Órgão regulatório norte-americano para medicamentos (FDA) emitiu alerta sobre o desafio de consumir altas doses do medicamento
Órgão regulatório norte-americano para medicamentos (FDA) emitiu alerta sobre o desafio de consumir altas doses do medicamento| Foto: Bigstock

Há um novo desafio nas redes sociais que tem levado os adolescentes a arriscarem a própria saúde e tem deixado os pais apavorados. O "desafio do Benadryl", nome comercial do medicamento antialérgico, instiga os jovens a tomarem altas doses da substância difenidramina, e depois se filmarem sob os efeitos alucinógenos que a medicação gera.

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Da "brincadeira", um hospital nos Estados Unidos atendeu três adolescentes com sintomas de intoxicação pela substância. Uma jovem, moradora do estado de Oklahoma, morreu. No fim de setembro, o órgão regulatório norte-americano para medicamentos e alimentos, FDA, emitiu um alerta sobre os riscos associados ao consumo excessivo da difenidramina.

"Consumidores, pais e cuidadores devem guardar a difenidramina e todos os outros medicamentos vendidos sem prescrição médica longe do alcance e vista das crianças. O FDA recomenda que tranque os medicamentos para evitar intoxicações acidentais por crianças e uso incorreto por adolescentes, especialmente por estarem mais em casa devido a pandemia da Covid-19 e estão mais propensos a experimentar", destaca o órgão no site.

O FDA destacou também que entrou em contato com o TikTok e que recomendou fortemente a retirada dos vídeos já postados na plataforma e maior vigilância nos vídeos futuros.

Efeitos colaterais

Por se tratar de um medicamento antialérgico de primeira geração, a difenidramina é capaz de ultrapassar a barreira hematoencefálica – estrutura que protege o sistema nervoso central, o cérebro. "Por isso que [o medicamento] causa tontura, sonolência, porque passa para o cérebro. Quanto maior a dose, maior a quantidade de efeitos colaterais", alerta Camilla Cristina Pereira, médica pediatra, pós-graduada em Alergia e Imunologia, que atua no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, na Clinipam e na Plunes Centro Médico, em Curitiba.

Altas doses da medicação podem levar a alucinações, desmaio, dificuldade para respirar, convulsões, problemas no rim e no fígado, além de uma destruição da musculatura, que leva à liberação de toxinas na corrente sanguínea, e pode gerar lesões renais. "Uma dose muito alta pode fazer uma intoxicação aguda, pode levar a vários danos. O uso prolongado aumento o risco de fazer a rabdomiólise [lesão da musculatura esquelética], mas é mais rara. Provavelmente a jovem que veio a óbito deve ter tido um rebaixamento de consciência e parada respiratória", explica a médica.

Os riscos são significativos e, na pediatria, a medicação tem sido usada mais em ambiente hospitalar, de forma intramuscular, em casos de urticária aguda, por exemplo. "A bula traz a dose a ideal para o peso e a idade do paciente, mas na consulta sempre calculamos com o peso atual, a posologia, de quantas em quantas horas deve tomar e por quanto tempo. Por isso é importante a avaliação médica", destaca a especialista.

Vigilância

A médica alerta ainda para uma maior vigilância dos pais, especialmente durante a pandemia. "As informações que os jovens têm acesso pelo celular, redes sociais, chegam muito rápido e nem sempre estão completas. Adolescentes não têm noção da seriedade disso tudo, porque são jovens, não têm conhecimento. É sempre importante manter os medicamentos longe do alcance das crianças e do adolescente", destaca.

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