Desenvolvida pela empresa Bharat Biotech, a vacina Covaxin usa tecnologia clássica, a do virus inativado, igual a Coronavac
Desenvolvida pela empresa Bharat Biotech, a vacina Covaxin usa tecnologia clássica, a do virus inativado, igual a Coronavac| Foto: Bharat Biotech/Divulgação

Com o anúncio da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas, que representa centenas de clínicas privadas no país, de que deverá negociar a compra de cinco milhões de doses da Covaxin, a vacina, produzida pela desenvolvedora Bharat Biotech em parceria com o Conselho Indiano de Pesquisa Médica (ICMR), ganhou destaque. No sábado (2), o imunizante recebeu a recomendação de uso emergencial na Índia, onde vem sendo produzido e testado.

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Se aprovada pela Anvisa, a vacina poderá estar disponível à população brasileira em meados de março, de acordo com estimativas da associação. Nesta segunda-feira (4), após o anúncio da entidade, o Ministério da Saúde alertou que as clínicas particulares, ainda que ofereçam uma vacina à parte, deverão seguir o plano de imunização da pasta, dando prioridade aos grupos de risco, como idosos e profissionais da saúde.

Ainda segundo o plano nacional de imunização, o Ministério destaca que foi firmado um memorando de entendimento, não vinculante, com a Bharat Biotech. O documento destaca também que foram solicitadas informações sobre preços, estimativa e cronograma de disponibilização das doses, além dos dados dos testes clínicos de fase 1, 2 e 3.

Estratégia clássica

A estratégia usada pela vacina Covaxin para prevenir a Covid-19 é clássica na produção de imunizantes. Trata-se do tipo de vírus inativado, ou "morto", segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Vacinas como a da gripe, raiva e hepatite A usam a mesma abordagem.

Das vacinas contra a Covid-19, a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan e pela empresa chinesa Sinovac, também recorre ao vírus inativado como estratégia.

Esse tipo de ação utiliza o novo coronavírus inteiro, mas em uma versão incapaz de causar a doença. Para isso, os pesquisadores produzem quantidades significativas do vírus em laboratórios de alta segurança e, na sequência, os "matam", ou inativam, por meio de processos físico-químicos, seja pelo calor ou por substâncias químicas.

Ao receber esse vírus inativado, o sistema imunológico "aprende" não apenas a reconhecê-lo, mas a combatê-lo, para quando entrar em contato com uma versão "real". O regime de aplicação da Covaxin, também conhecido por BBV152, é de duas doses com um intervalo de 14 dias entre elas.

Armazenamento

Como a estratégia vacinal é clássica na produção dos imunizantes, é sabido que o armazenamento da Covaxin também tende a ser mais fácil, em temperaturas que variam de 2 graus Celsius a 8 graus Celsius.

De acordo com informações da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas, a projeção é de que a Covaxin tenha uma validade contra a Covid-19 de 24 meses, ou dois anos. Eles também estimam que seja lançada ao mercado em fevereiro.

Eficácia em dúvida

Segundo a OMS, os estudos clínicos da Covaxin ainda estão na fase 3 — quando o imunizante é aplicado em milhares de voluntários e a eficácia, além da segurança, é constatada —, iniciada em novembro. Os estudos clínicos de fase 3 englobam 23 mil voluntários, com a expectativa de ampliar a 26 mil, em 22 centros de pesquisa na Índia.

Ainda não foram divulgados os resultados de eficácia até a segunda-feira (4), embora a vacina tenha recebido a aprovação emergencial do governo indiano. Os resultados das fases anteriores também não foram publicados em revistas científicas, apesar de os artigos terem sido aceitos para publicação, de acordo com comunicado da Bharat Biotech.

Em uma plataforma de publicação de artigos que ainda não passaram pela revisão de outros pesquisadores, a MedRxiv, os desenvolvedores da Covaxin destacam que a vacina apresentou uma segurança "tolerável" na fase 1 dos testes clínicos, e produziu altos níveis de anticorpos neutralizantes.

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