturadas, com desenhos lisos, que são mais eficazes para reduzir a dispersão de gotículas em aerossol do que as máscaras com válvula ou visores de plástico.

Máscaras também protegem quem as usa

Os pesquisadores da Flórida não examinaram o nível de proteção contra partículas que entram pelas máscaras, mas já existem evidências de que as máscaras protegem também quem as usa, além das pessoas ao seu redor.

Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins e da Universidade da Califórnia (ambas dos EUA) compararam a evolução de casos e mortes por Covid-19 em diferentes situações com e sem o uso de máscara, incluindo em navios de cruzeiro, salões e fábricas de alimentos. Os relatos mostram menor transmissão em grupos que usam máscara, e casos mais leves ou assintomáticos da doença em quem foi infectado pelo Sars-CoV-2 mesmo usando a proteção.

Isso porque as máscaras filtram a maioria das partículas virais, mas não todas. Quem é exposto ao vírus enquanto está de máscara receberia um "inóculo" (dose viral) menor, que levaria a uma infecção mais leve ou assintomática, defendem os autores. A relação entre a dose de vírus – respiratórios ou outros – e a gravidade das infecções já é conhecida há décadas na literatura científica.

Experimentos feitos no passado com vírus não-letais, como o da influenza, mostraram que as pessoas que receberam dose maior do vírus tiveram sintomas mais graves. Mais recentemente, testes com hamsters demonstraram que máscaras cirúrgicas ajudam a impedir a transmissão do novo coronavírus.

Os animais não usaram máscaras, mas os hamsters saudáveis foram separados dos infectados em gaiolas com "cortinas" do mesmo material das máscaras cirúrgicas. O material reduziu os contágios, e os hamsters que mesmo assim se infectaram tiveram uma doença mais leve.

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