Foto: Reprodução/TV TEM
Foto: Reprodução/TV TEM| Foto:

Acostumado a lidar com crimes e acidentes de trânsito no interior de São Paulo, o policial militar André Gustavo Ferreira sabia bem como abordar os envolvidos e realizar seu trabalho representando a PM. No entanto, assim que viu um motorista de ônibus chorando dentro do veículo após uma grave colisão na cidade de Bauru, o cabo decidiu deixar todo o protocolo e autoridade de lado para consolar o homem. “Minha primeira reação foi abraçá-lo, bem forte”, relatou. “Me coloquei no lugar dele, imaginando tudo o que estava sentindo“.

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O longo abraço durou alguns minutos e emocionou dezenas de pessoas no último dia 18 de novembro, na região central do município de Bauru. No local, uma mulher de 31 anos que estava na garupa de uma moto havia caído embaixo do coletivo em movimento e não foi possível evitar o atropelamento. “Quando cheguei, a médica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) havia acabado de constatar o óbito”, relatou Ferreira em entrevista ao Sempre Família.

Diante da situação, ele iniciou rapidamente o procedimento padrão da PM para casos como aquele e procurou os condutores da moto e do coletivo enquanto profissionais do Corpo de Bombeiros cobriam o corpo. “Foi quando vi o motorista sentado no interior do ônibus, no assoalho, chorando desesperado”, lembra o policial, que se comoveu com a situação. “Nós somos treinados para sermos fortes e imparciais, mas não somos de ferro. Temos coração debaixo de nossa armadura e ver algo assim também dói”.

“Nós, policiais, somos treinados para sermos fortes e imparciais, mas não somos de ferro. Temos coração debaixo de nossa armadura e ver algo assim também dói em nós”.

Por isso, Ferreira dispersou alguns curiosos do local e pediu que o homem descesse do ônibus para consolá-lo. “Quando eu o abracei, ele continuou chorando, dizendo algumas coisas sobre o ocorrido”, recorda. “E eu somente o apertei bem contra meu peito e disse algumas palavras da Bíblia que vieram ao meu coração”.

Ainda de acordo com o PM, seu pai também havia presenciado um atropelamento fatal há alguns anos e sofrido muito com a lembrança. Então, ele tentou mostrar ao motorista Rogério Antônio Souza que tudo ficaria bem, independentemente das circunstâncias, e que estava ali para ajudá-lo naquele momento. “O abraço foi a ferramenta que Deus me proporcionou”, diz.E o Rogério foi se acalmando após alguns minutos abraçado comigo”.  

Foto: Arquivo pessoal/André Ferreira André Gustavo Ferreira é casado há 15 anos, tem dois filhos e atua como PM há duas décadas. Foto: Arquivo pessoal/André Gustavo Ferreira

Atitude viral

A ação comovente do policial fardado foi registrada por um cinegrafista da rede TV TEM — afiliada à Rede Globo — ­ e a imagem foi publicada e compartilhada milhares de vezes nas redes sociais. “Realmente me assustei com a repercussão do fato. Foi um flagrante da televisão que viralizou muito rápido”, comentou ele após receber centenas de mensagens de apoio e ler todas elas. “Isso apenas confirma que nossa sociedade precisa de mais amor”, disse.

Por isso, ele espera que todos que virem a imagem prestem mais atenção às pessoas ao redor e também usem o abraço como forma de aproximação. “Vamos nos abraçar mais e expressar mais gratidão pela vida do próximo para termos uma sociedade mais viva, sincera e de respeito mútuo”, pediu. Afinal, “temos observado que isso tem se tornado cada vez mais raro nos dias de hoje” e “precisamos nos ajudar mais”.

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