Prevalência dos sintomas da Covid-19 varia, conforme mostram estudos da China
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O Ministério da Saúde divulgou nesta quinta-feira (2) os resultados do maior estudo epidemiológico do mundo sobre o novo coronavírus em número de pessoas testadas e em abrangência geográfica, com 133 das cidades mais populosas do Brasil. A pesquisa foi dividida em três fases:

  • De 14 a 21 de maio;
  • De 4 a 7 de junho;
  • De 21 a 24 de junho.

Foram sorteadas 89.397 pessoas para que fizessem o teste chamado Wondfo, que verifica a presença de anticorpos (e não a infecção ativa). Ou seja, o teste avalia se a pessoa teve ou não contato com o novo coronavírus, mas não identifica a presença do vírus no momento do exame.

O crescimento no número de infectados da primeira para a segunda fase foi de 53%, já da segunda para a terceira fase foi menor, de 23%. “Se fosse uma corrida de Fórmula 1, éramos o carro acelerando na pista e, felizmente, na segunda fase, o Brasil desacelerou”, diz Pedro Hallal, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), uma das consorciadas responsáveis pela pesquisa.

Entre os pontos mais importantes assinalados por Hallal, a pesquisa mostra que há muito mais indivíduos sintomáticos leves do que assintomáticos - dado que vai contra o até então divulgado de que até 85% dos infectados poderiam ser assintomáticos.

"Se for usar o termo assintomático, o contingente é só de 9%, mas o número tem que ser considerado com cuidado: isso não quer dizer que 91% das pessoas, sintomáticas, precisarão de atendimento hospitalar, mas que os sintomas da Covid-19 aparecem e isso é boa notícia para desenvolver protocolos, tentar identificar pessoas sintomáticas e, com isso, tentar impedir a expansão da doença", diz ele. "'É importante parar de dizer que a maioria infectada é de assintomáticos, esta informação não se confirma", diz.

Sintomas mais frequentes

Entre os sintomas mais encontrados na pesquisa entre testados positivos estão alteração de olfato/paladar, em 63% dos casos, seguido de dor de cabeça (62%), tosse (56%), febre (53%), dores no corpo (52%) e dor na garganta (35%).

Letalidade

Outro dado a que a pesquisa chegou foi o índice de letalidade da doença, de 1 para cada 100 testados positivos. "Baseado em dados reais e não em projeções matemáticas, tenho bastante confiança neste número e acredito que seja muito sólido", diz Hallal.

Crianças também pegam

Outra informação largamente difundida parece não ter se confirmado pela pesquisa, que mostra que criança e adolescente pega o novo coronavírus tanto quanto adultos e idosos. "Existe uma flutuação amostral, mas olhando os índices constantemente, vê-se que crianças e adultos pegam o novo vírus tanto quanto os adultos, claro que com menos gravidade", afirma Hallal. Ele disse que, pela pesquisa, não dá para saber se crianças e adolescentes transmitem menos o vírus.

Transmissão intrafamiliar

A transmissão dentro da própria família também foi testada na pesquisa e difere um pouco da literatura, diz Hallal, que explica que foram testadas pessoas que moravam na mesma casa de pessoas com teste positivo. "Encontramos que 39% das pessoas que moram com infectados tiveram resultado positivo, acima do que a literatura vem apontando, que é em torno de20%-25%. Este número faz sentido do ponto de vista científico, pois no Brasil as aglomerações são maiores, com mais pessoas morando juntas, o que aumenta o contágio intra-familiar", diz ele.

Seis vezes mais

Segundo dados da pesquisa, pode haver uma diferença de seis vezes no número de pessoas já infectadas, ou seja, com anticorpos, em relação aos casos notificados, pelo menos nas 133 cidades pesquisadas. " Pode haver um número maior de gente com anticorpos, o que é normal até pela definição de casos confirmados, mas isso significa que tem um número maior, mas se são 6, 8 ou 10 milhões de pessoas, isso depende da avaliação de outras cidades", diz ele.

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