Fadiga, confusão mental e mal-estar após esforço foram os sintomas mais registrados pelos participantes do estudo da Covid longa
Fadiga, confusão mental e mal-estar após esforço foram os sintomas mais registrados pelos participantes do estudo da Covid longa.| Foto: Bigstock

Para um grupo de pessoas, os sintomas da Covid-19 não acabam em duas semanas. São os chamados long-haulers, ou pacientes com a Covid de longa duração. Uma pesquisa on-line feita com 3.762 participantes, distribuídos em 53 países, registrou mais de 200 sintomas associados a essa condição. Os resultados foram publicados na revista científica EClinicalMedicine no dia 15 de julho.

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Os sintomas identificados se espalham por nove diferentes sistemas do organismo, como neurológico, cardiovascular, dermatológico e mesmo reprodutivo. Dos mais comuns, os pesquisadores da University College London (UCL) destacam:

  • Fadiga (98,3%);
  • Mal-estar após esforço, ou a piora de sintomas após um esforço físico ou mental (89%);
  • Disfunções cognitivas, como confusão mental (85,1%).

Ainda, dos sintomas não tão comuns, mas também presentes, foram registrados:

  • Alucinações;
  • Tremores;
  • Coceira na pele;
  • Mudanças no ciclo menstrual;
  • Disfunção sexual;
  • Palpitações;
  • Problemas no controle urinário;
  • Cobreiro (reativação do vírus da varicela, com o surgimento de uma erupção na pele dolorosa);
  • Perda de memória;
  • Visão borrada;
  • Diarreia;
  • Zumbido.

Todos os participantes tinham 18 anos ou mais, e tinham vivenciados sintomas consistentes com a Covid-19, com ou sem o diagnóstico positivo para a doença. Para caracterizar a Covid longa, a análise dos dados coletados se limitou àqueles cuja doença tenha durado mais de 28 dias, e cujo o início dos sintomas tenha ocorrido entre dezembro de 2019 e maio de 2020.

Sequelas da Covid longa

De acordo com os pesquisadores, o estudo sugere que a Covid longa é composta por sequelas heterogêneas que afetam múltiplos sistemas do organismo, com impacto na qualidade de vida e na habilidade de a pessoa trabalhar. Quase metade dos participantes (45,2%) teve de reduzir a carga de trabalho em comparação com períodos anteriores à doença e 22,3% não estavam trabalhando no período que o estudo foi conduzido. A maioria (89,1%) registrou recaídas nos sintomas, sendo que os exercícios físicos e atividades mentais, além do estresse, eram os principais gatilhos.

"Nossa análise mostra que os participantes experimentam sintomas que não são comumente mencionados nas discussões públicas sobre Covid longa, e que podem se beneficiar de mais pesquisas", destacam os pesquisadores no artigo publicado.

Tempo dos sintomas

A probabilidade de os sintomas durarem para além de 35 semanas, ou oito meses, era de 91,8%, segundo o estudo. Do total de participantes, 96% afirmaram terem tido sintomas após 90 dias (3 meses) e 65% após 180 dias, ou seis meses.

Destes, apenas 233 haviam se recuperado. Daqueles que tiveram uma recuperação em menos de 90 dias, a média dos sintomas chegava a um pico na segunda semana. Entre os que não se recuperaram em 90 dias, o pico era no segundo mês.

Os participantes que ainda sofriam com sequelas da doença mesmo depois de seis meses apresentavam uma média de 13,8 sintomas no sétimo mês. No total, durante a doença, os participantes tiveram uma média de 55,9 sintomas, entre nove sistemas do organismo.

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