A pandemia impactou a saúde emocional das crianças e adolescentes, mas as brincadeiras ao ar livre podem devolver seu bem-estar.
A pandemia impactou a saúde emocional das crianças e adolescentes, mas as brincadeiras ao ar livre podem devolver seu bem-estar.| Foto: Bigstock

Depois de meses longe dos colegas e privados das poucas oportunidades que tinham de brincar ao ar livre, crianças e adolescentes sentiram o impacto da Covid-19 na saúde mental e precisam retomar o contato com a natureza para garantir seu bem-estar. “Precisamos fomentar de forma urgente o acesso ao brincar e ao convívio social ao ar livre – sem aglomerações e usando máscaras – para mitigar o impacto que a pandemia causou nessa geração de crianças e adolescentes”, afirma o pediatra Ricardo Ghelman.

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Pesquisador e membro do Grupo de Trabalho Saúde e Natureza da Sociedade Brasileira de Pediatria, ele afirma que o contato com grama, areia, terra, árvores e flores pode reduzir problemas de comportamento e proteger a saúde emocional dos mais jovens neste momento de retomada. “Principalmente diante dos dados alarmantes que temos acompanhado”.

Segundo uma Nota de Alerta emitida pela SBP em outubro de 2021, por exemplo, o número de crianças e adolescentes com depressão e ansiedade dobrou em comparação às taxas pré-pandêmicas em todo o mundo. Além disso, um em cada quatro bebês brasileiros de até 3 anos voltaram a ter comportamentos que tinham quando eram mais novos, crianças apresentaram déficit no desenvolvimento da expressão oral e corporal, e quase metade dos adolescentes (48,7%) está sentindo preocupação, nervosismo ou mau humor com frequência.

Por isso, a nota incentiva famílias e escolas a realizarem atividades de lazer e convívio social em espaços abertos, ao ar livre e com elementos da natureza por, pelo menos, uma hora por dia. Lembrando que “o direito ao brincar e conviver do lado de fora, em contato com a natureza, está fundamentado em marcos legais ligados à infância e é reconhecido pela SBP como prioridade”, descreve o comunicado.

De acordo com a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, isso é necessário porque o contato com a natureza favorece a saúde física e mental ao reduzir o estresse, ajudar no controle de doenças crônicas e evitar problemas como Transtorno do Déficit de Atenção, hiperatividade, miopia e até obesidade infantil. “Sem contar que favorece o desenvolvimento neuropsicomotor”, aponta a especialista, citando que as crianças expandem seu vocabulário e conquistam novas etapas de desenvolvimento em ambientes diferentes como parques, praias, fazendas e trilhas.

“Basta olhar um bebê acostumado com o chão plano de um apartamento e que desenvolve outras habilidades quando anda em um terreno natural, que é irregular”, exemplifica, ao comentar que as crianças também aprendem novos sons, nomes, texturas, cores e cheiros em meio à natureza. “Brincar ao ar livre traz conhecimento de mundo e torna as crianças mais criativas, autônomas, ativas e felizes”, finaliza a especialista, que sugere seis atividades ao ar livre para divertir e estimular crianças e adolescentes. Veja quais são:

  1. Amarelinha

    Pular casinhas até chegar ao “céu” parece simples, mas para os pequenos é diversão que estimula o equilíbrio. Para brincar, basta desenhar as casinhas numeradas na areia, cimento ou asfalto, jogar a pedrinha e pular sem encostar na linha. Vamos tentar?
  2. Brincadeira do Tarzan 

    Essa é uma brincadeira muito divertida e simples de fazer. Bastar amarrar uma corda em um galho seguro de uma árvore para que a criança possa se segurar na ponta dela e, com a supervisão de um adulto, se balançar de um lado para o outro, igual o personagem de ficção Tarzan.
  3. Corda de malabarista 

    Inspirada nas atividades de arvorismo, essa brincadeira precisa que o adulto amarre duas cordas em árvores distantes uma da outra. A primeira corda deve ficar à altura aproximada de um palmo do chão, enquanto a segunda deve estar acima da cabeça da criança para que ela apoie os pés na corda inferior e se segure com as mãos na superior, caminhando pela corda, entre as árvores.
  4. Bilboquê

    O tradicional brinquedo que desafia a coordenação motora é uma das opções mais simples de reaproveitamento de plástico e também contribui para o desenvolvimento infantil. Basta o adulto cortar uma garrafa grande de refrigerante para que ela fique com formato de uma taça. Depois, é necessário separar um pedaço de 30 centímetros de barbante para amarrar uma das pontas no bocal da garrafa e a outra ponta na tampinha. Agora é só encaixar a tampa movimentando apenas o suporte, sem soltá-lo e sem usar a outra mão. Você consegue?
  5. Empinar pipa

    Fazer sua própria pipa e vê-la voando deixa adultos e crianças felizes. Além disso, a brincadeira estimula a criatividade quando o adulto incentiva e auxilia a criança a fazer sua própria pipa, à mão. Mas, para que a brincadeira seja segura, ela deve ser feita em um local bem aberto, como um parque.
  6. Bolhas de sabão

    Por fim, a última atividade da lista é uma maneira divertida de explorar espaços. Basta misturar duas colheres de sabonete líquido, shampoo ou detergente neutro com aproximadamente oito colheres de água. E a dica para deixar as bolhas ainda mais resistentes é adicionar açúcar, amido de milho ou xarope de milho à mistura. Já para a varinha, você pode usar um pedaço de arame ou até um canudo, e pronto! Solte sua imaginação!
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