Embora frequente entre adultos, roncos não devem ser vistos com naturalidade, pois podem configurar um dos distúrbios respiratórios do sono
Embora frequente entre adultos, roncos não devem ser vistos com naturalidade, pois podem configurar um dos distúrbios respiratórios do sono.| Foto: Bigstock

Ronco por mais de três noites por semana e falhas na respiração ao longo do sono, embora sejam frequentes entre os adultos, não devem ser vistos com naturalidade, pois podem configurar um dos distúrbios respiratórios do sono.

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“A apneia obstrutiva do sono no adulto ou na criança, apneia do sono central, distúrbios de hipoventilação, hipoxemia, ronco ou catatrenia são os distúrbios respiratórios classificados internacionalmente como distúrbios do sono”, conta Almir Tavares, psiquiatra e médico do sono

Segundo ele, alguns destes distúrbios podem apresentar impacto limitado na saúde. Já outros podem trazer consequências sérias pelos efeitos causados no sono e no equilíbrio do oxigênio ou dióxido de carbono no sangue.

Isso porque “nesses distúrbios ocorre uma restrição do fluxo da via aérea, que pode se dar em diversos níveis (nariz, garganta ou base da língua). O ar não chega de forma adequada nos pulmões, o que causa quedas de oxigenação e/ou despertares durante a noite”, explica Carla Fabiane da Costa Zonta, otorrinolaringologista do Hospital INC e especialista em Medicina do Sono.

Por esses motivos, muitas vezes alguém pode acordar com sensação de não ter descansado, dor de cabeça, sonolência durante as atividades diurnas e mesmo assim desconhecer os motivos para tanto. E isso visto que a apneia obstrutiva do sono, causada muitas vezes pela obesidade - crescente no mundo - por exemplo, é subdiagnosticada, alerta Tavares, durante 39º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado em Fortaleza, no início de outubro.

“Se houver a presença de roncos, acordar com sensação de sono não reparador, acordar cansado, despertar muitas vezes a noite, sono agitado, sonolência durante o dia e alteração de memória deve-se suspeitar de distúrbio de sono”, acrescenta Carla.

Mas além da obesidade, existem ainda outras possíveis causas. Desde as alterações anatômicas como desvio do septo, aumento dos cornetos por rinite, adenoides grandes, amígdalas grandes, flacidez da musculatura da garganta, posição da língua, posição da mandíbula, segundo a otorrinolaringologista.

E até mesmo hábitos alimentares pouco saudáveis, atividade física insuficiente, doenças pulmonares, tabagismo, poluição do ar, insuficiência cardíaca e causas genéticas. “Inclusive o uso inadequado de medicamentos sedativos e hipnóticos pode piorar os problemas”, completa Tavares.

Diagnóstico e tratamento exigem médico especialista

O diagnóstico feito após avaliação médica, exame físico de nariz e garganta, videoendoscopia nasossinusal e polissonografia, que analisa o sono, deve ser realizado por especialistas em medicina do sono.

Confirmado o distúrbio respiratório do sono, o tratamento pode ser de diversas formas, conforme a gravidade e a presença de alteração na anatomia da via aérea. “Podem ser realizados medicamentos para tratar a rinite, cirurgias, uso de placas intraorais, exercícios de fonoterapia e uso de máscara CPAP”, exemplifica Carla.

O tratamento através da pressão positiva continua na via aérea (CPAP) é muito importante para a apneia obstrutiva do sono. Contudo, exige um equipamento que impõe um fluxo de ar contínuo na via aérea superior. “Esse aparelho se conecta ao corpo humano através de uma máscara de silicone - existem muitos modelos, colocada sobre o nariz”, conta o psiquiatra ao alertar que a adaptação à máscara e ao equipamento exige profissional especializado e certificado em sono (geralmente médico do sono ou fisioterapeuta do sono).

Prevenção e tratamento evitam prejuízos secundários

Tavares destaca que, se não tratado, além de aumentar o risco de doenças cardiovasculares como pressão alta e AVC (derrame cerebral) e prejudicar o dia a dia, com alterações na concentração e na memória, pode impactar na saúde do companheiro do paciente, que também pode ser prejudicado pelo ronco, que precipita insônia. “Por isso muitos casais mais velhos passam a dormir em quartos separados”, conta Carla.

Por isso, é importante, além do tratamento, que as pessoas busquem prevenir alguns destes distúrbios “através da alimentação saudável, atividade física regular, controle do peso corporal, manter hábitos de sono higiênicos e identificar e tratar precocemente problemas de saúde que possam vir a interferir”, conclui o psiquiatra.

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