Sinais respiratórios, entre eles a sensação de não conseguir preencher de ar os pulmões, podem indicar necessidade de ida a hospital por infecção por novo coronavírus.
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A insuficiência respiratória é a complicação mais observada entre os desdobramentos graves, inclusive mortalidades, relacionados ao Covid-19 na China e na Itália.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), se cerca de 80% dos infectados desenvolvem sintomas leves (febre, tosse e, em alguns casos, pneumonia) que não exigem hospitalização, 20% terão sintomas mais severos (dificuldade em respirar e falta de ar), necessitando de internamento para oxigenioterapia. Um quarto desses poderá desenvolver doenças críticas.

Com a expansão da pandemia, a recomendação da Sociedade Brasileira de Infectologia para quem tem sintomas leves de resfriado ou da “síndrome gripal” são de que permaneça em isolamento domiciliar por 14 dias, mesmo sem ter feito exame específico para a Covid-19.

Entretanto, para quem desenvolve a “síndrome gripal” de maneira mais aguda, isto é, com sintoma respiratório (sendo a tosse o mais comum) e febre por mais de 24 horas; ou dificuldade para respirar, mesmo sem febre, o ideal é ir à unidade de saúde mais próxima ou ao hospital, por suspeita de Covid-19.

Por este motivo vale ficar de olho em sinais de alarme para casos moderados de doença respiratória, que indicam necessidade de atendimento:

  • Sinais de esforço respiratório;
  • Dispneia ou falta de ar;
  • Taquipneia (respiração acelerada);
  • Vômitos incoercíveis, ou que não são controlados por medicação;
  • Desidratação ou hipotensão arterial;
  • Confusão mental discreta;
  • Letargia ou irritabilidade;
  • Níveis rebaixados de saturação de 02 (oxigênio).

Esses sinais são relacionados a casos moderados que exigem atendimento em unidades de saúde de hospitais segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba.

Fique de olho

Veja o que significam os sinais respiratórios desta lista, segundo Rosemeri Maurici, coordenadora da Comissão de Infecções da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e o médico intensivista Rafael Deucher, coordenador das UTIs do Hospital VITA Batel:

  1. Sinais de esforço respiratório

    Em casa, a pessoa pode perceber essa dificuldade de respirar, que surge como retração dos espaços entre as costelas ao respirar, retração do músculo esternocleidomastoídeo (que fica nas laterais do pescoço), batimentos de asa do nariz e aumento da frequência respiratória.
  2. Dispneia, a “fome” de ar

    É o termo técnico para “falta de ar”, sintoma do baixo nível de oxigênio no sangue, porque o pulmão com pneumonia não está realizando bem as trocas gasosas. Os pacientes costumam classificar como “fôlego curto”, “sensação de aperto no peito”. Também pode aparecer como uma “fome” de ar, quando a pessoa tem aquela vontade de ar e não o encontra, fica como asmática, tem aumento da frequência respiratória e começa a respirar pela boca. O sentimento se parece com aquele quando você sobe rapidamente três lances de escada. Um dos piores sintomas, que merecem atenção, é esta sensação de que o ar não preenche o pulmão.
  3. Mais “respirações” por minuto

    A taquipneia é o aumento da frequência respiratória (respirar mais rápido do que o normal). Comumente fazemos 12, 14 a 16 incursões respiratórias por minuto. Quando se respira mal essa frequência aumenta, indo para 22, 25 e até 30 incursões, o que significa aumento da frequência e é sinal de que é necessário se encaminhar a um hospital.
  4. Saturação de oxigênio

    Em níveis rebaixados, significa que o sangue não está sendo oxigenado adequadamente e isto pode ter várias causas pulmonares e não pulmonares, indicando gravidade. O nível de saturação de oxigênio pode ser verificado em casa com um aparelho chamado oxímetro. Não há sinais mais claros que possam ser verificados em casa.

Sinal vermelho

Quanto mais desses sinais estiverem juntos, maior a gravidade do quadro do indivíduo. Mas é preciso atenção redobrada à falta de ar, febre persistente por mais de 24 horas, tosse que não melhora e o cansaço excessivo, pois são os mais graves.

Outros sinais

São também sinais de alarme quando os sintomas respiratórios são concomitantes à desidratação, que pode ser verificada percebendo mucosas secas (boca e narinas secas), menor produção de saliva, lágrimas e urina, sensação de sede e tontura.

Uma forma de se perceber a desidratação é reparar se a língua está grudada no céu da boca.

Outro sinal é a confusão mental discreta que comumente podem atingir quem tem sinais respiratórios, como fala mais lenta, dificuldade de compreensão e sonolência.

Um cansaço desproporcional ao esforço realizado também é sinal importante. Fique atento!

Sepse no hospital

Caso desenvolva quadros graves, pacientes com doenças respiratórias podem apresentar vômitos que não podem ser parados, que são sinais indiretos de distúrbios metabólicos, como por exemplo acidose metabólica causada por septicemia. Também podem ser sinal de hipóxia e de pressão baixa, pois um cérebro menos oxigenado pode gerar vômitos.

As doenças respiratórias podem interferir de várias formas, também, na pressão arterial. Mas, no contexto de infecção, a hipotensão é secundária à septicemia. O problema respiratório causa hipotensão se já houver sepse com foco pulmonar, mas com esse sintoma espera-se que o indivíduo já esteja em uma UTI.

A cianose, quando a pessoa adquire uma coloração azulada de pele e em mucosas, além das pontas dos dedos, lábios, lobos das orelhas, apresenta-se em quadros graves, mostra vasoconstrição, vaso contraído e pouco oxigênio.

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