Após os 65 anos, 10% dos homens podem ser acometidos pela infecção urinária, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia.
Frequentemente não só a bexiga estará com a infecção, mas também a próstata, o que potencialmente torna a questão mais grave para os homens.| Foto: Bigstock

Diferentemente do que ocorre nas mulheres, as infecções urinárias masculinas não são eventos comuns. Contudo, após os 65 anos, 10% dos homens podem ser acometidos por essa doença, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia.

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E isso acontece por conta da mobilidade que pode ficar reduzida na terceira idade, impedindo a ida espontânea ao banheiro. Além disso, o surgimento de outras doenças crônicas como a diabetes, hipertensão arterial, insuficiência renal ou cardíaca e o enfraquecimento muscular deixam os idosos mais propensos a infecção urinária.

Pode ocorrer ainda, em algumas pessoas acamadas, a incontinência urinária e a necessidade do uso de fraldas, aumentando a propensão a desenvolver esse tipo de infecção, exemplifica o urologista e geriatra David Shinobu Yamazaki. E ainda há os tratamentos oncológicos e cirurgias sobre o aparelho geniturinário, que podem interferir com o funcionamento normal do aparelho urinário, tornando o indivíduo mais suscetível. Desta maneira, como a imunidade de idosos tende a ser mais baixa, é preciso tratar a infecção para que não se agrave, alerta o urologista e geriatra.

Entenda os riscos

Junto com as infecções respiratórias, as de trato urinário acabam sendo causas frequentes de descompensação, inclusive de hospitalizações e de outras complicações. Karin Jaeger Anzolch, urologista e membro do Departamento de Doenças Infecciosas da Sociedade Brasileira de Urologia, avalia que as infecções urinárias nos homens sempre são consideradas complicadas, ainda que não sejam em maior quantidade como acontece com as mulheres.

Isso quer dizer, segundo Karin, que deve-se ter uma interpretação individualizada e um manejo diferente do que seria uma infecção urinária comum de uma mulher, mesmo quando não há ainda um quadro que aparente seriedade. Devem ser observadas com atenção as causas subjacentes, ou seja, as razões que levaram a essa infecção.

Além disso, após os 60 anos, é bastante comum ocorrerem comorbidades como diabetes, hipertensão, Parkinson e problemas de próstata (como a hiperplasia benigna e o câncer de próstata), que podem tornar o homem mais propenso e comprometer a sua resposta aos tratamentos. E frequentemente não só a bexiga estará com a infecção, mas também a próstata, o que potencialmente torna a questão mais grave, podendo levar a complicações como retenção urinária aguda, febre e até infecção generalizada, podendo ser fatal. Uma infecção urinária também pode ocasionar incontinência urinária, perda de apetite, cálculos urinários e descompensar doenças como a diabetes, a esclerose múltipla e o Parkinson.

Sabendo que os idosos têm maiores chances de apresentarem germes multirresistentes, cujas opções de antibióticos são limitadas, é importante sempre coletar um exame de urina com cultura para bactérias antes de iniciar um antibiótico e avaliar como está o esvaziamento da bexiga.

Sinais de alerta

O primeiro desafio, para Yamazaki, é o diagnóstico, já que a infecção urinária pode apresentar sintomas incomuns nos mais velhos, como dores abdominais não características, náuseas e até vômitos. “Nos idosos, raramente há febre nos sintomas urinários. A infecção pode ser manifestar na maioria das vezes com confusão mental, sonolência, diminuição do apetite, tornando o diagnóstico precoce mais difícil”, alerta o urologista.

Entretanto, isso não significa que os sintomas típicos não ocorram, mas sim, que os familiares devem estar atentos e não aguardar os sintomas como ardência e dor ao urinar, incontinência urinária, urina com odor, cor alterada ou com sangue e febre ocorrerem.

Medidas de prevenção

Buscando prevenir a infecção do trato urinário, Karin orienta que seja promovida uma boa saúde global, com a prevenção ou tratamento da diabetes, hipertensão, obesidade, problemas de próstata e neurológicos.

No caso de incontinência urinária, a médica indica que se verifique se a perda urinária ocorre por não esvaziar a bexiga adequadamente. E, se há uso de fraldas, que sejam trocadas com frequência, evitando contato prolongado com urina e fezes.

As medidas de prevenção são fundamentais, principalmente porque os idosos podem apresentar a infecção urinária de repetição, ou seja, que ocorre com frequência, podendo tornar as bactérias mais resistentes, prejudicando o tratamento.

Para prevenção, Yamazaki orienta:

  • Manter-se bem hidratado;
  • Evitar a retenção de urina na bexiga por muito tempo, incentivando o idoso a ir ao banheiro regularmente;
  • Observar as características da urina, como presença de odor forte, e sua quantidade média;
  • Evitar o uso de roupas íntimas muito apertadas ou que favoreçam umidade;
  • Fazer a higiene adequada da região íntima;
  • No caso do uso de fraldas geriátricas, trocá-las com frequência e manter a região sempre limpa;
  • Observar o comportamento do idoso, identificando possíveis sintomas;
  • Manter uma alimentação nutritiva, para fortalecer a imunidade.
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