Não há cura para a DRC, a progressão dela é lenta, permitindo que o organismo se adapte a perda da função renal.
Não há cura para a DRC, a progressão dela é lenta, permitindo que o organismo se adapte a perda da função renal.| Foto: Bigstock

A diminuição lenta e progressiva das funções dos rins, que pode levar de meses a anos, chamada de insuficiência ou doença renal crônica (DRC), tem como condições prévias mais comuns a diabete e a hipertensão arterial e, em números menores, a nefrite (inflamação dos rins), cistos hereditários, doenças de vias urinárias que obstruem os rins e doenças congênitas.

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Atingindo uma a cada dez pessoas no mundo, a DRC causa pelo menos 2,4 milhões de mortes ao ano e fez com que 2,6 milhões de pacientes estivessem em diálise em 2010, com estimativa de que esse número chegue a 5,4 milhões em 2030, em todo o mundo. “De 2005 a 2019, o número de pacientes em diálise crônica no Brasil mais que dobrou (de 65 mil para 139 mil), segundo o censo realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia”, cita Luciana Soares Percegona, chefe do Serviço de Nefrologia e Transplante Renal do Hospital São Vicente Curitiba. Saiba mais com a especialista sobre a doença, como preveni-la e também se há como evitar seu avanço:

Para quais condições ligadas ao rim as pessoas deveriam estar mais atentas?

É necessário que se preste atenção a alguns sinais, como a noctúria (necessidade de se levantar várias vezes à noite para urinar), alteração no volume, presença de espuma ou alteração da cor da urina, edema palpebral, nos tornozelos e pés, principalmente pela manhã, fraqueza, perda do apetite, náuseas e vômitos.

Como é feito o diagnóstico da doença renal crônica?

Fazer o diagnóstico precoce é fundamental para evitar a progressão da DRC e isso se faz por meio de exames simples de laboratório, como a dosagem de creatinina e um parcial de urina e uma ecografia dos rins. Feito o diagnóstico, é importante o acompanhamento com o nefrologista, que é o médico especialista em doenças renais.

Quem deve fazer essa avaliação periódica dos rins?

Todos os hipertensos, diabéticos, idosos acima de 65 anos, obesos, tabagistas, pessoas com doenças cardiovasculares (infarto, acidente vascular cerebral, insuficiência vascular periférica), e também pacientes com familiares com DRC terminal ou dislipidemia. 

Quando o funcionamento dos rins é prejudicado ele pode ser recuperado? 

Não há cura para a DRC. A progressão dela é lenta, permitindo que o organismo se adapte a perda da função renal e, em muitos casos, os sintomas só aconteçam em um estágio avançado, portanto, a melhor estratégia é a prevenção. Quando necessária, em casos avançados de DRC, isso é, quando a taxa de filtração glomerular está abaixo de 15ml/min, a terapia renal substitutiva (hemodiálise ou diálise peritoneal) é indicada. Nesses casos, também está indicado o transplante renal, com doadores vivos ou falecidos.

Como as pessoas podem prevenir problemas renais?

É necessário controlar adequadamente a hipertensão arterial e o diabetes, que são as principais causas de DRC. Manter uma dieta equilibrada, evitando o excesso de sal, de carne vermelha e de gordura, eliminar hábitos como o tabagismo, limitar a ingestão de bebidas alcoólicas, praticar exercícios físicos regularmente, reduzir o peso e ter cautela em relação ao uso de alguns medicamentos, além de fazer acompanhamento médico regular também são ações fundamentais para evitar a progressão para o estágio final da DRC.

Há predisposições genéticas ou hereditárias a desenvolver condições relacionadas a rins?

A associação entre DRC terminal e história familiar de nefropatia já é bem descrita entre familiares de primeiro e segundo grau. Um estudo do fim da década de 1980 mostrou uma prevalência de DRC em familiares de pacientes em diálise de 26% comparados com 11% da comunidade geral. Também há doenças genéticas que levam à DRC, a mais comum é a doença renal policística.

Além de condições crônicas, há doenças agudas que podem prejudicar de forma irreversível a saúde dos rins? 

A insuficiência renal aguda ou lesão renal aguda (LRA) é a perda súbita (ao longo de algumas horas ou mais lentamente, durante alguns dias) das funções dos rins e é comum em pacientes que estão no hospital com alguma outra condição. Ela pode ser fatal e requer tratamento intensivo. No entanto, pode ser reversível, tudo dependerá do estado de saúde do paciente. A recuperação da função renal pode levar vários dias a semanas e, às vezes, até depois da alta hospitalar.

A infecção urinária de repetição pode resultar em prejuízos aos rins?

A infecção urinária tem níveis diferentes de gravidade, pode atingir a uretra, bexiga, ureteres e rins. Quando atinge o trato urinário baixo (bexiga e uretra), geralmente é desconfortável devido aos sintomas e não há febre. Se não tratada adequadamente, pode evoluir para infecção nos rins, que é mais grave e cursa com febre. Se a infecção atinge o trato urinário superior, ou seja, os rins, recebe o nome de pielonefrite. A pielonefrite é uma inflamação infecciosa que acomete o parênquima renal. Quando não tratada adequadamente, pode lesionar as estruturas funcionais do rim presentes no parênquima renal, levando à DRC.
A infecção urinária de repetição é comum em cerca de 25% das pacientes que sofrem uma infecção no trato urinário. Mulheres entre 20 e 40 anos e grávidas são as mais afetadas. Já os homens sofrem com a doença na infância e depois dos 55 anos. O importante é a identificação do agente causal (bactéria) e o uso correto do antibiótico.

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